Uso de ferramenta DRG já é realidade em parceria do Hospital Mãe de Deus com Unimed, em Porto Alegre
Compartilhamento entre as instituições visa um novo modelo de relacionamento comercial e assistencial
A última palestra realizada no evento Seminários de Gestão, no dia 1 de dezembro, apresentou o case da parceria realizada entre o Hospital Mãe de Deus (HMD), representado pelo Superintendente Médico, Luiz Felipe dos Santos Gonçalves, e a UNIMED Porto Alegre, representada pelo Diretor de Provimento de Saúde, médico Salvador Gullo, baseada no modelo de relacionamento DRG – Diagnosis Related Groups, também conhecido como Grupo de Diagnósticos Relacionados. Chamado de Sistema UM de Saúde (junção de Unimed e Mãe de Deus), a parceria visa desenvolver um novo modelo de relacionamento comercial, a partir da avaliação do desempenho assistencial do hospital. O gerente geral de Serviços Operacionais do Hospital Divina Providência, Ricardo Minotto, foi o debatedor do evento.
Iniciada em maio e anunciado com exclusividade pelo portal de notícias da FEHOSUL (Setor Saúde), o Sistema UM decorre de uma parceria gestionada pelas duas instituições desde 2010. Gonçalves e Gullo explanaram como foi sendo desenvolvida a parceria: em 2010, a realização de contratações isoladas de consultoria visando estabelecer os bancos de dados; em 2013 o HMD avançou e instituiu o DRG; e o modelo de remuneração foi lançado na Unimed em 2015; a partir de janeiro de 2017, as duas instituições definiram o plano da parceria, alinhando com um empresa de consultoria especializada em DRG. Os representantes das duas instituições enfatizaram que a ideia da parceria é criar um modelo mais eficiente, que gere aumento de qualidade assistencial e segurança ao paciente.

Salvador Gullo, Diretor de Provimento de Saúde da UNIMED POA
Os palestrantes explicaram como ocorre a parceria: inicialmente, com o compartilhamento de uma base de dados que é codificada e, partir disso, são gerados indicadores, que possibilitam que sejam feitos plano de ação e metas para melhorar a qualidade assistencial. Gullo e Gonçalves ressaltaram que a qualidade assistencial se baseia em pilares como: a definição de indicadores de qualidade, reduzir eventos adversos, reduzir internações potencialmente evitáveis, reduzir readmissões hospitalares, realizar a desospitalização de forma segura, trazer melhor experiência aos pacientes.

Luiz Felipe dos Santos Gonçalves, Superintendente Médico do Hospital Mãe de Deus
Inicialmente, o Sistema UM somente está realizando procedimentos de baixa complexidade e alta previsibilidade (cirúrgicos), que evoluirá para um estágio médio (clínicos), e finalmente realizando procedimentos de alta complexidade (cirúrgicos e clínicos). “Com o uso do DRG, tivemos enormes benefícios de gestão clínica. O DRG é uma ferramenta que permite identificar melhor o atendimento dos pacientes. Essa codificação permite identificar mais claramente isso, e o hospital consegue entender melhor o que é cada especialidade, do que é composta, quais são os procedimentos que mais fazemos”, destacou Gonçalves.
https://youtu.be/hWc0Fw5Wntg
Os dois palestrantes ressaltaram que a parceria trouxe benefícios. “O ganho compartilhado fundamental é reduzir burocracia fútil, com esse modelo estamos diminuindo o envio de contas, acelerando procedimentos e o tornando mais fáceis de realizar, principalmente para o paciente”, enfatizou o Superintendente Médico do HMD. Gullo analisou o compartilhamento entre as instituições e considerou que estas práticas serão o futuro das instituições de saúde. “O mundo hoje é compartilhado, e dificilmente alguma instituição vá sobreviver sem ser parceira de alguém. Cada vez mais, operadoras e prestadores de hospitais e clinicas vão ter que entender que fazem parte de um sistema e trabalhar de forma compartilhada”, frisou o Diretor de Provimento de Saúde da Unimed.

Os palestrantes ressaltaram que a parceria entre Unimed e Mãe de Deus trouxe benefícios
A parceria gerou boa repercussão entre as demais instituições, como ressaltou Gullo. “A repercussão tem sido fantástica. As pessoas estão interessadas em saber como estamos agindo. O mais importante é a postura que as duas instituições estão passando para o mercado, de compartilhar, de trabalhar de forma parceira e integrada. Isso que eu acho o diferencial, não importando a ferramenta, é o DRG, mas poderia ser qualquer outra. Precisamos fazer algo diferente pelo sistema de saúde”, enfatizou.
Os palestrantes salientaram que um dos principais resultados que já podem ser observados é a drástica diminuição no prazo médio de apresentação das contas. “Uma apresentação das contas de procedimentos de parto, que antes do DRG ocorria em média em 32 dias. Com a entrada do DRG, ele começa apresentando em 13 dias e hoje já estamos com média de 8 dias. A nossa meta é chegar em 5 dias”, destacou Gullo, que enfatizou que este procedimento gera desburocratização, agilidade, inclusive nos pagamentos, e economia mútua para os parceiros.

Ricardo Minotto, Salvador Gullo e Luiz Felipe Gonçalves
O coordenador do debate Ricardo Minotto, elogiou a iniciativa e perguntou a Gullo, como a Unimed Porto Alegre está pensando a adoção para outros hospitais. “Ao poucos” respondeu Gullo. Luís Felipe ressaltou que o “DRG não é a solução para tudo, mas que serve para algumas situações, assim como outros modelos se adaptam a certa ocasiões”.