Instabilidade cambial e tarifaço elevam risco de inflação no setor da saúde
Com mais de 70% dos insumos utilizados no setor sendo provenientes do mercado externo, a saúde é estruturalmente vulnerável à oscilação cambial, alerta o Instituto Coalizão Saúde.
O Instituto Coalizão Saúde (ICOS) avalia que o atual cenário de instabilidade econômica, somado à possível adoção da Lei da Reciprocidade Econômica e à imposição de tarifas adicionais sobre produtos importados dos Estados Unidos, representa um risco relevante para o equilíbrio dos custos no setor da saúde brasileiro.
Com mais de 70% dos insumos utilizados no setor sendo provenientes do mercado externo, a saúde é estruturalmente vulnerável à oscilação cambial. O dólar valorizado pressiona diretamente os custos assistenciais, com efeitos que se estendem por toda a cadeia — de fornecedores de tecnologias médicas a hospitais, clínicas, laboratórios e operadoras de planos de saúde.
“O principal vetor de preocupação, neste momento, é a volatilidade do câmbio, que tem impacto imediato sobre a inflação no setor da saúde. Essa instabilidade compromete a previsibilidade necessária para a manutenção da assistência e da sustentabilidade do sistema”, afirma Giovanni Guido Cerri, presidente do Conselho de Administração do ICOS.
Impacto do tarifaço: produtos adquiridos
Sobre o impacto direto do tarifaço, o Instituto observa que parte dos produtos hoje adquiridos dos Estados Unidos — como equipamentos médicos e alguns medicamentos — pode ser substituída por fornecedores europeus ou asiáticos, como os da China, o que tende a mitigar os efeitos mais agudos da medida. Ainda assim, a substituição não é automática e pode exigir adaptações logísticas, regulatórias e contratuais.
A entidade também destaca que os efeitos não são homogêneos entre os diferentes segmentos do setor. Áreas como diagnóstico por imagem, dispositivos médicos e tecnologias hospitalares devem sentir os impactos mais imediatamente, enquanto prestadores de serviços e operadoras de saúde enfrentarão reflexos indiretos, principalmente pelo aumento generalizado de custos operacionais.
Além disso, como o Brasil não é um exportador expressivo de produtos de saúde para os Estados Unidos, medidas de retaliação comercial ou de reciprocidade, neste setor específico, tendem a ter impacto marginal.
“Embora as tarifas possam ser compensadas com readequações na origem das importações, a conjugação entre medidas protecionistas e câmbio instável impõe desafios adicionais à cadeia produtiva da saúde. É essencial que o setor tenha estabilidade para preservar o acesso da população às tecnologias e aos tratamentos essenciais”, reforça Cerri.
Produtos estratégicos
O Instituto também defende que produtos estratégicos para a assistência à saúde sejam excluídos da lista de bens sujeitos à tarifa majorada, de modo a evitar rupturas no abastecimento e aumento de barreiras ao cuidado.
Como representante de atores públicos e privados da saúde, o Instituto Coalizão Saúde segue acompanhando atentamente o cenário e dialogando com os formuladores de políticas para contribuir com soluções técnicas que garantam o equilíbrio do sistema e a proteção ao acesso.
ICOS
O Instituto Coalizão Saúde (ICOS) é uma entidade composta por representantes da cadeia produtiva da saúde, com atuação propositiva, plural e comprometida com o desenvolvimento do setor. Seu propósito é contribuir para o debate qualificado e a construção de soluções inovadoras que respondam às demandas da população e às necessidades do sistema de saúde brasileiro. Com a missão de promover a qualidade, a equidade e a sustentabilidade na saúde, o ICOS atua com base em princípios como transparência, ética, respeito ao cidadão, valorização do conhecimento e liberdade de iniciativa. Sua visão é ser referência nacional na formulação de políticas públicas transformadoras para o setor.
O Instituto Coalizão Saúde reúne como associadas algumas das principais organizações da cadeia produtiva da saúde no Brasil, entre elas: Abbott, ABIMED, ABIMO, ABRAIDI, Abramed, Abramge, Hospital Israelita Albert Einstein, ANAHP, AstraZeneca, Boehringer Ingelheim, CBEXs, CMB, CNSaúde, Dasa, EMS, Eurofarma, FenaSaúde, Fundação Faculdade de Medicina, Grupo FarmaBrasil, Grupo Fleury, Grupo Sabin, Hospital Sírio–Libanês, Instituto de Gestão e Cidadania, Interfarma, Johnson & Johnson, Novartis, Grupo Oncoclínicas, Pfizer, Sanofi, Siemens Healthineers, SindHosp, Sindusfarma, Unimed Brasil e Unimed Federação.