91% dos brasileiros querem “exame da ordem” para médicos
Testes aos moldes dos praticados para advogados
De acordo com reportagem publicada na Folha de S. Paulo, o levantamento revela que apenas 22% dos entrevistados consideram que a qualificação dos médicos tenha melhorado nos últimos anos.
Nas regiões metropolitanas a percepção de piora é maior do que nas regiões do interior (42% contra 31%).
No entanto, a aplicação de um exame como o da ordem não é consenso. Segundo informações, o Ministério da Educação e o CFM (Conselho Federal de Medicina) defendem que os alunos sejam avaliados periodicamente durante o curso, e não no final.
O Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo) aplica há 11 anos um teste para os recém-formados em medicina no Estado de São Paulo. Nesse período, a taxa de reprovação tem sido acima de 50%.
Embora seja um exame obrigatório para obtenção do registro do conselho, mesmo quem vai mal nele não é impedido de exercer a profissão. Isso porque, por lei, o conselho não pode condicionar o registro ao resultado da prova. Para isso acontecer, era necessário alterar a legislação federal.
Várias instituições do estado de São Paulo começaram a exigir o exame do Cremesp como critério para o ingresso na residência médica e no mercado de trabalho. “É um exame reconhecido nacionalmente, apoiado pela população e que tem colocado na deriva os conselhos médicos contra”, destaca o cardiologista Bráulio Luna Filho, presidente do Cremesp.
Florisval Meinão, presidente da APM, comenta que o exame paulista tem mostrado que a formação médica é um problema muito sério. “E que tende a piorar com a abertura desenfreada de novas escolas médicas sem as menores condições”, afirma.
Meinão reforça que é preciso o país instituir um exame no final do curso, a exemplo do que fazem os Estados Unidos e países da Europa.
Nota
“Os exames terminais [como o do Cremesp] responsabilizam unicamente o estudante por eventuais problemas no aprendizado, não gerando impacto para os processos de avaliação da instituição de ensino. Os exames de progresso resolvem o problema na fonte.”
Os exames também serão critério classificatório para a seleção dos programas de residência médica, com previsão de acesso a partir de 2019. Ainda segundo a Folha, o ministério informou que, a partir de março de 2016, os cursos de medicina do país também serão submetidos a processos de avaliação externa.