Em webinar da FIS, diretor-executivo da Johnson&Johnson anuncia vacina para início de 2021
Executivos da Sabin, UHG e Rede D´Or também apresentaram inovações e ações implementadas em tempos de Covid-19Na sexta-feira (24), ocorreu a Webinar FIS (Fórum Inovação em Saúde), com o tema A Inovação como oportunidade em tempos de crise – O que estamos fazendo. A conferência pela internet contou com as seguintes lideranças da saúde: Alexandre Luque, diretor-executivo da Johnson&Johnson Medical Devices; José Carlos Magalhães, CEO da United Health Group Brasil; Leandro Reis Tavares, vice-presidente da Rede D’Or São Luiz; Lídia Abdalla, presidente do Grupo Sabin; e o mediador Josier Vilar, presidente da Iniciativa FIS (Rio de Janeiro/RJ). Confira os assuntos abordados pelos conferencistas.
Alexandre Luque
Alexandre Luque apontou que a Johnson & Johnson está desenvolvendo uma vacina para o coronavírus, com capacidade de produção de um bilhão de doses para ser usada já no início de 2021. “A Johnson começou a trabalhar muito cedo, desde janeiro já está trabalhando no desenvolvimento de uma vacina. Inovação e inteligência associada poderão permitir o desenvolvimento de uma vacina em um ano, quando o tempo mínimo necessário seria de três a cinco anos”, destacou.
O diretor-executivo apontou que, como uma empresa global, um dos grandes desafios no momento é garantir fornecimento de suprimentos. “É um desafio grande. Tivemos que mudar modais de abastecimento, mudar rotas, explorar novos parceiros, porque os caminhos tradicionais de operação colocaram o mundo inteiro em fragilidade. Essas ações nos colocaram em risco mínimo de desabastecimento, e isso é extremamente importante”, disse.
Ele também destacou a importância de colaboração e inovação em parcerias. De acordo com Luque, a Johnson & Johnson conta com 45 startups residentes – a empresa mantém incubadoras, chamadas de JLABS – 100% focadas em desenvolver soluções para a Covid-19.
Lídia Abdalla
A presidente do Grupo Sabin, laboratório de análises clínicas e diagnóstico por imagem de Brasília, apresentou as ações desenvolvidas pela empresa, em tempos do novo coronavírus. Segundo Abdalla, o Grupo acompanha os casos de coronavírus desde janeiro. “No dia 15 de janeiro, já tínhamos acesso aos protocolos do que estava sendo feito em termos de diagnóstico e métodos. Temos uma equipe de Pesquisa e Desenvolvimento no Sabin, com quase 15 pessoas, profissionais dedicados exclusivamente à pesquisa. Esse time está montado há 20 anos e já temos experiência de desenvolver outros testes pioneiros, como há três anos atrás, com o teste de zika, para fazer com uma amostra só a detecção de dengue, zika e chikungunya. É uma das áreas de grande investimento da empresa”, disse, destacando a importância do governo investir em ciência e pesquisa.
Abdalla disse que a capacidade inicial de desenvolver testes pela Sabin era limitada e, por isso, a testagem feita foi somente em pacientes sintomáticos com suspeita da Covid-19. “No início de epidemia, paralelo ao momento que precisava redirecionar nossa forma de atuação e criar novas formas de relacionamento, tivemos que direcionar também equipes e mais investimento em tecnologia, porque passamos a oferecer a coleta em domicílio, para as pessoas não circularem e ter contato com outras pessoas”, disse.
A presidente disse que a Sabin está contribuindo para a validação de testes rápidos e testes sorológicos com a Anvisa, “para entregarmos o mais rápido possível informações e conhecimentos sobre os testes à sociedade”.
A pandemia proporcionou algumas iniciativas, de acordo com a presidente: estabelecer novos canais com os clientes; fortalecer nova plataforma digital, com conteúdo disponível em webinar; e oferecendo novas formas de atendimento. Lídia destacou a montagem de drive-thru desenvolvida pela Sabin, inicialmente em Brasília, oferecendo uma opção segura de coleta de exame para os pacientes.
Ela ainda apontou que, em relação aos testes, não é possível realizar em 100% da população, e que é preciso ter um bom preparo para que sejam feitos testes seguros.
José Carlos Magalhães
O CEO da United Health Group Brasil (UHG Brasil), que mantém a rede AMIL 0 da rede de hospitais Americas Serviços Médicos, apontou a dificuldade do abastecimento e os esforços realizados para garantir suprimentos médicos, apontando a dependência externa como um fator de dificuldade no momento. Segundo o executivo, a logística é muito importante para vencer a guerra contra a Covid-19.
Ele apontou que, com a pandemia, uma oportunidade e um aprendizado será o tema da desospitalização. “Não quero dizer que o hospital não é importante ou relevante. O que quero dizer é que o hospital pode operar de forma diferente. Todos sabem que antigamente você entrava no hospital com uma hérnia e só sairia em três dias, enquanto hoje o processo é feito em um dia”, disse.
Magalhães disse que, com a pandemia, novas práticas ganharam ainda mais força, como home office e a telemedicina. Na Amil, 6 mil colaboradores estão atualmente em trabalho remoto, que segundo o executivo. “O home office é um tema que confesso que fiquei agradavelmente surpreso, porque vem funcionando muito bem”, disse. Segundo ele, até o call center, por exemplo, está trabalhando de casa. Sobre a telemedicina, hoje são 3,5 milhões de clientes atualmente utilizando a ferramenta, desenvolvida na própria UHG. “A inovação da telemedicina tomou escala, e agora [a utilização da tecnologia] não tem mais volta”, afirmou.
Outra novidade impulsionada pela Covid-19 na UHG é a antecipação da entrega do projeto de laboratório de biologia molecular. Magalhães prevê que, em breve, o UHG terá 18 mil testes PCR, tanto para consumo interno como para colaborar com outros sistemas de saúde e parceiros.
Leandro Reis Tavares
O vice-presidente da Rede D’Or disse que inovação para poder realmente entregar soluções que impactem, precisa ser protegida dentro da empresa, para não ser influenciada pelo mainstream (corrente dominante). “Ela deve estar protegida para realmente inovar”, defendeu. Tavares explicou como foi estruturado o plano de contingência para o enfrentamento do coronavírus. De acordo com ele, foi como pensar em uma nova empresa. “Partimos de uma base zero que replanejou como são os hospitais hoje. Tivemos que fazer premissas de uma série de informações, como perfil da população, com uma série de variáveis matemáticas. Reprogramamos a compra de insumos, medicamentos”, explicou.
De acordo com Tavares, foi preciso uma reestruturação para este novo perfil nosocomial. “Precisamos monitorar o paciente fora do hospital também, para que ele possa voltar com segurança. Organizamos fluxos exclusivos para os pacientes com Covid-19”, disse. Tavares disse que as mudanças implementadas ocorreram em um prazo de 30 a 40 dias. “O RH precisou de uma reprogramação, criamos braços de apoio psicológico para o colaborador e o paciente e seus familiares. O afastamento [de colaboradores] é muito superior com a Covid-19, o que gera toda uma nova forma de agir”, explicou.
O vice-presidente apontou que foi fundamental a importância da comunicação, para dentro e para fora. “Para dentro, porque precisamos contar o que estamos fazendo aos colaboradores, porque o medo é algo inerente do ser humano. A preocupação com a falta de equipamentos e de proteção individual. Por isso, tivemos que, em comunicação, garantir que todos os profissionais teriam proteção para trabalhar. Precisávamos garantir o pertencimento e o orgulho de fazer parte da nossa instituição. “ E, para fora, precisávamos falar para a sociedade sobre as ações desenvolvidas…a comunicação tem uma importância estratégica”, disse.
Um alerta importante foi ressaltado: “Pessoas estão evitando ir para o atendimento [nos hospitais e clínicas]. Tenho visto coisas que não via há tempo. Dois pacientes com sepse de apendicite, porque ficaram em casa e com medo da contaminação, e evoluíram para um quadro grave de apendicite”, exemplificou.
Sobre os insumos, o custo dos equipamentos e insumos, de fato, subiram muito. “É uma guerra logística. Chegou um momento em que na falta de álcool em gel, fomos atrás do fornecedor de álcool e desenvolvemos uma produção com produtores dedicados. É uma guera diária, monitorando just in time”, destacou Tavares.
Josier Vilar
O mediador saudou as abordagens, enfatizando a importância de ações colaborativas para toda a cadeia da saúde. “O que a Lídia está fazendo, e o que todos aqui estão fazendo, chama-se economia colaborativa. Não há outra maneira de desenvolvermos a saúde que não seja através da colaboração. Olhar a experiência dos outros, compartilhar, faz com que todos podemos crescer juntos”, afirmou.
Vilar apontou que as mudanças ocasionadas pelo novo coronavírus apresentam uma oportunidade de melhoria para os sistemas operacionais no setor da saúde, nas rotinas e processos, como a telemedicina. “Havia uma resistência a esse procedimento, e acho que teremos um avanço excepcional. E, ao contrário do que muitos pensam, será uma grande oportunidade de empregos”, afirmou.
No encerramento, Josier Vilar lembrou da importância das pessoas ajudarem o projeto Hotéis Solidários – iniciativa do FIS, em parceria com a rede hoteleira carioca, o Instituto da Criança, o CREMERJ e o IBKL – que oferece a profissionais de saúde cadastrados, acomodações para evitar contato com seus familiares após seus plantões em ambientes de risco. Saiba mais aqui.
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