Gestão e Qualidade | 6 de janeiro de 2017

Alta precisão em tratamento inovador do câncer no Hospital Moinhos

Primeiro procedimento será realizado no dia 10 de janeiro
Calypso_cancer-moinhos

Monitorar os movimentos do tumor durante a Radioterapia, aplicando com precisão uma alta dose de radiação poupando os tecidos saudáveis vizinhos ao câncer. Este é o principal diferencial do equipamento que entrará em funcionamento no dia 10 de janeiro no Centro de Oncologia do Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre. Em uma iniciativa pioneira no Brasil, a instituição gaúcha passará a operar a mesma tecnologia adotada em 17 dos 25 hospitais de referência no tratamento de doenças oncológicas nos Estados Unidos. O primeiro procedimento será realizado em um paciente com câncer de próstata.

Em agosto, o Hospital Moinhos de Vento inaugurou um dos centros de Oncologia mais modernos do Brasil. Com o novo Centro de Oncologia Lydia Wong Ling, a Unidade de Radioterapia e Radiocirurgia recebeu um acelerador linear com a plataforma TrueBeam.

Rapidez e menos efeitos colaterais

“Ao implantar o transponder torna-se possível orientar automaticamente o acelerador linear (TrueBeam) que fará a radioterapia. É como se tivéssemos um piloto automático que usa os implantes como referência. O tratamento é mais rápido, com menos efeitos colaterais e permite a entrega de uma dose mais concentrada de radioterapia”, ressalta o Coordenador da Unidade de Radioterapia e Radiocirurgia do Centro de Oncologia, o médico radioterapeuta Wilson de Almeida Junior. A Radioterapia é a técnica utilizada para eliminar ou impedir que as células de tumor aumentem. Ela pode ser usada em combinação com a quimioterapia ou outros recursos usados no tratamento de tumores.

Pioneirismo

Esta será a primeira vez no país em que o implante eletromagnético para orientar em tempo real o tratamento com radiação será utilizado em um paciente. O sistema funciona através do implante de um pequeno transponder em qualquer parte do corpo onde houver indicação. Ele funciona como um localizador, que sinaliza ao TrueBeam se a área a receber o feixe de radiação está corretamente posicionada, uma vez que a própria respiração do paciente, por exemplo, pode provocar movimentações no alvo. Os órgãos do corpo humano se movem naturalmente durante um tratamento e podem sair fora do campo previamente delimitado pelos médicos. “Poderemos aplicar altas doses de radioterapia com grande acurácia, rastreando o tumor em tempo real. Um pequeno emissor do tamanho de um grão de arroz é implantado sobre o tumor e funciona como um GPS, guiando o sistema de radioterapia com precisão milimétrica. Isto permite uma redução na área a ser irradiada. A consequência é a redução dos efeitos colaterais e da toxicidade aos tecidos saudáveis”, ressalta o Chefe do Serviço Médico do Centro de Oncologia, médico oncologista Sérgio Roithmann.

Em um recente estudo realizado na Califórnia (EUA), o novo sistema diminuiu os sintomas como impotência, incontinência e sangramento retal no caso de câncer de próstata. Os pesquisadores conseguiram aumentar as doses de radioterapia e diminuir as margens da radiação de 10mm para 3 mm – o que foi decisivo para melhorar os resultados do tratamento.

Segundo o especialista do Serviço Médico de Urologia da Instituição, Rafael da Luz Boeno, a radioterapia de alta precisão proporciona um grande avanço, principalmente nos casos de câncer de próstata. “Vários estudos corroboram a eficiência do Sistema Calypso na localização precisa do tumor, diminuindo os efeitos colaterais da Radioterapia. O transponder ajuda a diminuir efeitos colaterais como incontinência urinária e disfunção erétil. O implante dos localizadores é feito com anestesia, sem dor e ambulatorial, uma semana antes de realizar a radioterapia”, ressalta.

Para o oncologista Sérgio Roithmann “trata-se de uma evolução para tratamentos mais eficazes e sobretudo com menores sequelas. Cada vez que um avanço como este acontece, conseguimos combinar os tratamentos com maior segurança e o paciente pode se beneficiar das associações de radioterapia, quimioterapia, biológicos e a cirurgia”.

Vídeo que mostra o funcionamento do Sistema Calypso:

 

Crédito das fotos: Leonardo Lenskij

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