Estatísticas e Análises | 14 de outubro de 2022

A importância de atingir 95% de cobertura vacinal contra a poliomielite

O infectologista do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital Divina, Dr Sidnei Alves dos Santos Júnior (foto), alerta sobre a importância da vacinação
A importância de atingir 95% de cobertura vacinal contra a poliomielite

A recente investigação de uma suspeita de paralisia infantil em um menino de 3 anos pela Secretaria de Estado de Saúde Pública do Pará, acende o alerta para a importância da vacinação infantil. No Rio Grande do Sul, devido às baixas coberturas vacinais, a Secretaria Estadual da Saúde (SES) prorrogou, até 22 de outubro, a Campanha Nacional de Vacinação contra a Poliomielite para crianças de um a quatro anos e a multivacinação para a atualização da caderneta de vacinação de crianças e adolescentes menores de 15 anos.

Até o dia 29 de setembro, o RS registrava apenas 60,48% de cobertura vacinal do público estimado para receber a dose da vacina contra a poliomielite, o que representa cerca de 335 mil crianças entre um e quatro anos. A meta da campanha é atingir 95%  das 554 mil crianças nessa faixa etária.


PUBLICIDADE

Gestao-Financeira-Hospital-Receita-Hospitalar


Retorno de casos de sarampo é a prova do risco de não ser atingida a meta de cobertura vacinal

O infectologista do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital Divina, Dr Sidnei Alves dos Santos Júnior (foto), alerta sobre a importância da vacinação. “Graças a ampla cobertura vacinal, foi possível erradicarmos no Brasil doenças como a varíola e a poliomielite. Ela segue erradicada, mas o retorno de casos de sarampo, por exemplo, é a prova do risco de não ser atingida a meta de cobertura vacinal”, diz.

De acordo com o infectologista, algumas razões ajudam a entender o contexto atual. “Em primeiro lugar, podemos citar uma percepção equivocada da inexistência ou desaparecimento das doenças prevenidas por vacinas. Paradoxalmente, essa sensação é fruto exatamente da eficácia dos imunizantes. Além disso, a crescente complexidade do calendário de vacinação, especialmente das crianças, pode fazer com que as famílias não se programem para realizar a imunização no momento adequado. Desconhecimento e, especialmente, desinformação também fazem parte desse cenário. A ideia de que a administração de muitas vacinas sobrecarregue o sistema imunológico ou de que sua utilização determine o aparecimento de doenças importantes, como o autismo, embora não tenha qualquer respaldo técnico-científico, leva algumas pessoas a se recusarem a receber os imunizantes”, afirma.

Para reverter o quadro, o infectologista aponta que  é fundamental que a sociedade se mobilize, tanto pela estrutura do Estado, quanto por entidades da sociedade civil, para orientar a população em relação à importância da vacinação.


PUBLICIDADE

banner_setor_saude_-_600x313px_2


Baixa cobertura vacinal nos últimos anos

Para efetivo controle, é exigido índice de cobertura vacinal de 95% ou mais da população. E o Brasil foi, por muito tempo, referência em vacinação infantil, com o índice sendo atingido por décadas. Porém, nos últimos anos, essa importante lição de casa não tem sido feita no nosso país. Veja alguns apontamentos:

Em 2021, somente 63% das crianças receberam a vacina BCG (contra a tuberculose), de acordo com a OMS e UNICEF – até 2015, os índices se aproximavam de 100%.


Vacina contra a Hepatite B: desde 2015, o Brasil não alcança o patamar de 95% – em 2021, ficou em 68%.


Tríplice viral (contra caxumba, rubéola e sarampo): nos últimos cinco anos, a cobertura caiu. Consequência: o sarampo, que estava erradicado, está de volta. Em 2021, houve 668 casos confirmados.


Poliomielite: a doença está erradicada no país desde 1994, mas a baixa cobertura vacinal preocupa: de 2015 em diante, o índice despencou, chegando a 61% em 2021.


Difteria, tétano e coqueluche: em 2021, apenas 68% de cobertura vacinal.

 



VEJA TAMBÉM