Médicos que atendem um grande volume de pacientes prescrevem mais antibióticos
Metade de pacientes idosos com infecção respiratória não bacteriana recebeu antibióticos, no CanadáQuase metade dos pacientes idosos com infecção respiratória aguda não bacteriana recebeu prescrição de antibióticos no Canadá, revelou um novo estudo publicado no jornal Annals of Internal Medicine. Outro dado que chama a atenção, é que os médicos com mais tempo de formados e aqueles que atendem um grande volume de pacientes foram os que prescreveram antibióticos com mais frequência.
O Dr. Michael Silverman, médico da Schulich School of Medicine and Dentistry, St. Joseph’s Health Care, emLondon (cidade localizada entre Toronto e Windsor, divisa com os EUA), e colaboradores, avaliaram os prontuários médicos de pacientes que procuraram o atendimento primário entre 1º de janeiro e 31 de dezembro de 2012. “Descobrimos que quase um em cada dois pacientes idosos que passaram por uma consulta médica no atendimento primário por causa de infecção respiratória aguda não bacteriana recebeu prescrição de antibióticos”, explica.
É necessário diminuir o uso de antibióticos do tipo fluoroquinolona
O estudo incluiu 185.014 pacientes com 66 anos de idade ou mais, que procuraram atendimento médico por causa de alguma infecção respiratória aguda não bacteriana, como rinofaringite, bronquite, sinusite ou laringite. O número de médicos analisados foi de 8.990. O estudo excluiu pacientes com diagnóstico de infecção bacteriana e pacientes de alto risco, como aqueles com quadros de comprometimento imunitário, neoplasia e os pacientes institucionalizados. A maioria dos pacientes foi atendida por um único médico.
Os médicos prescreveram antibióticos para 46,2% dos pacientes. As características dos pacientes foram semelhantes em geral; entretanto, os que receberam o medicamento tiveram mais probabilidade de apresentar um quadro agudo de bronquite (45,3% vs 19,3%) ou sinusite (17,1% vs 10,6%) e de ter tomado antibióticos no ano anterior (34,2% vs 27,7%).
Além disso, os pesquisadores descobriram que entre os médicos os índices de prescrição “foram mais altos para aqueles com mais tempo de formados (mediana de 42,9%) e entre os médicos cujo volume diário de atendimentos ultrapassou 45 pacientes por dia (mediana de 47,7%)”. Os índices de prescrição foram mais baixos entre os médicos com afiliação hospitalar, bem como entre aqueles que tinham se formado no Canadá ou nos Estados Unidos, em comparação aos médicos formados em outros países.
Os pesquisadores observaram especificamente que os antibióticos de amplo espectro foram os antimicrobianos mais comumente prescritos (69,9% das prescrições), como os macrolídeos (48,9%), as cefalosporinas (11,4%) e as fluoroquinolonas (9,6%).
Os autores destacam, porém, as limitações do estudo. A fundamentação teórica de cada prescrição de antimicrobianos, ou a exatidão dos dados diagnósticos devem ser levadas em conta em um estudo mais amplo. O fato de somente os pacientes com mais de 65 anos terem sido incluídos também restringe a possibilidade de generalização dos resultados.