Geral | 28 de outubro de 2014

Trombose mata um milhão de pessoas por ano

Quando não diagnosticada a tempo, doença é altamente fatal
Trombose Venos Profunda

O tromboembolismo é uma das três principais causas de morte no mundo, depois do infarto do miocárdio e do acidente vascular encefálico. Milhões de vidas e bilhões de dólares se perdem anualmente, em todo o mundo, por causa da trombose e da embolia pulmonar.

A TVP acomete as veias dos membros inferiores e é causa da embolia pulmonar, altamente fatal quando não diagnosticada em tempo. É responsável pela morte de um milhão de pessoas todos os anos, sendo cerca de 300 mil nos Estados Unidos e 544 mil na Europa. Já a embolia ocorre entre 60 e 70 casos para cada 100 mil. Em 2014, a Sociedade Internacional de Hemostasia e Trombose instituiu o 13 de outubro como o Dia Mundial da Trombose, com o objetivo de conscientizar profissionais e pacientes sobre a doença, principalmente a trombose venosa profunda (TVP).

Para detectar sinais da doença, o médico Marcelo Basso Gazzana, Chefe do Serviço Médico de Pneumologia e Cirurgia Torácica do Hospital Moinhos de Vento, explica que “o exame clínico – relato do paciente e exame físico – pode sugerir o quadro de TVP. Isto é, edema, dor e calor no membro afetado, normalmente as pernas. Em relação à tromboembolia pulmonar (TEP) os sintomas mais comuns são dispneia, dor torácica e taquipneia. Às vezes, pode ocorrer tosse, febre, catarro com sangue ou mesmo desmaios nos casos mais graves. Tanto na TVP quanto na embolia pulmonar, há situações de risco que devem alertar o médico quanto à possibilidade do diagnóstico”.

No Brasil, não há registros precisos, mas dados do Ministério da Saúde afirmam que, de cada mil brasileiros, um ou dois tenham trombose. Os estudos sobre embolia pulmonar também são raros. Dados do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu mostram que, a prevalência varia de 3,9% a 16,6%. Os resultados são similares a estudos nos EUA, onde a prevalência de embolia pulmonar varia de 3,4% a 14,8%.

Em casos de idosos submetidos à cirurgia ortopédica de grande porte (quadril e joelho, por exemplo), é necessária a prevenção adequada. Quando não são tomadas as medidas de precaução, a trombose pode atingir entre 40% e 60% dos pacientes.

A trombose é causada pela presença de coágulos nas artérias ou veias. Os principais fatores que levam à TVP são: estase venosa (diminuição do fluxo venoso), lesão da parede da veia (normalmente devido a traumas) e alterações da coagulação do sangue. Entre os fatores relacionados à trombose estão antecedentes familiares de eventos trombóticos, tabagismo, hipertensão arterial, idade, cirurgias gerais, trauma, câncer, uso de contraceptivos, e terapia de reposição hormonal.

A parede da veia/artéria lesada causa um mal funcionamento que, após um período de até dois anos, pode gerar o aparecimento de varizes, edema crônico, úlceras venosas, eczema varicoso e pigmentação de cor ocre na perna. Dependendo do tamanho da veia, a circulação venosa do membro acometido fica obstruída, causando desconforto. Este trombo pode aumentar e migrar para o pulmão, levando à embolia pulmonar.

“O principal exame diagnóstico é a ecografia com doppler a cores do sistema venoso profundo. Também é possível fazer o diagnóstico por venotomografia computadorizada, venoressonancia magnética ou de forma mais invasiva pela flebografia (um cateterismo venoso)”, explica o especialista.

O tratamento é feito com anticoagulantes. “No inicio, muitas vezes se utiliza medicamentos injetáveis e, após, são modificados para via oral (warfarin ou os novos anticoagulantes). Entretanto, os novos anticoagulantes (tipo rivaroxaban e apixaban) podem tratar a TVP desde o início sem necessidade de medicações subcutâneas ou intravenosas”, diz Dr. Gazzana. Aprovada pela Anvisa, a rivaroxabana é um anticoagulante oral que foi descoberto nos laboratórios da Bayer HealthCare, na Alemanha, e tem sido amplamente utilizado para o tratamento. Comercializado sob a marca Xarelto, não exige o monitoramento da coagulação e também possui um baixo potencial de interação com alimentos e outros medicamentos.

Muitas vezes a doença pode ser potencializada em viagens de aviação. “A TVP/TEP, que na verdade fazem parte da doença tromboembolismo venoso (TEV), pode ocasionar a chamada síndrome da classe econômica, embora também ocorra na primeira classe. Está associada a viagens de longa distância. Isto se deve a imobilidade prolongada, espaço estreito nas poltronas, desidratação, baixa pressão atmosférica e uso de sedativos para dormir”, comentou Dr. Gazzana.

A TEV é uma doença relativamente frequente. Conforme estudo apresentado pelo Hospital Moinhos de Vento no Congresso Brasileiro de Pneumologia, “a incidência de TEP após a admissão na CTI foi de 0,6% (28 casos em 4.225). A impressão nossa, e da literatura médica, é que a incidência vem aumentando pelos seguintes fatores: os pacientes estão vivendo por mais tempo e são submetidos a procedimentos invasivos, há melhores exames para diagnosticar esta situação e há melhor formação dos médicos para suspeitarem desta condição”, conclui o Dr. Marcelo  Gazzana.

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