Política | 6 de setembro de 2016

Candidatos à prefeitura de Porto Alegre recebem Dossiê da Saúde

Evento promovido pelo SIMERS foi realizado dia 5 de setembro
Candidatos à prefeitura de Porto Alegre recebem Dossiê da Saúde1

Na manhã do dia 5 de setembro, o Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (SIMERS) promoveu um encontro com os candidatos à prefeitura de Porto Alegre. O projeto Desejos para a Saúde entregou, para cada candidato, um dossiê sobre a saúde da Capital, e também foi realizado um debate, com perguntas sorteadas.

O aumento da rede de leitos do Sistema Único da Saúde (SUS) foi apontado como anseio mais votado na Campanha Desejos para a Saúde, plataforma digital inédita lançada pelo SIMERS para captar as demandas da população. Moradores da Capital e dos demais municípios (476) do Estado participaram e elegeram seus anseios. Mais de 145 mil votos foram computados entre 21 de julho e 30 de agosto pela plataforma.

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No início da atividade, realizada no Hotel Deville, foi contextualizada a situação sócio-econômica do Estado, esclarecendo que 8,7% da população gaúcha está desempregada, grande parte dos recursos do RS são destinados ao pagamento da dívida pública. Só 6,4% do orçamento vai para a saúde. Em torno de 73% das internações do SUS é realizado pela rede hospitalar privada, sendo que seis mil empregados já foram demitidos das instituições filantrópicas e 60% destes estabelecimentos têm dívidas para com médicos.

A crise econômica atual tem determinado que pessoas, até então atendidas pela saúde suplementar, ingressem nas filas do SUS. Em Porto Alegre, os dados revelam que os três maiores problemas apontados pela população são: necessidade de aumento dos leitos; mais agilidade no atendimento ao paciente; e qualificação da infra-estrutura da saúde pública.

O Simers ressaltou que a Capital perdeu 431 leitos entre julho de 2015 e julho de 2016. Outros problemas destacados se referem ao atendimento da saúde mental, com poucos leitos disponíveis para internação; a violência que ocorre nos postos de atendimento, onde se constata que 73% dos locais não têm guarda.

De maneira especial, o Sindicato salienta a necessidade de implantação de um plano de carreira médica, com um sistema de valorização dos profissionais.

Os candidatos responderam questões pertinentes à área da saúde em relação à Proposta de Emenda Constitucional 241, que reduzirá os recursos para a saúde; sobre a rede básica de atenção à saúde e às equipes de saúde da família; programas de telessaúde; e o programa “Melhore em Casa”; a regulação de leitos,; melhoria na gestão do Programa Mais Médicos; plano de carreira médica; recursos para a saúde; SAMU; reajuste na tabela SUS; segurança nas unidades de saúde; entre outros.

Ao final do evento, o diretor executivo da Fehosul, médico Flávio Borges, elogiou o SIMERS pela promoção e organização do debate, e se mostrou parcialmente surpreso. “Os candidatos apontaram como elementos para resolver a falta de leitos, a reativação do Hospital Porto Alegre e do Hospital Parque Belém. As duas instituições que passam por dificuldades, não tiveram atenção suficiente dos gestores, e agora surgem como solução e bandeira de campanha”, considerou.

Os candidatos concordaram que os recursos são insuficientes, embora Porto Alegre aplique 21% na área de saúde, mas que a participação do Estado e da União são imprescindíveis para a complementação de recursos. Participaram do evento, os candidatos Sebastião Melo (PMDB), Luciana Genro (PSOL), Raul Pont (PT), Nelson Marchezan (PSDB), Maurício Dziedricki (PTB), Fábio Ostermann (PSL) e João Carlos Rodrigues (PMN).

A vice-presidente do SIMERS, Maria Rita de Assis Brasil, declarou que a campanha Desejos para a Saúde estabeleceu “um canal direto com as pessoas. Agora vamos buscar as melhorias”. Ela lembra que as demandas da população “coincidem com o que os médicos já vêm apontando”. O dossiê da saúde aponta um conjunto de temas que mais preocupam os porto-alegrenses. Os números indicam o seguinte:

·         Aumento nos leitos em unidades de saúde pública: 10,76%

·         Agilidade no atendimento: 10,10%

·         Melhor infraestrutura na saúde pública: 9,76%

·         Agilidade para realização de procedimentos: 9,05%

·         Valorização dos profissionais de saúde pública: 8,91%

·         Medicamentos para a população: 8,07%

·         Melhoria na segurança nas unidades de saúde: 7,58%

·         Aumento nas unidades de saúde pública: 6,52%

·         Disponibilidade de especialistas no SUS: 5,84%

·         Agilidade para realização de exames: 5,50%

·         Melhores condições de trabalho para os profissionais do SUS: 5%

·         Contratação de mais profissionais para o SUS: 4,76%

·         Melhoria na estrutura de atendimento para saúde mental: 3,45%

·         Melhora no atendimento e cobertura dos convênios médicos: 2,05%

·         Aumento da frota de ambulâncias: 1,47%

·         Melhor estrutura de apoio aos familiares de pacientes: 1,19%

Os principais problemas em Porto Alegre

Leitos: O levantamento apontou que foram suprimidos 431 leitos entre julho de 2015 e julho de 2016. Além da redução de 280 leitos, mostrada pelo Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), do Ministério da Saúde, no período, o SIMERS contabilizou mais 151 vagas do Hospital Parque Belém que aparecem como ativas no sistema federal, mas na prática não são ofertadas.

Números: eram 5.557 leitos pelo SUS em julho de 2015, que passaram a 5.277 em julho 2016 (CNES), queda de 5%. Ao retirar os 151 leitos do Parque Belém, o número de leitos cai a 5.126, ou -7,7%. Hospitais que cortaram vagas: Santa Casa de Misericórdia (232 leitos,-28%), e Hospital Beneficência Portuguesa (38 leitos, -34,5%).

Outros problemas apontados no dossiê:

 – Unidades de Estratégia de Saúde da Família: cobertura de 48,59% da população.

 – Atendimentos em Pronto Atendimento: mais de 70% das consultas não são de urgência e poderiam ser resolvidas em postos.

 – Informatização: problemas técnicos, falta de atualização do sistema e falta de rede conectada com central para agendamento.

 – 28 mil pessoas esperam consultas com especialistas: Ortopedia, Oftalmologia, Neurologia e Otorrinolaringologia são as mais requisitadas.

 – Vistorias do SIMERS apontam principais problemas nos postos: número insuficiente de médicos (58%), falta medicamentos (51%), móveis deteriorados e espaço físico pequeno (55%), ventilação precária (100%), sem vacinação por falta de geladeira (67%), presença de animais e insetos – ratos, pulgas, mosquitos e baratas (77%) e infiltração (89%).

 – Saúde mental: leitos e serviços ambulatoriais insuficientes, pacientes ficam em colchonetes no chão em emergências, em afronta aos direitos humanos.

 – Segurança: ocorrências crescem 115% em 2015, chegando a 22 casos. Em 2016, até fim de agosto, foram 11 casos, com violência crescente.

 – Carreira médica: falta de plano de carreira que garanta valorização dos profissionais. Medidas vão de proporcionalidade na remuneração por jornada (20h, 30h e 40h), pagamento de insalubridade a todos os médicos e condições de trabalho.

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