Gestão e Qualidade | 23 de janeiro de 2017

UTIs hospitalares estão sendo mal utilizadas?

Estudo demonstra que a alocação de pacientes precisa ser mais eficiente
UTIs hospitalares estão sendo mal utilizadas

As Unidades de Terapia Intensiva (UTI´s), que fornecem as formas mais complexas, caras e invasivas de cuidados em um ambiente hospitalar, estão sendo utilizadas com frequência para pacientes que não precisam desse nível de atenção, de acordo com um novo estudo do Instituto de Pesquisa Biomédica de Los Angeles (LA BioMed) e pesquisadores da Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA). O estudo foi publicado no Journal of the American Medical Association Internal Medicine (JAMA).

Os pesquisadores analisaram 808 internações na UTI de 1º de julho de 2015 a 15 de junho de 2016 no Centro Médico Harbor-UCLA e identificaram que mais de metade dos pacientes poderiam ter sido atendidos em ambientes menos dispendiosos e invasivos.

Mais de 50% dos pacientes foram alocados de forma errada

Dos pacientes do estudo, 23,4% necessitavam de acompanhamento próximo, mas não cuidados em nível de UTI. Outros 20,9% dos pacientes estavam em estado crítico, mas provavelmente não se recuperariam porque tinham doenças subjacentes ou gravidade aumentada motivada por doença aguda. Para outros 8%, a morte era iminente ou os mesmos resultados eram esperados em cuidados não-UTI.

“Nosso estudo descobriu que mais de 50% dos pacientes admitidos na UTI foram categorizados como ´muito doentes para se beneficiar de UTI´ ou cujos cuidados poderiam ser prestados com níveis equivalentes de atenção em configurações não-UTI “, disse Dong W. Chang, médico e pesquisador na LA BioMed. “Esta pesquisa indica que os cuidados com a UTI são ineficazes [para certo tipo de paciente], quando se direciona recursos substanciais aos doentes que são menos propensos a se beneficiar deste nível de cuidados. Estes achados são uma preocupação para os pacientes, os prestadores e o sistema de cuidados de saúde, em razão de que a UTI gera um custo substancial. ”

Os pesquisadores somaram o número de dias que cada um dos pacientes permaneceu na UTI, e descobriram que em cerca de 65% do tempo, os pacientes receberam assistência considerada como “monitoramento discricionário”, com baixa probabilidade de benefício. Mesmo que algumas doenças pudessem ser consideradas de situação crítica, poderiam ter sido tratadas em configurações diferentes da UTI.

“Embora este estudo seja de apenas um hospital e os resultados podem diferir em outros centros médicos, suspeitamos que estas características de utilização da UTI são comuns e prevalentes em muitas instituições”, disse o Dr. Chang.

Os pesquisadores ponderaram que em alguns hospitais, a UTI pode ser o nível mais adequado de atendimento pelo fato de que alguns estabelecimentos não têm níveis adequados de cuidados instalados para os pacientes fora de uma unidade de UTI.

O especialista defende a necessidade de se estudar o subconjunto de pacientes que foram direcionados para a UTI em situações que poderiam estar em outra estrutura. “Refinar nossa capacidade de identificar esses pacientes e desenvolver abordagens para melhorar a utilização da UTI são passos importantes para assegurar o melhor atendimento aos pacientes e o uso mais eficiente dos recursos limitados do sistema de saúde”, finalizou Dr. Chang.

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