Empregabilidade e Aperfeiçoamento, Gestão e Qualidade | 14 de maio de 2020

As diferentes atribuições dos profissionais de Enfermagem e os desafios trazidos pela pandemia

Vânia Rohsig, superintendente assistencial do Hospital Moinhos de Vento, analisou a profissão em seminário online
As diferentes atribuições dos profissionais de Enfermagem e os desafios da pandemia

O Dia Internacional da Enfermagem, no dia 12 de maio, foi comemorado pelo Hospital Moinhos de Vento em um seminário online, com a presença da superintendente assistencial da instituição, Vânia Rohsig, e com a coach e mentora de líderes da 3Up Talentos, Kátia Magni. Na live, Kátia fez uma série de perguntas para a superintendente Vânia sobre a carreira de enfermagem, englobando mudanças e desafios impostos pela pandemia da Covid-19 (doença causada pelo novo coronavírus). Vania falou ainda sobre a sua trajetória, liderança, o papel dos gestores, trabalho em equipe e habilidades necessárias para o enfermeiro no mercado atual.

A superintendente assistencial explicou como escolheu a profissão. “Desde jovem, sempre gostei da área. Quando pequena, sofria de amigdalite, e até o cheiro do hospital já me agradava, da assepsia, gostava do ambiente. Entrei na Faculdade com 17 anos e, aos 21, estava formada. É uma vocação. Há todo o lado técnico e científico, que é fantástico, mas também esse lado de estar próximo do paciente e fazer a assistência de maneira qualificada. Sou apaixonada e muito feliz no que faço. Sou muito feliz na minha profissão”, declarou.

De acordo com Vânia, a enfermagem pode ser considerada uma profissão muito ampla, que permite “várias carreiras” dentro da profissão. “Comecei na saúde pública, em Santa Catarina, depois vim para o hospital”, afirmou.


A superintendente assistencial abordou o desenvolvimento do profissional de enfermagem para os processos de gestão, que vão além dos processos de assistência tradicionalmente conhecidos como atuação dos profissionais. “O enfermeiro precisa saber que está num mercado competitivo, globalizado e complexo, em que é exigido um elevado conhecimento técnico dos profissionais. E há um paradoxo nisso: especialista com a visão de generalista. Porque queremos que o enfermeiro saiba os detalhes de cada equipamento, e isso é exigido, mas há esse outro lado de ele ser líder de uma equipe. Esse é um dos grandes fundamentos que nos fez criar a nossa Faculdade de Ciências da Saúde, com o primeiro curso sendo Enfermagem, porque queremos preparar o enfermeiro tecnicamente, mas também nos soft skills, para cuidar de pessoas. Hoje, o mercado não está preparando para isso. Muitos profissionais chegam apenas com muito conhecimento técnico, mas temos a preocupação de desenvolver a liderança”, explicou.

Vania destacou a importância de ter líderes contribuindo para ajudar no desenvolvimento de novas lideranças. “Pessoas como Fernando Torelly [ex-Ceo da instituição e hoje no HCor, de São Paulo] e Mohamed Parrini [atual CEO do Moinhos], que me ajudaram doando suas horas para contribuir com o meu desenvolvimento. Assim, como o próprio Hospital, que me ajudou a ter uma coach, que está agora comigo aqui na minha frente [Kátia Magni]”, disse.

Segundo Vania, a transição para um cargo de liderança exige a mudança do seu dia a dia e das suas responsabilidades. “Há uma mudança daquilo que é esperado de ti no teu dia a dia. Agradeço ao Mohamed que faz uma mentoria fantástica, doando seu tempo e onde ele te desafia a realmente pensar diferente. Também agradeço aos profissionais especialistas de várias áreas que nos ajudam a atualizar nossas habilidades com seus conhecimentos”. Kátia Magni, complementou que o profissional deve querer ser um líder. Deve ser um compromisso do próprio profissional, pois ele deve entender que vai doar muito tempo para a sua carreira profissional.


A ligação direta, com troca de informações sobre liderança e novas tecnologias, a partir da afiliação com a Johns Hopkins Medicine International, dos EUA, é um dos impulsionadores para o desenvolvimento de profissionais no Hospital Moinhos, segundo Vania. A Johns Hopkins foi o berço de especialidades como Neurologia, Urologia, Endocrinologia e Pediatria. Foi a primeira instituição do mundo a utilizar luvas em cirurgias, realizar diálises e utilizar a ressuscitação cardiopulmonar. O acordo, firmado em 2013, facilita a transferência do conhecimento e tecnologia entre as duas instituições. A Johns Hopkins Medicine International tem como missão o desenvolvimento global da saúde por meio da excelência em educação médica, pesquisa clínica e assistência. “Agora com a pandemia, tivemos a oportunidade de trocar informações com profissionais de ponta, em como poderíamos melhorar nossos processos, por exemplo”, disse Vania.

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Um dos aspectos que o novo profissional da enfermagem deve se ater, é que hoje em dia, o conhecimento de línguas estrangeiras, principalmente a inglesa, é um divisor de águas tão importante como as habilidades beira leito ou gerenciais. “Quando ocorreu a afiliação com a Johns Hopkins, em seguida, já tive a oportunidade de ir para os EUA e conhecer todos os processos que eles implementam… Meu inglês não era o perfeito, mas fez grande diferença, para ler um artigo e para trazer para a prática”, analisou. No curso de enfermagem do Hospital Moinhos de Vento, o inglês já está inserido na grade curricular. “O profissional precisa ter este conhecimento, pois o google tradutor não vai traduzir de forma adequada…Vemos que a nova geração já vem mais preparada, mas precisamos alavancar isto com os demais profissionais”, completou.

Na visão de Katia Magni, a pandemia trouxe incertezas importantes, pois a gestão da mudança foi colocada em prática forçada e intensiva. “Todos os planejamentos estão sendo refeitos, quase que diariamente. É um momento de incertezas e de instabilidades. Como é para ti, como gestora de 1.800 pessoas e para o Hospital Moinhos esta questão? Como vocês vem trabalhando a gestão da mudança?”, perguntou a coach Katia Magni.


Vânia explicou que “no dia 26 de fevereiro, fizemos uma reunião, onde foi apresentada a preocupação com o Brasil em relação à pandemia, em uma reunião com os hospitais de excelência [Proadi-SUS] e o ministro [da Saúde, na época Luiz Henrique Mandetta]… Estabelecemos a criação do Comitê de Crise, e passamos a nos reunir diariamente. Creio que foi uma decisão muito acertada, porque todos tinham muito receio, pois até hoje o coronavírus é muito desconhecido, e isso gera muito medo e incerteza. Trabalhando em comitê, conseguimos distensionar um pouco. A primeira questão que veio para nós foi a importância de separar o fluxo para os pacientes, para que eles e a nossa equipe também se sinta segura. Criamos uma tenda específica para pacientes suspeitos. Foi um grande acerto, temos os fluxos separados desde o início”, detalha.


A garantia dos Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) foram uma preocupação que o Hospital conseguiu reverter desde o início, de acordo com a superintendente Assistencial. “Havia muita falta no mundo, e tivemos receio de falta desses equipamentos. Porém, em um grande esforço, conseguimos garantir”, disse. Vânia enfatizou os protocolos de segurança estabelecidos para os profissionais do Moinhos de Vento – de acordo com ela, apenas 0,8% dos profissionais foram contaminados.

O desenvolvimento mental e espiritual também foi enfatizado para os pacientes e para a equipe. “Nós temos uma equipe pastoral, com uma grupo de sete pessoas que visitam os pacientes diariamente. Nesse momento, tivemos que repensar as visitas, pois não é adequado, mesmo com todas as medidas de higiene. Mas o pastor envia diariamente um áudio, de cuidado espiritual, e replicamos para todo o hospital. E isso tem sido muito bom. Todo dia, na troca de plantão, é feita uma meditação, e é um momento muito tocante. Cada líder entende o que a equipe precisa”, salientou.

As diferentes atribuições dos profissionais de Enfermagem e os desafios da pandemia_

Sobre as mudanças da enfermagem, Vania disse que uma das mais importantes, para qualquer profissional é a prática, e citou a graduação em enfermagem mantida pelo Moinhos. “Aqui no Moinhos, em nosso curso, no primeiro dia de aula o aluno já tem contato com a prática.  Levamos eles para dentro de uma unidade… [No ensino de] antigamente nós ficávamos tentando imaginar como era o paciente”, brincou, referindo-se ao pouco contato que os alunos tinham com a prática do dia a dia hospitalar.

Kátia Magni, no final, agradeceu a todos os enfermeiros em geral pelo trabalho que estão desempenhando e deixou uma pergunta que todos deveriam se fazer: “o que eu fiz para cuidar de mim hoje? Nós precisamos estar bem para cuidar dos outros”, disse. Após os agradecimentos foi apresentado ainda uma declaração em vídeo, gravada por Vânia Rohsig direcionada especialmente às enfermeiras. Rúbia Maestri, gerente de enfermagem do Hospital Moinhos de Vento também participa do material.

Para assistir a live completa acesse aqui (canal da coach Kátia Magni) ou pelo canal da Faculdade Moinhos. 

Mensagem especial aos enfermeiros: 

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