Gestão e Qualidade | 23 de junho de 2020

Porto Alegre: ocupação de leitos evidencia momento de atenção no combate à COVID-19

Confira a ocupação em cada hospital e informações que baseiam o novo decreto
Porto Alegre ocupação de leitos evidencia momento de atenção no combate à COVID-19

O Decreto da Prefeitura de Porto Alegre, de terça-feira (23), ampliou as restrições à circulação de pessoas e às atividades econômicas. De acordo com a Paço Municipal, o aumento veloz e consistente de internações em UTIs motivou as novas medidas. No momento, Porto Alegre conta com 101 pacientes com Covid-19 internados em UTI, o que representa 18, 4% da ocupação total de leitos de UTI disponíveis.


“A velocidade do crescimento exponencial da demanda por leitos de UTI, que é a característica mais perigosa dessa pandemia, é o que nos leva a voltar a patamares ainda mais restritivos”, justificou o prefeito Nelson Marchezan Júnior.


De acordo com o site covid.saude.rs.gov.brPorto Alegre conta hoje com 734 leitos de UTI Adulto, com 548 deles (74,7%) ocupados (dados das 22h05, 23/06). O perigo não está no quadro atual. Está na projeção futura que tende a piorar. Um dos temores adicionais é a chegada do inverno, já que historicamente o mês de julho concentra grande demanda por atendimentos e internações na rede hospitalar, basicamente de casos originados por doenças respiratórias.

Segundo Marchezan, a percepção do elevado transito de pessoas na rua também foi levada em consideração, já que os alertas nos últimos dias não surtiram efeito: muitas pessoas circulando e locais públicos e estabelecimentos comerciais com aglomerações, como a orla do Guaíba, shoppings, bares e restaurantes.


Em entrevista ao portal Setor Saúde, o diretor técnico do GHCFrancisco Zancan Paz, destacou que já está ocorrendo aumento de demanda no hospital. “É importante ressaltar que nossas Emergências estão registrando aumento maior de demandas, tanto de Covid quanto casos não Covid. A nossa UPA (Moacyr Scliar) aumentou consideravelmente o atendimento, a central de triagem também – quinta-feira, tivemos mais de 100 atendimentos, quando tínhamos em média de 50 a 60”, detalha.

Também ao portal Setor Saúde, o diretor administrativo do Hospital de Cínicas de Porto Alegre (HCPA), Jorge Bajerski, admite que há preocupação com a garantia de atendimento para todos os pacientes em estado grave. “Por mais que se consiga ampliar a capacidade, temos temor de que não seja suficiente. Poderemos chegar em um ponto em que teremos mais pacientes do que leitos de CTI. Esse é o cenário mais perigoso”, pondera.

O presidente da Federação dos Hospitais do RS (FEHOSUL), Cláudio Allgayer diz que novos desafios se aproximam, e precisam ser gerenciados com antecedência. “Ao analisarmos os dados de ocupação de leitos, é possível confirmar que em alguns hospitais a utilização de leitos por pacientes não covid-19 está alta,mesmo com a ampliação de leitos. Com a chegada do inverno, a tendência é aumentar ainda mais. A decisão de Porto Alegre busca refrear o aumento de pacientes Covid – que ocupam por mais tempo os leitos – e assim, tentar dar uma resposta mais adequada à demanda”, entende. Allgayer enumera três situações que precisam receber atenção por parte dos gestores e do governo: ações para a liberação mais ágil de leitos que já estão prontos, mas que o governo mantém em “stand by”; uma ampla articulação para formar rapidamente novas equipes preparadas para substituir profissionais afastados e, por último, um trabalho de interlocução com a indústria farmacêutica e distribuidores para garantir o fornecimento de medicamentos que estão faltando, principalmente anestésicos. “E claro, a população tem que voltar a fazer a sua parte: usar máscara, higiene adequada e manter o distanciamento”, completa o presidente da FEHOSUL.




Ocupação de leitos de UTI em hospitais de Porto Alegre: estão presentes somente os hospitais com casos confirmados ou suspeitos de Covid-19

Hospital Divina Providência:  112,5%

(18 pacientes para 16 leitos de UTI disponíveis – 1 com Covid-19, 2 suspeitos e 15 não Covid-19)


Associação Hospitalar Vila Nova:  95%

(19 pacientes para 20 leitos de UTI disponíveis – 1 suspeito de Covid-19 e 18 não Covid-19)


Hospital Independência: 90%

(9 pacientes para dez leitos de UTI disponíveis – 1 suspeito de Covid-19 e 8 não Covid-19)


Hospital Moinhos de Vento:  87,5%

(49 pacientes para 56 leitos de UTI disponíveis – 10 com Covid-19, 6 suspeitos e 33 não Covid-19)


Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre: 87%

(72 pacientes para 87 leitos de UTI disponíveis – 7 com Covid-19, 1 suspeito e 64 não Covid)


Hospital Conceição: 86,7%

(65 pacientes para 75 leitos de UTI disponíveis – 25 com Covid, 1 suspeito e 39 não Covid)


Hospital Porto Alegre: 85,7%

(seis pacientes para sete leitos de UTI disponíveis – 1 paciente com Covid-19, 5 não Covid-19)


Hospital Mãe de Deus/AESC:  83,3%

(50 pacientes para 60 leitos de UTI disponíveis – 4 com Covid-19, 7 suspeitos e 39 não Covid-19)


Hospital São Lucas da PUC-RS: 76,3%

(45 pacientes para 59 leitos de UTI disponíveis – 4 com Covid-19, 7 suspeitos e 34 não Covid-19)


Hospital de Clínicas de Porto Alergre: 75%

(96 pacientes para 128 leitos de UTI disponíveis – 44 com Covid-19, 6 supeitos e 49 não Covid-19)


Hospital Ernesto Dornelles: 72,5%

(29 pacientes para 40 leitos de UTI disponíveis – 4 com Covid-19, 4 suspeitos e 21 não Covid-19)


Instituto de Cardiologia: 52,9%

(27 pacientes para 51 leitos de UTI disponíveis – 4 suspeitos de Covid-19 e 23 não Covid-19)


Hospital da Brigada Militar de Porto Alegre: 15%

(3 pacientes para 20 leitos de UTI disponíveis – 1 paciente com Covid-19 e dois suspeitos)

Obs.: consulta feita às 19h no site covid.saude.rs.gov.br

O Decreto

As novas determinações constam do Decreto 20.625, publicado em edição extra do Diário Oficial de Porto Alegre (Dopa) de terça-feira. As regras entram em vigor para estabelecimentos de comércio e serviços a partir desta quarta-feira, 24; para o setor de alimentação a partir de quinta, 25; e para indústria e construção civil a partir desta sexta-feira, 26.

No fim da tarde de segunda-feira, em participação na transmissão on-line realizada pelo governador Eduardo Leite, o prefeito Nelson Marchezan Júnior explicou que a decisão foi tomada em razão dos impactos da liberação de atividades econômicas nas estruturas de saúde do Município, com a preocupação de manter a disponibilidade de leitos frente ao aumento da demanda.

Confira as principais alterações do novo decreto:

Comércio, serviços e indústria – Fechados, à exceção dos estabelecimentos classificados como atividades essenciais no artigo 12 ou daqueles expressamente permitidos pelo artigo 13 do decreto 20.625.

Restaurantes, bares e lancherias, padarias e lojas de conveniência – Permitidos nos sistemas de tele-entrega (delivery) e pegue e leve (take away). Vedada a formação de filas e aglomeração de pessoas.

Transporte coletivo – Não pode exceder a capacidade de passageiros sentados e deve ser observado o uso de máscara.

Parques e praças – Estão proibidas aglomerações em parques, praças e locais abertos ao público sem a distância mínima interpessoal de dois metros e as medidas de proteção individual. O descumprimento é considerado crime e acarreta a aplicação de multa.

Bancos, lotéricas e correios – Atendimento realizado a portas fechadas, com equipes reduzidas e restrição do número de clientes (um cliente para cada funcionário).

Shopping centers – Podem funcionar apenas farmácias, estabelecimentos de comércio e serviços na área da saúde, posto de atendimento da Polícia Federal, mercados, supermercados e afins, bancos, terminais de autoatendimento, lotéricas, correios, estacionamentos; restaurantes, bares e lancherias estão autorizados no sistema pegue e leve (take away) e tele-entrega (delivery).

Supermercados e hipermercados – Abertos com controle de aglomeração e distanciamento mínimo de dois metros entre os clientes e medidas de proteção individual.

Mercado Público – Funcionamento permitido exclusivamente para restaurantes e comércio de alimentação e produtos alimentícios, nos sistemas de tele-entrega (delivery) e pegue e leve (take away). Fica proibido o ingresso de clientes nos estabelecimentos e a formação de filas, mesmo que externas. Para evitar aglomerações, o horário de funcionamento poderá ser de 24 horas, de segunda-feira a domingo.

Feira de hortifrutigranjeiros ao ar livre – Funcionamento autorizado com distanciamento mínimo de dez metros entra as bancas.

Missas e cultos – A realização de missas, cultos ou similares poderá ocorrer com, no máximo, 30 pessoas, desde que não ultrapasse 50% do limite de ocupação e com distanciamento mínimo de dois metros entre os presentes.

Academias – Permitidas exclusivamente para uso individual. Atividades podem ser acompanhadas por um profissional. Regra é válida também para condomínios residenciais.

Salões de beleza e barbearias  – Autorizados com redução de clientes simultâneos (lotação máxima de 30% da capacidade), atendimento com equipes reduzidas e distanciamento de quatro metros entre os clientes.

Setor da construção civil – Proibido, à exceção das atividades prestadas exclusivamente para atender serviços de saúde, segurança, educação e assistência social, além de obras públicas.

Obras públicas – Estão autorizadas a continuar todas aquelas consideradas indispensáveis ao atendimento de setores essenciais.

Eventos – Proibidos, sejam eles em local fechado ou aberto. A suspensão aplica-se tanto a espaços públicos quanto privados – incluindo os eventos realizados em salões de festas de condomínios residenciais. A medida também vale para aniversários, casamentos e quaisquer aglomerações.

Condomínios residenciais – Fechados playgrounds, salas de cinema, quadras esportivas, salões de festas e de jogos, salas de cinema, parquinhos e quaisquer outras áreas de convivência. Academias podem ser utilizadas individualmente.

Clubes sociais – Permitido condicionamento físico de atletas profissionais contratados, observado o distanciamento mínimo de dois metros, além da prática de esportes individuais pelos associados, desde que sem contato físico.

Bibliotecas, museus, teatros, cinemas, parques de diversão, saunas e banhos – Fechados.

Escolas – Permanecem suspensas as atividades presenciais de ensino infantil, fundamental, médio e superior, de estabelecimentos públicos e privados. Vale também para cursos de idiomas, esportes, artes, culinária e similares.

Ensino individual – Permitido, desde que observado distanciamento interpessoal mínimo de dois metros, além de medidas de higienização e uso de máscara.

Ensino Superior – Permissão para aulas presenciais exclusivamente para pesquisas de graduação e pós-graduação, atividades práticas e estágios obrigatórios que não sejam passíveis de serem realizados de forma remota.

 

Com informações da Prefeitura de Porto Alegre e FEHOSUL. Edição do Setor Saúde.

 

 

 

 

 

 

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