Tecnologia e Inovação | 3 de dezembro de 2014

A imunoterapia é eficiente contra vários tipos de câncer

Evolução do tratamento foi o destaque do Congresso da Sociedade Europeia de Oncologia
estudo cancer

Nos próximos anos a medicina deverá mudar drasticamente a abordagem ao câncer. A afirmação é resultado do Congresso da Sociedade Europeia de Oncologia (ESMO 2014), ocorrido em Madri. O avanço de técnicas como a imunoterapia é reconhecido na última edição da revista Nature, que traz cinco artigos originais com resultados clínicos de novos medicamentos imunoterápicos que prometem tratar vários tipos de tumores.

O Simpósio reuniu mais de 400 participantes em Genebra, Suíça, nos dias 21 e 22 de novembro. “Esperamos que as novas possibilidades de imunoterapia mudem substancialmente o tratamento do câncer”, afirmou o presidente da Sociedade Europeia de Oncologia (ESMO), Rolf A. Stahel, durante a cerimônia de abertura.

O evento abordou todos os tópicos de imunoterapia que estão prestes a entrar em prática – com a finalização de estudos clínicos em andamento – ou já são praticados em alguns dos principais centros do mundo. Entre os temas apresentados por especialistas europeus estiveram o bloqueio de “checkpoint”, terapias com células T e desenvolvimento de vacinas.

Uma das novidades apresentadas foi que o bloqueio de “checkpoints” funciona não apenas em tumores considerados sensíveis à imunoterapia (caso do melanoma ou câncer de células renais), mas também em pacientes que não responderam anteriormente à imunoterapia, sendo testada em tratamentos para câncer de pulmão, rim, bexiga, cabeça, pescoço e estômago.

“Os médicos oncologistas têm mais uma ferramenta para o tratamento de pacientes, e este encontro ajuda a aumentar sua compreensão sobre o potencial desta terapia e seu significado para a prática clínica no futuro”, destacou George Coukos, co-presidente científico do Simpósio e diretor do Departamento de Oncologia do University Hospital of Lausanne (Suíça) e do Ludwig Cancer Research Centre (Suíça).

O desenvolvimento de vacinas e antígenos de câncer também foram destaque, com especialistas do mundo todo discutindo quais antígenos devem ser observados e se devem ser antígenos mutados. “Estamos vendo respostas e histórias de sucesso em diversas áreas da oncologia. Não há dúvidas na comunidade da oncologia que a imunoterapia veio para ficar, e continuará a ter um impacto significativo à medida que otimizarmos a tecnologia e a ciência médica por trás disso”, concluiu Coukos.

Dois dos artigos publicados na Nature, dirigidos pelos médicos Thomas Powles e Roy Herbst, da Queen Mary University of London (UK), apresentaram resultados da primeira fase de ensaios clínicos com um anticorpo que bloqueia o PD-L1. O grupo mostrou que este tratamento é eficaz em pacientes com câncer de bexiga metastático, um tipo de tumor cujo tratamento teve poucos avanços nos últimos 30 anos.

Em um ensaio clínico com 68 pacientes com câncer de bexiga avançado (30 deles com tumores PD-L1 positivos), que não tinham recebido tratamentos convencionais, a nova terapia conseguiu, em seis semanas, uma redução do tumor em 43% dos pacientes. Os resultados melhoraram em 12 semanas (52%), e em dois destes pacientes (7%) as imagens radiológicas não encontraram nenhuma evidência de câncer após o tratamento. A resposta foi pior em pacientes PD-L1 negativo: apenas 11% responderam positivamente.

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