Estatísticas e Análises | 13 de novembro de 2025

Einstein anuncia na COP30 plataforma inédita que conecta dados climáticos e de saúde no Brasil

A plataforma, apresentada como prova de conceito, reunirá mais de 40 bases públicas de dados – entre elas, do SUS, IBGE, NMET e ANA – e reúne mais de 100 milhões de registros referentes a indicadores ambientais e de saúde dos últimos três anos (2022-2024), nesta fase inicial.
Einstein anuncia na COP30 plataforma inédita que conecta dados climáticos e de saúde no Brasil

O Einstein Hospital Israelita apresenta, nesta quarta-feira, 12, durante a COP30, em Belém (PA), uma plataforma inédita que cruza dados climáticos, ambientais, de saúde e socioeconômicos de mais de 5.500 municípios. Denominada MAIS (Meio Ambiente e Impacto na Saúde), a iniciativa em desenvolvimento oferecerá uma visão integrada e interativa dos efeitos das mudanças climáticas sobre a saúde da população, permitindo identificar riscos, comparar regiões e apoiar a tomada de decisão em políticas públicas.


banner-iahcs-ss


A plataforma, apresentada como prova de conceito, reunirá mais de 40 bases públicas de dados – entre elas, do Sistema Único de Saúde (SUS), Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) e Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) – e reúne mais de 100 milhões de registros referentes a indicadores ambientais e de saúde dos últimos três anos (2022-2024), nesta fase inicial. As informações poderão ser filtradas por estado, município, bioma, faixa etária ou causa de internação, permitindo que gestores e profissionais de saúde visualizem correlações de forma granular, como o aumento de doenças respiratórias em períodos de poluição intensa ou a relação entre ondas de calor e mortalidade cardiovascular.


Anúncio Site Setor Saúde


O projeto é fundamentado em estudos publicados em revistas científicas indexadas e com revisão por pares, sempre quando há dados pertinentes ao contexto. Tem como objetivo principal facilitar a compreensão dos impactos do clima sobre a saúde da população brasileira. A ferramenta organizará dados públicos de forma interativa, revelando padrões e lacunas que podem subsidiar decisões de adaptação e mitigação.


MK-0179-25-Banner-Seminário-de-Gestão-600x313px


A proposta nasceu do entendimento de que a crise climática é também uma crise de saúde, como reconhecido pela Organização Mundial da Saúde e pela própria agenda das Conferências do Clima. Estudos recentes mostram como o aquecimento global e a poluição já afetam a saúde dos brasileiros. Um estudo publicado na revista Sustentabilidade em Debate¹, em 2020, projetou cenários futuros sob diferentes níveis de aquecimento global e concluiu que, em Belém, sob o cenário RCP8.5 (de altas emissões e sem ação humana para contê-las), o estresse térmico seria responsável por 40% das mortes por doenças respiratórias. Em São Paulo, por sua vez, o aumento da concentração de monóxido de carbono está associado a 4% mais mortes respiratórias e 2% mais mortes cardiovasculares, com impacto acentuado nas populações mais vulneráveis, conforme estudo do Journal of Exposure Science and Environmental Epidemiology (2016)².

“O Einstein sempre acreditou que inovar é, acima de tudo, cuidar melhor das pessoas. Quando unimos ciência, tecnologia e dados, conseguimos enxergar os desafios da saúde de uma forma mais ampla e isso inclui os efeitos do clima sobre a vida das populações. Essa plataforma é mais um passo para transformar informação em ação, e reforça o nosso compromisso de contribuir para um futuro mais sustentável e equitativo”, afirma Sidney Klajner, presidente do Einstein.

Klajner, que também é porta-voz do Impacto da ODS 3 (Saúde e Bem-Estar) da ONU no Brasil, destaca que, hoje, sem dados granulares e frequentes, os gestores não conseguem antecipar crises, planejar respostas ou medir resultados. “Hoje, os dados sobre clima e saúde existem, mas estão dispersos em dezenas de fontes. O que a organização se dispôs a fazer foi conectar essas informações para gerar uma visão integrada, que ajude gestores e profissionais de saúde a antecipar riscos e planejar respostas. É um exemplo de como a inovação pode apoiar políticas públicas e fortalecer o sistema de saúde diante dos impactos das mudanças climáticas”, completa.

Ao sediar a COP30, o Brasil se vê diante do desafio (e da oportunidade) de fortalecer a vigilância ambiental e incorporar a variável climática ao planejamento da saúde pública. Com o MAIS, o Einstein dá um passo nessa direção, ao traduzir ciência em ação e oferecer uma visão territorial e atualizada dos riscos climáticos à saúde. A expectativa é que, futuramente, em sua próxima etapa de desenvolvimento, a plataforma possa evoluir para uma ferramenta de apoio à gestão em saúde e meio ambiente, integrando dados em tempo real e novas capacidades analíticas.

VEJA TAMBÉM