PillPack atua com a comercialização e entrega fracionada de medicamentos
A Amazon anunciou nesta semana a compra da rede americana de farmácias online PillPack. O negócio, que não teve valor divulgado, deve representar a expansão da gigante do comércio eletrônico para mais um segmento de negócios.
O mercado financeiro já sentiu os efeitos do anúncio. No momento em que a compra foi divulgada, houve queda de 8% nas ações de outras gigantes farmacêuticas americanas, como a CVS Health e a Walgreens Boots Alliance. São grandes redes de lojas físicas, a quem o segmento online representado pela PillPack não era exatamente uma ameaça. Mas tudo muda, claro, quando se fala na entrada da Amazon no setor, com o medo da competição extrema representada pela companhia sendo considerado um fator de mudança no movimento do mercado.
Em janeiro, Amazon “estremeceu” o mercado da saúde com o anúncio da criação de uma nova empresa responsável por administrar as carteiras dos funcionários da empresa, em parceria com outras gigantes do mercado mundial, Berkshire Hathaway e JPMorgan Chase. As organizações afirmam que a joint venture tem como objetivo melhorar os cuidados com a saúde dos seus quase um milhão de funcionários nos Estados Unidos. Além disto, tinha o compromisso de melhorar a satisfação, mas principalmente reduzir os custos vinculados aos cuidados de saúde. A nova empresa terá sede em Boston, com um centro de biotecnologia e pesquisa médica. Há 10 dias, as empresas anunciaram o respeitado médico e escritor Atul Gawandecomo CEO desta empresa.
Com a compra da PillPack, é de se esperar que estes negócios sejam interligados para alavancar a proposta de diminuição de custos. Mais do que apenas vender remédios pela internet, o foco da PillPack está em um sistema de comercialização fracionada, voltada para quem está sob tratamentos que envolve diferentes medicamentos. Em vez de entregues em caixas convencionais, os produtos são enviados em pacotes diários, com informações sobre a dosagem e horários de administração de cada pílula. Além disso, a companhia também trabalha com reposições de drogas de uso constante.
A PillPack foi fundada em 2013 e atua em todo o território americano, com exceção do Havaí. Apesar de ter chamado atenção com o formato diferenciado de negócio, a companhia não se posiciona nem perto das maiores do ramo, apesar de números robustos como os US$ 100 milhões em faturamento esperados para este ano e um recente aporte financeiro para expansão de seus negócios, com investidores colocando US$ 120 milhões na rede.
Nome de destaque
TJ Parker, cofundador e CEO da empresa, comemorou a aquisição pela Amazon afirmando que o negócio fortalece ainda mais a posição da companhia no varejo online e transforma a PillPack em um nome de destaque não somente no mercado, mas também para a realização de parcerias para que seus negócios funcionem. Já a gigante do e-commerce não falou sobre seus planos com a transação, nem disse nada sobre possíveis alianças ou movimentos desse tipo.
A entrada da Amazon no setor de saúde, porém, já era dada como relativamente certa, principalmente depois que a companhia obteve a autorização necessária para vender medicamentos. O movimento aconteceu no final do ano passado, com o pensamento direto levando a parcerias com laboratórios e fornecedores para comercialização de remédios, como a companhia já faz hoje, por exemplo, com alimentos e produtos de beleza. A compra da PillPack, entretanto, enuncia um pouco melhor o caminho que Bezos, seu CEO, pode desejar seguir.
Mais do que apenas a venda de medicamentos para o consumidor final, a Amazon também está trabalhando para reduzir os custos de tratamentos e medicações para seus funcionários nos Estados Unidos. Aqui, a companhia também pode se beneficiar da forma com a qual a PillPack trabalha, entregando remédios mais baratos ou até gratuitos para seus colaboradores americanos, agora que tudo “está em casa”.
A expectativa de que o mercado farmacêutico se tornaria o próximo foco de expansão para empresas de tecnologia não é recente. Desde o começo do ano passado, analistas de mercado já falam que o setor, dominado por figurões e companhias tradicionais, com pouca inovação, poderia ser o próximo alvo das mentes disruptivas, um processo que parece, efetivamente, estar acontecendo agora e que deve começar a acelerar a partir de 2019.