Mundo | 15 de abril de 2016

As 12 doenças que os viajantes devem tomar cuidado

Patologias podem ser especialmente perigosas para viajantes mal preparados
As 12 doenças que os viajantes devem tomar cuidado

Algumas doenças são mais perigosas para viajantes e turistas. Infecções que se disseminam em algumas regiões podem ser fatais para uma pessoa sem a devida prevenção. Além de uma série de doenças, a pessoa, ao ser exposta a um vírus, por exemplo, pode contribuir para que o problema se espalhe, causando epidemias.

A seguir, veja 12 das principais doenças que um turista/viajante deve se preocupar entes de arrumar as malas:

1 Zika

Um vírus que se espalha principalmente através da picada do mosquito Aedes aegypti, o mesmo mosquito transmissor da dengue e da chikungunya. O aumento de casos nas Américas ocorre desde maio de 2015, quando a Organização Pan-Americana da Saúde emitiu um alerta para o Brasil.  Os sintomas mais comuns são febre, erupção cutânea, dor nas articulações e conjuntivite. Os sintomas que normalmente começam dois a sete dias depois de ser picado pelo mosquito infectado geralmente são leves, com duração de vários dias a uma semana e mais comumente administrados sem internação.

Ainda não está claro se existe uma ligação entre o vírus Zika e a síndrome de Guillain-Barre, uma resposta auto-imune que danifica o sistema nervoso e provoca fraqueza muscular progressiva e, por vezes, paralisia. Além disso, existem relatos de microcefalia, um defeito grave nascimento, em bebês de mães que tinham o vírus Zika durante a gravidez. A ligação entre Zika e defeitos de nascimento permanece incerto e ainda está evoluindo. No entanto, as grávidas – em qualquer trimestre – devem considerar o adiamento de viagens a qualquer área onde o vírus Zika está se espalhando.

2 Síndrome Respiratória Médio Oriente (MERS)

Doença respiratória viral causada pelo coronavírus. Os camelos são uma fonte provável de infecção em seres humanos; cepas de Mers-CoV que correspondem a cepas humanas, foram isoladas de camelos no Egito, Catar e Arábia Saudita. A propagação entre humanos é mais provável de transmissão pelo ar, por meio de secreções respiratórias e contato íntimo. Casos esporádicos de MERS em humanos ocorreram na Jordânia, Kuwait, Omã, Qatar, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Líbano, Irã e Iêmen; casos de indivíduos com viagem recente de áreas endêmicas têm sido relatados na Europa (Reino Unido, Espanha, França, Alemanha, Itália, Países Baixos), África (Tunísia, Egito, Argélia), Ásia (Malásia, Filipinas) e América do Norte (EUA). Portanto, é essencial que os médicos obtenham um histórico completo e detalhado de viagens dos pacientes.

Alguns indivíduos infectados podem ser assintomáticos ou apresentar sintomas leves, mas a maioria dos pacientes com MERS tem uma doença respiratória aguda grave com sintomas de febre, tosse e falta de ar. Complicações graves incluem pneumonia, insuficiência renal e morte. O Mers-CoV é um novo genótipo que está mais estreitamente relacionado com o coronavírus encontrado em morcegos, do que com o grave coronavírus que leva à Síndrome Respiratória Aguda (SARS-CoV). A Reação em Cadeia da polimerase (replicação in vitro do DNA) em amostras respiratórias e testes sorológicos em amostras de sangue é usada ​​para confirmar a infecção MERS-CoV. Não há vacina ou tratamento específico disponível. A assistência é fundamental para manter as funções dos órgãos vitais (por exemplo, cardiorrespiratória) e um tratamento global é baseado no estado clínico do paciente. As medidas preventivas incluem a lavagem das mãos (de no mínimo 20 segundos) com frequência e não tocar no rosto com as mãos lavadas, cobrindo nariz e boca com um lenço quando tossir / espirrar, evitando o contato pessoal próximo, não compartilhar talheres e/ou utensílios com pessoas doentes e realizar limpeza e desinfecção frequentemente, de superfícies.

3 Ebola

O vírus Ebola é uma doença que atinge seres humanos e outros mamíferos e que é provocada pelo ebolavírus. Os sintomas têm início duas a três semanas após contrair o vírus, manifestando-se inicialmente por febre, garganta inflamada, dores de cabeça e musculares. Os sintomas são seguidos por vômitos, diarreia e exantema (erupção cutânea), insuficiência hepática e renal. A pessoa infectada pode ter hemorragias, internas e/ou externas. Em caso de morte, geralmente ocorre entre seis a 16 dias após o início dos sintomas e na maior parte dos casos deve-se à diminuição da pressão arterial resultante da perda de sangue.

Ebola é o nome comum dado à doença rara, mas com letalidade de 25% a 90%. O vírus é da família Filoviridae e tem cinco estirpes, conhecidas pelo local onde o vírus foi descoberto pela primeira vez (Zaire ebolavirus, Sudan ebolavirus, Tai Forest ebolavirus, Bundibugyo ebolavirus e Reston ebolavirus). Animais selvagens podem transmitir o vírus para os seres humanos. A doença então se espalha entre humanos por contato direto, ou exposição a sangue, órgãos, ou a secreções de uma pessoa infectada ou para objetos que tenham sido contaminados com secreções (como agulhas). Surtos de Ebola ocorrem principalmente em áreas remotas de aldeias na África Ocidental e Central, perto de florestas tropicais.

Desde março de 2014, a África Ocidental tem sofrido com o maior surto de Ebola na história, com Libéria, Serra Leoa e Guiné com infecções generalizadas. Muitos países foram afetados, incluindo EUA, Reino Unido, Itália e Espanha, mas desde fevereiro de 2016, somente Serra Leoa segue apresentando tantos casos. Muitos esforços de saúde pública estão em curso para encontrar estratégias eficazes para a erradicação da doença.

Caso haja suspeita, é importante marcar uma consulta médica ou procurar um serviço de emergência. Pessoas que viajaram para áreas de risco devem buscar ajuda médica tão logo os sintomas aparecerem. Especialistas que podem diagnosticar Ebola são: clínico geral, infectologista e um profissional de enfermagem.

Segundo o portal Medscape, em 27 de março de 2016, 28.646 casos (suspeitos, prováveis ​​e confirmados) e 11.323 mortes haviam sido relatadas no surto de Ebola no Oeste Africano. Muitos profissionais de saúde contraíram Ebola durante o tratamento de pacientes infectados e morreram por provavelmente não terem adequada proteção ou por não tomarem medidas de controle rigorosas.

No entanto, em maio de 2015, a OMS declarou que ações de saúde surtiram efeito e a Libéria estava livre de Ebola. A expansão de instalações de tratamento e detecção precoce de novos casos foram considerados como fatores de sucesso contra a infecção. Em dezembro de 2015, a Guiné foi declarada livre da transmissão de Ebola, diretamente relacionada com o surto inicial. A OMS também anunciou, no fim de março, que o surto de Ebola na África Ocidental não constitui uma emergência de saúde pública internacional.

4 Chikungunya

A febre Chikungunya é causada pelo vírus CHIKV, da família Togaviridae. Seu modo de transmissão é pela picada do mosquito Aedes aegypti infectado e, menos comumente, pelo mosquito Aedes albopictus. Os sintomas são semelhantes aos da dengue (febre, mal-estar, dores pelo corpo, dor de cabeça, apatia e cansaço). A principal diferença da febre chikungunya está no acometimento das articulações: o vírus avança nas juntas dos pacientes e causa inflamações com fortes dores acompanhadas de inchaço, vermelhidão e calor local. O vírus foi isolado pela primeira vez em 1950, na Tanzânia. Ela recebeu esse nome porque chikungunya significa “aqueles que se dobram” no dialeto Makonde da Tanzânia, termo usado para designar aqueles que sofriam com o mal. A doença não é letal, mas muito limitante. O paciente tem dificuldade de movimentos e locomoção por causa das articulações inflamadas e doloridas.

Surtos já ocorreram na África, Ásia, Europa, nos oceanos Índico e Pacífico e, em 2013, encontrou-se pela primeira vez nas Américas nas ilhas do Caribe. As complicações graves são incomuns. Aqueles com risco de doença mais grave incluem recém-nascidos infectados, idosos acima de 65 anos e pessoas com comorbidades (diabetes, doença cardíaca, entre outras).

5 Sarampo/rubéola

O sarampo é uma doença infecciosa aguda, viral, transmissível, extremamente contagiosa e muito comum na infância. Os sintomas iniciais apresentados são: febre acompanhada de tosse persistente, irritação ocular e corrimento do nariz. Após esses sintomas, geralmente há o aparecimento de manchas avermelhadas no rosto, que progridem em direção aos pés, com duração mínima de três dias.

Pode causar infecção nos ouvidos, pneumonia, ataques (convulsões e olhar fixo), lesão cerebral e morte. O vírus ainda pode atingir vias respiratórias, causar diarreias e até infecções no encéfalo. Acredita-se que estas complicações sejam desencadeadas pelo próprio vírus do sarampo que, na maior parte das vezes, atinge mais gravemente os desnutridos, os recém-nascidos, as gestantes e portadores de imunodeficiências. A transmissão ocorre de pessoa para pessoa, geralmente por tosse, espirros, fala ou respiração, por isso a facilidade de contágio. Além de secreções respiratórias ou da boca, é possível ainda se contaminar através da dispersão de gotículas com partículas virais no ar, que podem perdurar por tempo relativamente longo no ambiente, especialmente em locais fechados como escolas e clínicas.

O sarampo continua a ser uma doença comum e altamente contagiosa em muitas partes do mundo, incluindo áreas na Europa, Ásia, Pacífico e África.

Ainda é uma das principais causas de morte entre as crianças, apesar do fato de que há uma vacina segura e de baixo custo disponível. Em 2014, 114.900 pessoas morreram por sarampo em todo o mundo. Também em 2014, os EUA tiveram o maior número de casos de sarampo desde a sua eliminação, documentada em 2000. Em 2015, o país registrou uma morte. A maioria dos casos registrados foi entre pessoas não vacinadas e se espalhou entre viajantes para regiões endêmicas ou que tenham um grande e contínuo surto de sarampo.

Já a rubéola é causada por um vírus do gênero Rubivirus, o Rubella vírus, sendo uma doença infecto-contagiosa que acomete principalmente crianças entre cinco e nove anos. A transmissão acontece de uma pessoa a outra, geralmente pela emissão de gotículas das secreções respiratórias dos doentes. Embora rara, a transmissão pode se dar através do contato com objetos recém-contaminados por secreções de nariz, boca e garganta ou por sangue, urina ou fezes dos doentes. A rubéola congênita acontece quando a mulher grávida adquire rubéola e infecta o feto porque o vírus atravessa a placenta.

Após um período de incubação que varia de duas a três semanas, mostra seus primeiros sinais característicos: febre baixa, surgimento de gânglios linfáticos e de manchas rosadas, que se espalham primeiro pelo rosto e depois pelo resto do corpo. A rubéola é comumente confundida com outras doenças, pois sintomas como dores de garganta e de cabeça são comuns a outras infecções. Embora não seja grave, é particularmente perigosa na forma congênita, pois pode deixar sequelas irreversíveis no feto como: glaucoma, catarata, malformação cardíaca, retardo no crescimento, surdez e outras.

6 Poliomielite

Doença viral que pode afetar os nervos e levar à paralisia parcial ou total. Embora também chamada de paralisia infantil, pode atingir tanto crianças quanto adultos. A poliomielite foi praticamente erradicada em países industrializados com a vacinação de crianças – inclusive no Brasil –, onde a vacina contra a doença foi incorporada à caderneta de vacinas obrigatórios. Mas o vírus causador, no entanto, ainda pode ser encontrado em países da África e da Ásia. O Ministério da Saúde brasileiro diz que o último caso de poliomielite registrado aconteceu em 1989. Atualmente, a cobertura vacinal é acima dos 95% – considerada um exemplo para o restante do mundo. O cenário global também melhorou radicalmente. O número de casos da doença em todo o globo caiu 99% desde 1988, passando de 350 mil para 406 notificados em 2013, segundo dados da OMS.

Existem dois tipos principais da doença: Poliomielite paralítica e a não-paralítica. É causada pela infecção do poliovírus, que se espalha por contato direto pessoa a pessoa e também por contato com muco, catarro ou fezes infectadas. O vírus entra por meio da boca e do nariz e se multiplica na garganta e no trato intestinal. Quando alcança a corrente sanguínea, pode chegar ao cérebro. Quando a infecção ataca o sistema nervoso, destroi os neurônios motores e provoca paralisia nos membros inferiores. Pode, inclusive, levar à morte se forem infectadas as células nervosas que controlam os músculos respiratórios e de deglutição. O período de incubação do vírus varia de cinco a 35 dias, mas a média é de uma a duas semanas. O poliovírus pode ser transmitido por meio de água e alimentos contaminados ou pelo contato direto com uma pessoa infectada.

7 Cólera 

Doença intestinal causada pela bactéria Vibrio cholerae, só afeta os seres humanos.  A bactéria liberta uma toxina que provoca aumento da liberação de água das células intestinais, resultando em diarreia grave.

Já houve muitos “surtos de cólera” ao longo dos anos, mas o saneamento do esgoto e o tratamento da água em países industrializados reduziram drasticamente o número de casos da doença. Registros mostram que o último grande surto de cólera, nos EUA, aconteceu em 1911. Atualmente ainda está presente em países da África, do sudeste asiático e em alguns países da América Central. A OMS diz que anualmente são registrados de três a cinco milhões de novos casos da doença no mundo. Cerca de 100 a 120 mil pessoas morrem anualmente por causa da cólera.

A bactéria, conhecida popularmente como Vibrião colérica, libera uma toxina chamada CTX, que se liga às paredes intestinais, onde ela interfere diretamente no fluxo normal de sódio e cloreto do organismo. A alteração faz com que o corpo secrete grandes quantidades de água, levando à diarreia e a uma rápida perda de fluidos e de sais importantes, os chamados eletrólitos. A transmissão de cólera é fecal-oral e se dá basicamente por meio de água e alimentos contaminados pelas fezes ou pela manipulação de alimentos por pessoas infectadas.

A infecção pela bactéria costuma acontecer após uma pessoa consumir água, frutos do mar, frutas e legumes crus e alguns grãos contaminados, como arroz e milho, por exemplo. Todas as pessoas são suscetíveis à cólera. Uma vez tendo contraída a doença, o paciente se torna imune. Crianças filhas de mulheres que já tiveram cólera herdam a imunidade das mães, geralmente por meio da amamentação. Embora a doença pode se espalhar rapidamente em áreas com tratamento inadequado de esgoto e água potável, áreas em guerra, onde a população passa fome, e em grandes aglomerados, o contato casual com uma pessoa infectada não é um fator de risco para adoecer.

8 Gripe aviária

É transmitida por aves. Apesar de ser chamada de gripe, ela está longe de ser como o tipo comum (a qual se administra com um remédio e os sintomas logo desaparecem). A gripe aviária pode causar problemas graves de saúde, podendo levar à morte. A doença surgiu inicialmente em 1997, quando uma epidemia se alastrou pela população de frangos de Hong Kong e um homem morreu após ser infectado pelo vírus transmissor da doença. Na época, cerca de um milhão e meio de aves foram mortas em Hong Kong para evitar a disseminação da doença. Praticamente todos os frangos de lá foram mortos. Mesmo assim, surgiram novos casos em 2003, na Coreia do Sul, onde também milhões de aves foram sacrificadas.

Atualmente, cerca de 36 países ao redor do mundo (principalmente na Ásia, África e Europa) registram a doença e, apesar de só terem ocorrido cerca de 200 casos em seres humanos, a taxa de mortalidade é muito alta – mais de 50% dos infectados morreram –. O objetivo atualmente é controlar a incidência da gripe do frango e impedir uma pandemia da doença. Segundo a OMS, entre 2003 e fevereiro de 2016, um total de 846 casos de infecção (incluindo 449 mortes) foram notificadas de 16 países em todo o mundo. A OMS recomenda oseltamivir ou zanamivir, dois medicamentos antivirais prescrição licenciados para utilização nos EUA, para o tratamento e prevenção de infecção.

9 Tuberculose

Doença infecto-contagiosa causada por uma bactéria (Mycobacterium tuberculosis) que afeta principalmente os pulmões, mas também pode ocorrer em outros órgãos do corpo, como ossos, rins e meninges (membranas que envolvem o cérebro). A transmissão é direta, de pessoa a pessoa. A aglomeração de pessoas é o principal fator de transmissão. A pessoa com tuberculose expele, ao falar, espirrar ou tossir, pequenas gotas de saliva que contêm o agente infeccioso e podem ser aspiradas por outro indivíduo contaminando-o. Má alimentação, falta de higiene, tabagismo, alcoolismo ou qualquer outro fator que gere baixa resistência orgânica, também favorece o estabelecimento da tuberculose.

Alguns pacientes não exibem nenhum indício da tuberculose, outros apresentam sintomas aparentemente simples que são ignorados (durante anos ou meses). Na maioria dos infectados, porém, os sinais e sintomas mais frequentemente descritos são: tosse seca contínua no início, depois com presença de secreção por mais de quatro semanas, transformando-se em uma tosse com pus ou sangue; cansaço excessivo; febre baixa geralmente à tarde; sudorese noturna; falta de apetite; palidez; emagrecimento acentuado; rouquidão; fraqueza; prostração. Casos graves apresentam dificuldade na respiração, eliminação de grande quantidade de sangue, colapso do pulmão, acúmulo de pus na pleura – se houver comprometimento dessa membrana, pode ocorrer dor torácica.

Afeta principalmente os pulmões (70% a 80% dos casos), mas também pode envolver o rim, cérebro, coluna vertebral, e outros órgãos. O tratamento da tuberculose à base de antibióticos é 100% eficaz, desde que não haja abandono por parte do paciente. A cura leva seis meses, mas muitas vezes o paciente não recebe o devido esclarecimento e acaba desistindo antes do tempo. Para evitar o abandono, é importante que o paciente seja acompanhado por equipes com médicos, enfermeiros, assistentes sociais e visitadores devidamente preparados.

10 Malária

Doença infecciosa febril aguda transmitida pela picada da fêmea do mosquito Anopheles, infectada por protozoários do gênero Plasmodium.

No Brasil, três espécies estão associadas à malária em seres humanos: P. vivax, P. falciparum e P. malariae. O protozoário é transmitido ao homem pelo sangue, geralmente através da picada do mosquito Anopheles, ou por outro tipo de meio que coloque o sangue de uma pessoa infectada em contato com o de outra sadia, como o compartilhamento de seringas, transfusão de sangue ou até mesmo de mãe para feto, na gravidez.

Os sintomas mais comuns são: calafrios, febre alta (no início contínua e depois com frequência de três em três dias), dores de cabeça e musculares, taquicardia, aumento do baço e, por vezes, delírios. Também existe uma chance em dez de se desenvolver o que se chama de malária cerebral, responsável por cerca de 80% dos casos letais da doença. Outros sintomas incluem rigidez na nuca, perturbações sensoriais, desorientação, sonolência ou excitação, convulsões, vômitos e dores de cabeça, podendo o paciente chegar ao coma. A malária ocorre em 97 países, principalmente na África Subsaariana e América Central e do Sul, bem como partes do Caribe, Ásia, Europa Oriental e no Pacífico Sul. Os médicos devem suspeitar de malária em qualquer pessoa que viajou para os trópicos, particularmente áreas endêmicas de malária, recebeu uma transfusão de sangue, ou desenvolveu uma febre e outros sintomas semelhantes aos da gripe.  Em muitas partes do mundo, os parasitas desenvolveram a resistência a um número de agentes anti-malária.

11 Febre amarela 

Doença infecciosa febril aguda, de curta duração (máximo de 10 dias), e de gravidade variável. Possui dois ciclos de transmissão: silvestre (entre primatas não humanos, onde o vírus é transmitido por mosquitos silvestres) e urbano (erradicado no Brasil desde 1942). A transmissão não é feita diretamente entre pessoas. É necessário que o mosquito pique uma pessoa infectada e, após o vírus da febre amarela (pertencente ao gênero Flavivirus, da família Flaviviridae) ter se multiplicado (de nove a 12 dias), pique um indivíduo que ainda não teve a doença e não tenha sido vacinado. O vírus e a evolução clínica da doença são idênticos para os casos de febre amarela urbana e silvestre, diferenciando-se apenas o transmissor da doença. A febre amarela silvestre ocorre, principalmente, por intermédio de mosquitos do gênero Haemagogus. Uma vez infectado em área silvestre, a pessoa pode, ao retornar, servir como fonte de infecção para o Aedes aegypti (também vetor do dengue), principal transmissor da febre amarela urbana. Mais de 900 milhões de pessoas em 44 países endêmicos estão em risco de febre amarela (África, 31 países; América Latina, 13 países).

O infectado pode sentir febre, dor de cabeça, calafrios, náuseas, vômito, dores no corpo, icterícia (pele e olhos amarelados) e hemorragias (de gengivas, nariz, estômago, intestino e urina). Não existe medicamento para combater o vírus da febre amarela, sendo assim o tratamento é apenas sintomático e requer cuidados na assistência ao paciente que, sob hospitalização, deve permanecer em repouso com reposição de líquidos e das perdas sanguíneas, quando indicado. Casos graves devem ser atendidos em uma Unidade de Terapia Intensiva. A única forma de prevenção é a vacinação (gratuita e disponível nos postos de saúde em qualquer época do ano). É administrada em dose única a partir dos 9 meses de idade e é válida por 10 anos. Deve ser aplicada 10 dias antes de viagens para as áreas de risco de transmissão da doença.

12 Febre tifoide 

Doença associada a baixos níveis sócio-econômicos, situação precária de saneamento básico, higiene pessoal e ambiental. Por isso, está praticamente extinta em países onde tais problemas foram superados. No Brasil, ocorre de forma endêmica, com algumas epidemias onde as condições são mais precárias.

Os sintomas incluem febre alta, dores de cabeça, mal-estar geral, falta de apetite, retardamento do ritmo cardíaco, aumento do volume do baço, manchas rosadas no tronco, prisão de ventre ou diarreia e tosse seca. O paciente deve ser tratado de forma ambulatorial, com antibióticos e hidratação. Em casos excepcionais, é preciso internação para hidratação e administração venosa de antibióticos. Sem tratamento antibiótico adequado, a doença pode ser fatal em até 15% dos casos.

Existem diversos medicamentos para febre tifoide: Androfloxin, Bacteracin, Bacteracin-F, Bactrim, Cefalotina, Ciprofloxacino, Clordox, Doxiciclina, Norfloxacino.

A febre tifoide pode ser transmitida pela ingestão de água ou de alimentos contaminados com fezes humanas ou com urina contendo a bactéria Salmonella entérica sorotipo Typhi. Pode, também, ser transmitida pelo contato direto (da mão e ou boca) com fezes, urina, secreção respiratória, vômito ou pus de indivíduo infectado. A vítima elimina a bactéria nas fezes e na urina, independentemente de apresentar os sintomas da doença, processo que pode durar até três meses. Portadores crônicos podem transmiti-la por até um ano.

A doença é comum nos países em desenvolvimento, como na Ásia, África e América Latina. No mundo, estima-se 21 milhões de casos da doença, juntamente com 220 mil mortes relacionadas, anualmente. Em 2015, cientistas relataram que uma cepa multirresistente da S typhi se espalhou globalmente. A tensão surgiu pela primeira vez no Sul da Ásia, provavelmente há 25 ou 30 anos, antes de se espalhar para o Sudeste e Ásia Ocidental, África Oriental e do Sul, e Ilhas Fiji. A evidência indica, segundo os pesquisadores, que a H58 está causando uma epidemia de febre tifoide resistente aos antibióticos na África.

VEJA TAMBÉM