Gestão e Qualidade | 17 de agosto de 2021

As estratégias diante do aumento da incidência das lesões por pressão no contexto da pandemia

Instituição hospitalar de Passo Fundo (RS) possui ambulatório próprio chamado Grupo de Pele
As estratégias diante do aumento da incidência das lesões por pressão no contexto da pandemia

As lesões por pressão são feridas que aparecem na pele de pessoas que permanecem muito tempo na mesma posição, geralmente acamadas ou com mobilidade reduzida. Essas lesões ocorrem devido à pressão constante em pontos com proeminências ósseas que ficam em contato com a superfície, como, por exemplo, a cama ou a cadeira de rodas. A ferida pode ser superficial (atingindo apenas a epiderme) ou profunda, chegando a comprometer músculos, tendões, ossos e até órgãos. Nos hospitais, o protocolo de prevenção de lesões por pressão é uma das Metas de Segurança do Paciente, seguida para evitar esse, que é considerado um problema de saúde pública.

Com a pandemia, a incidência destas lesões aumentou. Conforme a Organização Mundial da Saúde, uma em cada seis pessoas infectadas pela COVID-19 fica gravemente doente e desenvolve dificuldade de respirar. Pacientes internados em UTI, intubados sob ventilação mecânica, frequentemente apresentaram alto risco de desenvolver lesões de pele, especialmente lesão por pressão, devido às suas condições clínicas e hemodinâmicas comprometidas, imobilidade no leito, percepção sensorial diminuída, entre outros fatores intrínsecos e extrínsecos que favorecem o desenvolvimento dessas lesões.

Protocolos reforçados

As enfermeiras do Grupo de Pele do Hospital São Vicente de Paulo (HSVP) de Passo Fundo, Mariana Dal Molin e Simone Araújo explicam que a lesão por pressão é considerada um evento adverso relacionado à saúde. Antes mesmo da Pandemia, já haviam protocolos institucionais sobre prevenção delesão por pressão e de prevenção lesão por pressão em pacientes pronados, os quais precisaram ser reforçados na pandemia, a fim de atender a demanda dos pacientes COVID.

“Nota-se uma incidência de lesão até dez vezes maior nos pacientes submetidos a cuidados críticos, quando comparados àqueles internados em outras unidades hospitalares. Assim, intervenções preventivas para lesão por pressão necessitam ser instituídas desde a admissão do paciente na UTI, visando diminuição das taxas de incidência e prevalência, segurança do paciente e qualidade da assistência”, pontuam as profissionais.

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Manejo clínico e a prona

Entre as estratégias do manejo clínico da síndrome do desconforto respiratório agudo grave (SDRA), principal complicação da COVID-19, está o posicionamento do paciente em decúbito ventral, também conhecido como prona.

Mariana explica que o Hospital foi em busca de medidas para evitar a lesão por pressão nos pacientes que necessitavam da técnica. “O posicionamento em prona para o tratamento de SDRA grave já era adotado como estratégia de tratamento antes da pandemia, no entanto, a prática desse posicionamento apresentou-se mais frequente nos pacientes acometidos pelo vírus. Atrelado a isso, o risco do desenvolvimento de lesões por pressão relacionadas a esse posicionamento, que já era relatado como uma das principais complicações, ganhou destaque, necessitando de estudo, novos manejos focados para prevenção e intervenções como o desenvolvimento de “coxins” juntamente com a confecção têxtil da instituição para o melhor posicionamento destes pacientes”, relata.

Conforme Simone, além de prolongar a permanência dos pacientes internados em hospitais, as lesões por pressão aumentam o risco de infecções e o custo do serviço de saúde, podendo também ser causa de reinternações após a alta hospitalar. Por este motivo, o tratamento das lesões e o acompanhamento pós alta hospitalar se faz necessário, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida dos pacientes portadores destas lesões e diminuir as internações a nível hospitalar.

“As lesões por pressão no contexto do coronavírus apresenta-se como uma situação ainda mais desafiadora, pois as alterações decorrentes da infecção expõem o paciente à maior instabilidade, menor oxigenação tecidual, tempo de internação em unidade crítica prolongado e possível dificuldade de reposicionamento, fatores que favorecem o desenvolvimento das lesões, por isso, o cuidado e atenção com a prevenção precisam ser redobrados”.

Quanto ao tratamento das lesões, as enfermeiras ressaltam que depende da  da etiologia de cada lesão, mas, que inclui tratamento multidisciplinar e fatores como: redução da pressão, tratamento da dor, controle da infecção local, avaliação das necessidades nutricionais, desbridamentos, produtos, curativos tecnológicos, terapia por pressão negativa e até cirurgia.

Ambulatório de atendimentos para pacientes com lesão por pressão

Desde 2011, o HSVP tem disponível o Ambulatório do Grupo de Pele que funciona no Ambulatório do SUS, para atender os pacientes provenientes dos municípios que fazem parte da 6ª Coordenadoria Regional de Saúde e que precisam de atendimento em função das lesões.

“Atendemos ainda, os pacientes egressos da nossa instituição com algum tipo de lesão como: lesão por pressão, lesão vascular, lesão traumática, lesão oncológicas entre outras. Além disso temos o Ambulatório Central de Curativos que atende os pacientes de forma geral, particular ou convênio, não sendo necessário serem egressos da instituição”, destaca Mariana salientando que o agendamento no Ambulatório Central é através de encaminhamento médico e agendamento. “Nestes atendimentos fazemos avaliação da lesão do paciente, indicamos o tratamento e continuamos o acompanhamento diminuindo o número de internações dos pacientes por estes motivos”, finaliza.

Com informações e fotos HSVP. Edição SS.

 



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