Gestão e Qualidade, Tecnologia e Inovação | 12 de agosto de 2019

“A tecnologia está agregando valor para todos os players da saúde” destacou Cristiano Englert

Cofundador da Grow + foi responsável pela palestra de encerramento de evento da FEHOSUL
A tecnologia está agregando valor para todos os players da saúde destacou Cristiano Englert no Seminários de Gestão da FEHOSUL 

A implementação da tecnologia para os serviços de saúde, com as HealthTechs (startups com soluções de inovação e tecnologia para a área da saúde) e seu impacto na geração de valor ao setor foi destaque da apresentação de Cristiano Englert, cofundador e diretor de Marketing da aceleradora Grow Plus Ventures/Grow+, com a palestra Healthtechs e a Geração de Valor em Saúde. Foi a apresentação de encerramento do Inovação, Novas Tecnologias e Gestão Desruptiva, terceira edição em 2019 do Seminários de Gestão, organizado pela Federação dos Hospitais e Estabelecimentos de Saúde do RS (FEHOSUL), Sindicato dos Hospitais e Clínicas de Porto Alegre (SINDIHOSPA) e Associação dos Hospitais do RS (AHRGS). O evento ocorreu no dia 2 de agosto, em Porto Alegre.

Esta é a matéria que fecha a série especial com conteúdos abordados no Seminários de Gestão. Leia as matérias anteriores: Genômica saiu da descoberta dos laboratórios e já está presente na assistência médica, com Dirce Carraro, líder do Laboratório de Biologia Molecular e Genômica do hospital A.C.Camargo Cancer Center, de São Paulo, BioHub PUCRS e as oportunidades no campo da Inovação em Saúde, com Carlos Klein, líder do projeto BioHub PUC-RS e o sistema de saúde vai ser redesenhado pela experiência do usuário, com o CEO e fundador do aplicativo Dr Rafael, Salvador Gullo Neto.


O patrocínio desta edição foi do  Banrisul; dos laboratórios farmacêuticos AstraZenecaAstellasBristol-Myers Squibb e MSD; e da Unimed Porto Alegre. A certificação foi concedida pela faculdade Fasaúde/IAHCS, e os apoiadores foram IAHCS AcreditaçãoCBEXs e portal Setor Saúde.


Saúde ainda é conservadora

O palestrante ressaltou o que foi dito na palestra do CEO do Dr Rafael, Salvador Gullo Neto. “Como o Salvador falou, saúde é o setor mais conservador e que vai enfrentar esse tsunami da revolução digital”, alertou.

Englert salientou que há um equívoco quando se pensa em novas tecnologias em saúde, exemplificando com a área de Tecnologia da Informação (TI), em que são enfatizados o prontuário eletrônico, faturamento e questões mais burocráticas, e não nas verdadeiras revoluções digitais que podem ser implementadas na saúde, com os novos mercados que se abrem.

As novas tecnologias deverão impactar no atendimento de todas as linhas da saúde por meio de otimizações e interconexões entre as áreas. “Em uma indústria, com seus processos, você deve saber onde está cada ponto, cada logística, conectando todos os processos. Isso, na saúde, é muito importante e impacta em todas as áreas do setor”, disse. “Temos que procurar tecnologias que vão melhorar a qualidade e a comunicação do trabalho em equipe”, destacou o palestrante.

https://youtu.be/4QLHCNeYXfk
“Será que estamos satisfeitos?”, provocou Englert, que apresentou uma pesquisa com 70 anestesistas, que apontou que 70% destes estavam com risco de burnout. Além disso, dos 70 profissionais, apenas um disse que estava muito satisfeito com a profissão. “Os médicos também estão doentes. Nós trabalhamos em um modelo chamado fee for service, nós não estamos gerando valor, mas estamos sempre correndo atrás da ‘máquina’”.ressaltou.


Englert destacou que, a partir da Inteligência Artificial, é possível  automatizar muito os processos na saúde, trazendo mais qualidade ao atendimento. Ele citou como exemplo a empresa Netflix, “serviço altamente baseado no banco de dados dos usuários, possibilitados pela Inteligência Artificial”. De acordo com ele, essa nova realidade deverá ser impulsionada cada vez mais pelas HealthTechs no setor da saúde, citando também o blockchain (tecnologia que armazena banco de dados) como exemplo de ferramenta que irá impulsionar o setor.


Cristiano Englert

Cristiano Englert

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“Um traumatologista me disse, num Congresso há quatro anos em Stanford (EUA), que estamos numa nova corrida ao ouro. Todos estão procurando como empreender e buscar novas soluções para a área da saúde”, disse o palestrante, que enfatizou que a criatividade será cada vez mais relevante em um futuro com maior predominância das tecnologias. Englert citou exemplos de novos empreendimentos, e ressaltou que “as grandes inovações não estão vindo das grandes universidades, estão vindo de empreendedores, muitas vezes jovens”.


“As novas tecnologias estão gerando valor por estarem mapeando processos, mapeando a jornada do paciente dentro de um hospital, dentro de uma operadora, que possam trazer benefícios como, por exemplo, processos que são automatizados, conseguir transformar isso de maneira mais rápida e eficiente, por meio de Inteligência Artificial, tecnologias como blockchain, que possam armazenar melhor os dados e dar acesso aos pacientes. A tecnologia está agregando valor, melhorando a comunicação, processos e trazendo mais valor para todos os players atuais da saúde”, frisou.


Grow+

O palestrante destacou o trabalho feito pela Grow+, empresa aceleradora de startups, da qual é cofundador. “Estamos entre as três maiores aceleradoras de startups. Nós investimos, criamos espaços, fazemos a conexão com várias empresas de inovação para trazer esse conceito mais inovador e conseguir aliar o pensamento de uma startup em uma determinada empresa”, explicou.

“O Grow + é uma aceleradora de startups, mas nós a consideramos muito mais um hub de negócios. Trabalhamos com inovação para grandes empresas, trabalhamos com startups investindo financeiramente, com conhecimento, consultoria e networking”, completou.


De acordo com Englert, o crescimento das healthtechs, que são as startups da área da saúde com a tecnologia, vem acelerando cada vez mais. “Nós, da Grow +, já atuamos nesse mercado há cinco anos e temos visto um crescimento muito forte no Brasil, comparado aos EUA e Europa, onde as healthtechs estão trazendo desde melhorias às operadoras, aos pacientes e aos hospitais, com novas tecnologias, como realidade virtual para ensino, blockchain, a Inteligência Artificial, que possam melhorar processos e tomadas de decisão dos médicos. Então, as healthtechs trazem isso de uma maneira muito forte e, principalmente, colocando o paciente no centro”, destacou.


Ele citou um exemplo da Johnson & Johnson, com cinco laboratórios dedicados a receber startups. A incubadora JLABS faz parta da Johnson & Johnson Innovation e é focada nas ciências da vida, ajudando a capacitar empreendedores e startups a fornecerem soluções de saúde e bem-estar. De acordo com Englert, as startups ali estão não são obrigatoriamente direcionadas para a gigante farmacêutica (comprada ou se tornando sócia), ou seja, ela abriga mas não necessariamente se associa às startups. “É um grande exemplo de buscar, com essa iniciativa, colaboração para todo o ecossistema da saúde, e não exclusividade”, destacou. Ele também apontou a Johns Hopkins, que tem uma aceleradora de startups dentro do seu próprio hospital.

“Nós, dentro do complexo da Tecnopuc, estamos criando um espaço, Healthplus Innovation Center, para aprimorar isso: fazer colaboração, não ter exclusividade, ter startups que estão atuando lá dentro, para colaborar e buscar novas soluções dentro de um espaço de coworking”, ressaltou. O palestrante encerrou a apresentação deixando um recado ao setor. “Temos que mudar nosso mindset. Mudar nossa cultura em relação à saúde, sendo mais corajosos”, finalizou.

Cláudio Allgayer, Carlos Klein, Cristiano Englert, Odacir Rossato e Paulo Petry. Salvador Gullo à frente, por meio do robô utilizado para interagir direto dos EUA.

Cláudio Allgayer, Carlos Klein, Cristiano Englert, Odacir Rossato e Paulo Petry. Salvador Gullo à frente, por meio do robô utilizado para interagir direto dos EUA.

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