Estatísticas e Análises | 23 de fevereiro de 2024

Câncer infantojuvenil requer atenção redobrada a sintomas persistentes

De acordo com o Dr. Gregianin, na maioria dos casos de câncer infantojuvenil não é possível identificar uma relação causal.
Câncer infantojuvenil requer atenção redobrada a sintomas persistentes

O câncer infantojuvenil pode ser mais agressivo e evoluir mais rápido do que em adultos porque o diagnóstico precoce é mais difícil. O oncologista Lauro Gregianin, da Oncoclínicas&Co no RS, explica que a manifestação inicial dos sintomas e sinais usualmente se assemelha aos observados pelas doenças comuns desta idade e o diagnóstico precoce acaba sendo ofuscado por este aspecto. “Entretanto, se estes sinais ou sintomas persistirem ou adquirirem características que não seguem o padrão esperado, há a obrigação de desencadear uma investigação mais detalhada e somente desta forma irá diagnosticar mais precocemente”, considera o oncologista.


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Dr. Gregianin salienta que os pais devem estar sempre atentos aos sintomas e sinais clínicos de qualquer natureza e, quando apresentarem um comportamento diferente do esperado, ou mais agressivo do que habitualmente eles têm percebido, devem imediatamente procurar um atendimento para esclarecer suas dúvidas. “Na sua fase inicial, as neoplasias determinam sinais e sintomas muito parecidos com doenças comuns desta idade, o que certamente confunde não somente os profissionais de saúde, mas também os pais”, alerta.


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O oncologista lembra que em casos de  pacientes com leucemia na infância, o relato dos pais inicia com a descrição de inapetência, palidez, indisposição para brincar e às vezes febre. Após alguns dias, referem o surgimento de manchas roxas pelo corpo, ou presença de sangramentos puntiformes (petéquias). Outro exemplo clássico é a queixa de dor de cabeça associada a náuseas ou vômitos, que se intensificam nos dias subsequentes. Esta apresentação costuma ser a manifestação inicial de doenças no sistema nervoso central.


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A leucemia é a principal neoplasia, responsável por aproximadamente 1/5 dos casos. Incide principalmente em crianças com idade entre quatro e cinco anos, sendo mais comum entre meninos. Já os tumores do sistema nervoso central compreendem o segundo mais frequente. “Neste caso, estamos nos referindo a uma lista de diversos tumores que incidem nesta localização, entre eles se destaca o meduloblastoma e os gliomas, ambos no cérebro, como sendo os mais frequentes”, relata. Os linfomas representam a terceira neoplasia mais incidente. Existem dois subtipos, o linfoma não-Hodgkin e o linfoma de Hodgkin, que apresentam peculiaridades clínicas e idade de ocorrências diferentes.

Causas

De acordo com o Dr. Gregianin, na maioria dos casos de câncer infantojuvenil não é possível identificar uma relação causal. A predisposição genética está associada a menos de 10% dos casos. Ele salienta, porém, que devido à disponibilidade de exames mais elaborados, tem sido possível identificar alterações hereditárias que determinam maior predisposição ao desenvolvimento de neoplasias, não somente no paciente, mas também no seu grupo familiar. A identificação destas alterações, mesmo em indivíduos que não têm câncer, é relevante para a orientação de seguimento com exames de rotina específicos.

Os índices de cura estão ao redor de 80% quando tratado em centros especializados, com habilitação para atendimento de crianças e adolescentes com câncer. “Este percentual é uma média entre as diferentes neoplasias. Algumas apresentam um prognóstico muito favorável que beiram os 100%, enquanto aquelas que geralmente são disseminadas e com caráter biologicamente mais agressivo, o prognóstico é bem inferior”, informa o oncologista. Ele acrescenta que, recentemente, a incorporação de imunoterapia e outras drogas que atuam diretamente sobre o alvo molecular têm proporcionado resultados muito satisfatórios.

Embora a grande maioria dos casos não seja possível prevenir, pois não se conhece o fator causal, o diagnóstico precoce acaba sendo uma das principais estratégias no início do combate do câncer infantojuvenil. “Outro aspecto relevante para aumentar a sobrevida é que estes pacientes sejam atendidos em centros capacitados. A abordagem na população pediátrica tem peculiaridades que são importantes de serem consideradas”, enfatiza.



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