Estatísticas e Análises | 18 de janeiro de 2016

Alta incidência de sintomas e hospitalização após a cirurgia de bypass gástrico

Estudo mostra que procedimento gera complicações em até um terço dos pacientes
Alta incidência de sintomas e hospitalização após a cirurgia de bypass gástrico

A Cirurgia do Bypass Gástrico é um processo cirúrgico que reduz drasticamente o tamanho e volume do estômago. A técnica de derivação gástrica (bypass) é a mais realizada atualmente em todo o mundo. No Brasil, difundiu-se a técnica de Capella, um cirurgião colombiano radicado nos EUA que acrescentou a colocação de um anel contensor no reservatório gástrico. Tais procedimentos bariátricos visam o tratamento de obesidade mórbida e diabetes.

Embora a grande maioria dos pacientes relatem melhora do bem-estar depois da cirurgia de bypass gástrico, a prevalência de sintomas como dor abdominal e fadiga são altas e quase um terço dos pacientes foram hospitalizados, de acordo com um estudo publicado no periódico JAMA.

Para os pacientes com obesidade mórbida, a operação é um tratamento eficaz para perda de peso e doenças associadas à obesidade. No entanto, vários sintomas médicos, nutricionais e cirúrgicos que requerem tratamento podem ocorrer como consequência, podendo prejudicar a qualidade de vida dos pacientes. Conhecimento sobre esses possíveis sintomas é importante para a prevenção.

A pesquisa de investigação liderada por Sigrid Bjerge Gribsholt, do Hospital Universitário Aarhus (Dinamarca), examinou os pacientes que se submeteram à cirurgia entre janeiro de 2006 e dezembro de 2011 na Dinamarca. Um grupo de comparação composto por 89 indivíduos que foram divididos de acordo com o índice de massa corporal e o sexo, mas que não foram submetidos à cirurgia de bypass gástrico, foram analisados ​​como um ponto de referência. Os pesquisadores mediram a prevalência e a severidade (com base em dados do sistema de saúde, que vão desde a internação até nenhum tipo de contato) de sintomas auto-relatados após a cirurgia.

De 2.238 pacientes submetidos à cirurgia, 1.429 (64%) responderam à pesquisa. Entre esses pacientes, 89% relataram um ou mais sintomas após uma média de 4,7 anos após a cirurgia. Um total de 1.219 de 1.394 pacientes (87%) relataram que o seu bem-estar melhorou após a cirurgia, enquanto 8% relataram redução do bem-estar. Além disso, 68% dos doentes mantiveram contato frequente com o sistema de saúde devido aos sintomas, contra 35% das pessoas no grupo de comparação, e 29% tinham sido hospitalizados, muito acima dos 7% do grupo de comparação.

Os sintomas mais comuns foram dor abdominal (34%), fadiga (34%), anemia (28%) e cálculos biliares (16%). O risco de sintomas foi maior entre: mulheres; pacientes com menos de 35 anos; fumantes, desempregados, e entre aqueles com sintomas cirúrgicos antes da cirurgia.

“Concentrar-se na qualidade de vida entre os pacientes com muitos sintomas pode ser necessário uma vez que esses pacientes correm o risco de depressão. O desenvolvimento de novos tratamentos de perda de peso com menor risco de sintomas subsequentes deve ser uma alta prioridade”, alertam os pesquisadores.

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