Com palestra de Carlos Nobre, Hospital Moinhos discute mudanças climáticas e o papel das instituições
Nos dois dias de evento temas envolvendo a sustentabilidade ambiental foram debatidos.O Hospital Moinhos de Vento promoveu nos dias 5 e 6 o 4º Summit Ambiental Internacional, com o tema “Urgência da Ação Climática: Redefinindo o Papel das Instituições na Preservação do Planeta”. Durantes a programação, especialistas apresentaram dados e informações sobre a crise climática e impactos na sociedade em geral, além de iniciativas de sucesso e práticas sustentáveis.
O CEO do Hospital Moinhos de Vento, Mohamed Parrini, destacou a conexão entre sustentabilidade ambiental e saúde pública. “Entendemos que o impacto ambiental reflete diretamente na saúde e no bem-estar das pessoas. Nosso compromisso vai além da gestão de resíduos – envolve responsabilidade com a vida, promovendo e inspirando práticas sustentáveis entre nossos fornecedores, colaboradores e em nossos lares”, afirmou. Na ocasião, o CEO foi agraciado com o troféu “Personalidade da Sustentabilidade Ambiental”, diante do papel de relevância na condução das iniciativas sustentáveis no Hospital.
“Há mais de 10 anos, nossa instituição incorporou a sustentabilidade no planejamento estratégico. Desde então, todas as nossas ações têm sido guiadas por essa responsabilidade, pelo compromisso com um mundo melhor, pelo cuidado com as pessoas e pela preservação ambiental. Divido este troféu com todos os gestores e colaboradores que contribuem diariamente para os resultados que temos alcançado”, destacou Mohamed.
O superintendente Administrativo do Hospital, Evandro Moraes reforçou ao portal Setor Saúde que o evento está alinhado à estratégia do Hospital. “O Summit Ambiental não foge em nada ao que está estipulado no nosso ciclo estratégico atual e mapa estratégico. A sustentabilidade está no centro do nosso mapa. É algo institucional, não somente da gestão.”
Um dos principais destaques do evento foi a palestra magna “Mudanças Climáticas e o Futuro da Amazônia” do meteorologista Carlos Afonso Nobre, um dos cientistas mais respeitados do mundo, que apresentou dados alarmantes sobre os impactos das mudanças climáticas.
Moraes reforçou a importância do tema. “Nós vivenciamos o pior evento climático da nossa história em maio [enchentes]. O Brasil vive atualmente um momento de incêndios em todas as regiões. Tirando a região sul, a região sudeste, centro-oeste, nordeste e norte têm apresentado vários focos de incêndio. Por isso trouxemos aquele que hoje é um dos maiores cientistas brasileiros e uma das maiores referências do mundo em crises climáticas. Ele fez parte de um grupo que, em 2007, ganhou o Prêmio Nobel da Paz pelo trabalho realizado no Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas. O Dr. Carlos Nobre fez uma apresentação super estruturada e organizada, que foi evoluindo para, no final, demonstrar que de fato estamos sob risco. Foi um dia bem pesado no sentido de que realmente precisamos abrir os nossos olhos e os da sociedade.”
Moraes destacou ainda que o evento tem como função disseminar conhecimentos e as boas práticas, assim com gerar uma repercussão ampla na sociedade. “A gente preparou uma agenda de dois dias. Ontem (5) as discussões foram mais voltadas para as questões ambientais e hoje aprofundamos assuntos ambientais relacionados às cadeias de suprimentos e de infraestrutura. Hoje tivemos a apresentação de vários parceiros, trazendo iniciativas que já adotamos e tecnologias que estamos avaliando para aquisição ou para alguma parceria para colocar em operação dentro da nossa área ambiental. No dia de ontem foi um dia voltado realmente para as questões ambientais, com uma aula magna para abordar a crise climática.”
Carlos Nobre: “Estamos caminhando para uma situação de ‘ecocídio’, onde o planeta e a humanidade estão em risco”
De acordo com o cientista Carlos Nobre, “a emergência climática é o maior desafio de nossa era, e não existe um plano B, pois não temos outro planeta. Precisamos enfrentar este alerta vermelho para a humanidade, pois o aumento da temperatura e dos eventos climáticos extremos já afeta a saúde pública global e a biodiversidade de maneira significativa.”
“Estamos caminhando para uma situação de ‘ecocídio’, onde o planeta e a humanidade estão em risco. Precisamos zerar as emissões de gases de efeito estufa e combater o desmatamento e o comércio de animais selvagens para evitar a origem de novas pandemias,” alertou Nobre, mencionando que estudos indicam que doenças zoonóticas poderiam emergir em frequência cada vez maior na Amazônia.
“O Brasil está em posição de liderança para enfrentar a crise climática e tornar-se um exemplo global, atingindo suas metas de redução de emissões (NDC) até 2030 e buscando o net zero antes de 2040,” acrescentou. “Para isso, precisamos acelerar políticas públicas de resiliência, controle do desmatamento e adaptação climática em todos os setores”, disse Nobre.
“A mudança climática não é apenas uma questão ambiental, mas uma questão de saúde pública. Os extremos climáticos, como ondas de calor, incêndios florestais e inundações, estão levando a um aumento exponencial de doenças e mortes relacionadas à poluição e ao calor extremo, por exemplo”, acrescentou o cientista.
“O impacto da tragédia climática no Rio Grande do Sul foi caracterizado por uma combinação de eventos extremos de precipitação com implicações generalizadas. Não só o Rio Grande do Sul está em risco, mas todo Brasil e o planeta. O Brasil com seus estados, cidades, comunidades, ampla sociedade, setor privado e financeiro, deve caminhar urgentemente na busca de soluções na busca da sustentabilidade com o nosso principal legado para as futuras gerações”, apontou Nobre.
É preciso acelerar as definições sobre o modelo de proteção necessário
Outro ponto alto do evento foi a palestra “Gestão da Crise Hídrica – Catástrofe -Vivenciando as consequências” de Louidi Lauer, Técnico de Laboratório do Instituto de Pesquisas Hidraúlicas (IPH-UFRGS). Ele fez uma detalhada descrição da enchente que acometeu o RS do ponto de vista climático/hidrológico, citando ainda impactos ambientais, sociais, econômicos e de infraestrutura. Após, ele fez alguns alertas, como a de que o planeta ultrapassou sete de nove limites planetários que podem desencadear catástrofes ambientais. Os únicos dois que ainda tem um certo equilíbrio são “Aerossóis na Atmosfera” e “Camada de Ozônio”. Os críticos (alto risco) são: Mudanças no Uso da Terra do Planeta; Mudanças Climáticas; Biodiversidade; Ciclo do Nitrogênio e Fósforo; Uso de Água Doce; Poluição Química por Compostos como Microplásticos; e Acidificação dos Oceanos.
“A gente tem nove barreiras planetárias, que é como o meio ambiente consegue jogar um impacto para o outro. Se a gente rompe essas barreiras, perdemos a capacidade da natureza ser mais resiliente. Quando temos um evento extremo e nosso planeta está com todas as barreiras perfeitamente funcionando, esse evento consegue ser dissipado por outros organismos, outros sistemas. Mas se a gente está perdendo essa capacidade, a gente está perdendo proteção do nosso planeta. Quanto mais barreiras a gente romper, maior será o impacto de um evento extremo. E mesmo que tenhamos um evento extremo de pequena intensidade, ele pode ter um impacto bastante devastador, quando tais barreiras estiverem fragilizadas.”
Sobre o momento atual em Porto Alegre, Louidi diz que é necessário acelerar as ações de defesa da cidade e da região metropolitana, principalmente em relação ao sistema de comportas, casas de bombas e dragagens. “A gente precisa refazer o nosso sistema de proteção. Repensar o nosso sistema consiste em avaliar se ele está adequado ou se ele não estiver, partir para um outro sistema. O que já está sendo feito agora? Eles subiram as bombas, ou estão instalando bombas nas estações de bombeamento de água fluvial para fora da cidade. Subiram a parte elétrica para a estação não parar, ficar sem luz. Em relação às comportas, eles estão repensando se algumas comportas precisam estar ali ou não. Uma pergunta importante: precisamos de proteção para mais de seis metros ou não? Caso ocorra outra chuva com intensidade parecida ou superior a proteção terá que ser de 7 ou 8 metros? Reconstruir tudo com o olhar do passado parece não ser o ideal. É uma discussão que deve ser feita.”
Sobre a proteção dos hospitais, Louidi diz que os municípios precisam preparar proteções especiais para este tipo de estrutura, pois é para lá que serão levados os pacientes em momentos de crise. “Deve ser pensado em um sistema de proteção em todo o bairro onde está localizado o hospital, o que seria melhor para a população também. Em relação à estrutura do hospital, o ideal é não ter partes subterrâneas. Ou, se for ter, que se disponibilize uma proteção, drenagem e uma robusta proteção para o sistema elétrico.”
“Outro ponto que precisa ser olhado o quanto antes é a questão da dragagem do Guaíba e dos rios. A gente não pode fazer a retirada dessa areia de qualquer jeito. É preciso saber onde ela [areia] está. E esse processo de identificação ainda não começou, pois é bastante caro”, explicou.
“Precisamos repensar nossa cidade em várias frentes, na parte da energia elétrica, escoamento sanitário, tratamento de água. Faltou água, o que a gente faz? Se a gente não tem rodovias para chegar em Porto Alegre, como é que a gente abastece essa população? É preciso pensar em soluções de escala ampla para a região, preparando-a para lidar com um futuro evento extremo. A gente tem que fortalecer também a nossa defesa civil e todos os órgãos que fazem a retirada de pessoas, com alertas e treinamentos. Isto também é muito importante.”
Durante o momento de perguntas após a palestra do Louidi, o superintendente Administrativo do Hospital, Evandro Moraes, indagou se há previsão de um novo período de chuvas fortes com intensidade aos moldes do que aconteceu neste ano. E ainda, se a Porto Alegre estaria preparada. Louidi destacou que tecnicamente, para o ano que vem, não é esperado chuvas tão fortes, já que o La Ninã não prevê este tipo de precipitação. Porém, o alerta que fica é a necessidade de se acelerar as intervenções necessárias, principalmente em função da areia acumulada nos rios.
Em relação a esta questão, Moraes destacou que os gestores hospitalares devem estar com os seus planos de crise em dia para os próximos meses. “Como nosso estuário está todo assoreado, não precisa cair tanta água para o volume dos rios subir novamente. A preocupação é essa. Se acontecer de novo a nossa infraestrutura em Porto Alegre ainda não estará ao ponto de conter aquilo que pode vir”, alertou.
Edificações Sustentáveis e Certificações Ambientais e projeto Certidão de Vida
“O Hospital Moinhos já tem na sua essência, no DNA, a questão da sustentabilidade. Quando a gente transporta isso para a construção civil, também acaba tendo esse alinhamento. Com o Hospital Moinhos de Vento mantemos uma relação de bastante confiança e conseguimos trabalhar juntamente com ele nas questões de respeito ao meio ambiente”, pontuou Silber.
“Eu costumo dizer que a gente faz obras e constrói relacionamentos. Eu acho que a questão principal é conseguir construir relacionamentos transparentes, longos, duradouros e sustentáveis. Dentro dessa ótica, a gente tem conseguido cumprir esta meta, já que historicamente estamos mantendo uma boa recorrência com projetos prestados ao Hospital Moinhos de Vento. Cada vez mais a instituição hospitalar vem adotando parâmetros e certificações que atestam o compromisso socioambiental dela também em suas obras”, completou Silber.
“Eu costumo dizer que a gente faz obras e constrói relacionamentos. Eu acho que a questão principal é conseguir construir relacionamentos transparentes, longos, duradouros e sustentáveis. Dentro dessa ótica, a gente tem conseguido cumprir esta meta, já que historicamente estamos mantendo uma boa recorrência com projetos prestados ao Hospital Moinhos de Vento. Cada vez mais a instituição hospitalar vem adotando parâmetros e certificações que atestam o compromisso socioambiental dela também em suas obras”, completou Silber.
Responsável pela edificação do novo Bloco 12 do Hospital, com previsão de entrega em 2025, a TEDESCO também é parceira da instituição hospitalar no projeto “Certidão de Vida”, juntamente com outras 12 empresas. “Nós já executamos diversos projetos para o Moinhos, acho que estamos agora executando o quinto projeto de edificação. Nada mais do que natural nos associarmos ao Moinhos no projeto Certidão de Vida, uma belíssima iniciativa que irá contribuir com toda a sociedade.”
Lançado durante o 3° Summit Ambiental realizado em junho de 2023, o projeto Certidão da Vida prevê o plantio de uma árvore para cada criança nascida na instituição até 2027. Conforme o Evandro Moraes, do Moinhos, o projeto vai plantar e manter 20 mil árvores, com o apoio de parceiros como a TEDESCO. “A gente não teria condições de fazer sozinho, sem os parceiros que estão ajudando a subsidiar. Então posso dizer que eles não são simplesmente fornecedores. Eles são parceiros de negócios. Por isso a gente convidou eles para discutir esta lógica ambiental em nosso Summit Ambiental. A escolha do parceiro está cada vez mais ligada a esta conexão. Tem que dar match com aquilo que acreditamos, ter uma conexão de propósito com a gente. Tanto é que hoje a gente certificou aqui vários parceiros, como TEDESCO, Johnson & Johnson e a Viveo. São parceiros que estão alinhados com a nossa política de compras sustentáveis.”
Em relação ao novo prédio, Moraes diz que a estrutura apresenta funcionalidades voltadas para o respeito ao meio ambiente e diminuição de custos e desperdícios, como água. “Ele tem elementos de construção adequados ao mundo LEED [Leadership in Energy and Environmental Design, Certificação que busca incentivar e acelerar a adoção de práticas de construção sustentável]. O Bloco 12 terá água de reuso, estará totalmente equipado com lâmpadas LED e terá uma fachada ventilada para melhor conforto térmico, entre outros elementos. Então, ele já virá embarcado no conceito ambiental e sustentável. O selo Diamond, que é algo um pouco mais amplo, a gente imagina ter para o próximo prédio, no projeto do Bloco 3”, finalizou.
Durante o evento foram homenageadas pelo Hospital Moinhos as seguintes empresas com o “Certificado de Parceiro Sustentável”
Veolia Serviços Ambientais Brasil Ltda
Hard Link Informática e Sistemas
Mölnlycke Health Care Venda de Produtos Médicos Ltda
Construtora Tedesco
Viveo
Johnson & Johnson do Brasil Indústria e Comércio de Produtos para Saúde
Quinta da Estância Grande Sítio Educacional Ltda
Além do “Certificado de Parceiro Sustentável”, foi realizada a entrega da certificação do prêmio Eco-Colaborador. Durante os dois dias, diversos brindes foram sorteados ao público, incluindo bicicletas, que serão entregues no 4° Passeio Ciclístico, marcado para o dia 9 de novembro, no Parque Moinhos de Vento (Parcão).
Fotos: Leonardo Lenskji. Conteúdo Setor Saúde, com informações assessoria de imprensa Hospital Moinhos de Vento.