Gestão e Qualidade | 15 de maio de 2015

Benefícios de conselhos de administração heterogêneos

Segundo pesquisa, sexo feminino ainda tem pouco espaço entre os altos cargos
Benefícios de conselhos de administração heterogêneos

De acordo com uma pesquisa da American Hospital Association’s (AHA), embora os últimos anos tenham mostrado mudanças no sistema de saúde norte-americano, um fato permanece igual: as mulheres ainda têm pouco espaço entre altos cargos nos sistemas de saúde, especificamente em conselhos de administração.

Conselhos de administração são responsáveis por orientar, controlar, fiscalizar e deliberar sobre o planejamento estratégico das organizações, das decisões e do rumo que impacta no futuro.

As mulheres ocupam apenas 28% desse estrato, enquanto o quadro geral da força de trabalho em saúde é constituído por 80% por profissionais do sexo feminino. “A boa governança não é representacional, mas deve ser inclusiva”, destacou Jane Jeffries, editora da Trusteemag, revista especializada em assuntos estratégicos do mercado da saúde, no texto intitulado “Women Underrepresented in Hospital and Health System Boards”.

De acordo com publicação, a justificativa para a adição de mais mulheres à altos cargos não é simplesmente bom senso, mas uma questão de inclusão. Uma investigação sobre os conselhos de administração da Noruega, que tem uma quota obrigatória de 40% de mulheres, revela que os órgãos funcionam melhor com a presença feminina.

Em um recente artigo da Harvard Business Review, as consequências da diversidade de gênero dentro da gestão apresentaram os seguintes benefícios:

1 O reforço do diálogo;

2 Melhor tomada de decisão e valorização da divergência de opiniões;

3 Redução mais eficaz de riscos e uma melhor gestão de crises;

4  Melhor monitoração da qualidade e na orientação da gestão;

5 Mudanças positivas no ambiente e no envolvimento profissional em reuniões;

6 Trabalho mais ordenado e sistemático;

7 Mudanças positivas no comportamento dos homens.

Tais fatores são de muito valor para gestores. No entanto, não são produtos ou ferramentas que possam ser comprados, só estão disponíveis através do trabalho duro e de médio a longo prazo, analisa a profissional. É preciso focar além do óbvio e tradicional na hora de buscar novos líderes. Como conclui Jane Jeffries, é preciso “abraçar a mudança”.

Além da Noruega, outros países europeus como Espanha, França, Finlândia, Holanda e Itália seguiram pelo caminho das cotas, criando regulamentações para diminuir as desigualdades de sexo. O mais recente país a aprovar medida neste sentido foi a Alemanha, regulamentando a obrigatoriedade de as empresas terem até 30% do seu corpo deliberativo formado por profissionais do sexo feminino.

No Brasil, o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), lançou em 2009 um documento chamado Carta de Opinião – Cotas para mulheres em conselhos de administração, na qual destaca que “com a participação de homens e mulheres é favorecida a diversidade de comportamentos, já que há padrões mais comuns entre um e outro grupo, resultantes das interações entre aspectos genéticos e estruturas socioculturais. Além disso, uma escolha realizada apenas (ou preferencialmente) entre os profissionais homens pode deixar de fora número expressivo de boas candidatas com a qualificação necessária.” O IBGC defende – no material publicado – outros caminhos que não as cotas como forma de equilibrar a presença de mulheres nos cargos mais importantes, como treinamentos e políticas de incentivo interno.

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