Gestão e Qualidade, Política | 2 de março de 2015

Transparência, diálogo e integração marcam o Desafios da Saúde 2015

Evento da FEHOSUL, do Sindihospa e dos demais sindicatos filiados recebeu os novos dirigentes da Saúde e Ipergs
Transparência, diálogo e integração marcam o Desafios da Saúde 2015

A FEHOSUL deu início, oficialmente, à agenda de atividades do presente ano no dia 27 de fevereiro, com o evento Desafios da Saúde 2015 realizado no Hotel Sheraton, com as presenças do Secretário da Saúde, João Gabbardo e do presidente indicado do Ipergs, José Parode. A atividade foi realizada em parceria com o Sindihospa.

Cumprindo com o papel de favorecer o diálogo com os poderes, possibilitando a construção e o desenvolvimento harmônico de um sistema de saúde mais justo, o encontro teve a presença também do médico Eduardo Lopes, já empossado diretor administrativo financeiro do Ipergs, que acompanhou Parode e do administrador Francisco Bernd, chefe de gabinete, do médico Francisco Zancan Paz, diretor geral, da enfermeira Teresinha Valduga, diretora da Escola de Saúde Pública, do médico Alexandre de Brito, diretor do Departamento de Atenção Hospitalar e Ambulatorial (DAHA) e de Rogério Nardele, assessor para assuntos parlamentares, que acompanharam o secretário João Gabbardo.

“Convidamos os principais dirigentes vinculados à Fehosul e seus sindicatos filiados, para desenvolver uma reflexão sobre os desafios e o futuro do SUS junto ao Secretário de Saúde. Ele fez questão de estar presente nesta atividade acompanhado dos seus principais colaboradores”, enalteceu o presidente da Fehosul, Dr. Cláudio Allgayer, na abertura do evento. Também compuseram a mesa principal o médico e deputado estadual Pedro Westphalen, Secretário Estadual de Transportes e Mobilidade e o presidente do Sindihospa, economista Fernando Torelly.

O presidente da FEHOSUL destacou, no seu pronunciamento, que, ao longo de sua gestão, o secretário “vai encontrar em nós, permanentemente, pessoas e instituições prontas para o diálogo construtivo, franco, respeitoso e sincero. Estamos disponíveis para ajudar a construir as melhores soluções, ao lado de quem tem a singular e difícil responsabilidade de conduzir a saúde gaúcha, um gestor experimentado e qualificado”.

Pedro Westphalen, que também é vice-presidente da FEHOSUL, lembrou que “o que nos une no exercício da nossa atividade, é o paciente. Não devemos ficar a procurar culpados do que já passou. As dificuldades são muitas, aparecem todos os dias. Não surgiram agora, mas precisam ser combatidas por essa gestão”. Da mesma forma, Torelly destacou que “antes de criticar, precisamos estar juntos, porque o problema é nosso e temos que buscar as soluções possíveis de forma integrada”.

Gabbardo revelou que, antes de assumir como secretário de saúde, procurou o presidente da FEHOSUL, para construir pontes e buscar soluções. “Telefonei para pedir que trabalhássemos em parceria e pedi contribuições, que recebi”, afirmou Gabbardo.

Ao tratar dos desafios que tem pela frente, Gabbardo revelou que pensa em medidas como sistemas compartilhados para aquisição de materiais, criação de uma central de compras, unidades (como uma lavanderia) para compartilhar com hospitais de pequeno porte. “Esses gastos são fixos e não dependem diretamente da assistência. A questão financeira é a principal do momento”.

O secretário rechaçou corte no orçamento da saúde. “O governador me garantiu a manutenção dos 12%”, destacou com ênfase. “Fazendo as contas do atual ano de 2015, já aplicamos quase R$ 300 milhões. Pouco mais de R$ 100 milhões recebidos do Ministério da Saúde e repassados aos prestadores de serviços e o restante oriundo do caixa do Governo do Estado. A cada Real que entrou do Ministério de Saúde para pagar procedimentos assistenciais realizados, o estado colocou mais R$ 2 de incentivo”, esclareceu Gabbardo, dizendo-se entristecido por não ver reconhecido este esforço do governo estadual por alguns dirigentes da área.

“É preciso rever essa política de todo recurso novo ser incentivo, e não ligado à prestação de serviço. Gostaria de modificar isso, o valor agregado deve vir com um aumento na qualidade e na produção. Não pode simplesmente haver incentivo que não sabemos para onde vai. A população não sente esse benefício se isso não aumenta a capacidade de atendimento”, afirmou o Secretário da Saúde, criticando a política de incentivos financeiros adotada nos últimos anos que não valorizou o incremento da produção de serviços assistenciais.

Ao falar na administração do orçamento encaminhado na gestão anterior, para ser executado no atual exercício, Gabbardo ressaltou que “as despesas com municípios, com hospitais, incentivos (só do Tesouro do Estado), a conta mensal fica em R$ 180 milhões. E a Secretaria ficou devendo mais R$ 500 milhões do ano passado. Vamos olhar para trás, ou ver como fazer em 2015?”, questionou.

Ao destacar a importância do trabalho integrado, o secretário abriu margem para ideias. “Todos estão se colocando à disposição para ajudar. Então pergunto, que sugestões vocês fariam? Cada coisa que fazemos para tentar diminuir algum gasto, é uma guerra”, lembrou. “A SES tem dificuldade para pintar o São Pedro, para manter a frota de veículos. A capacidade de administrar é baixa”. Após uma explanação transparente, franca e direta, Gabbardo encerrou com a pergunta: “Vamos enfrentar todas essas dificuldades. Se vocês estivessem no meu lugar, como fariam?”

Westphalen deu fim à primeira etapa do Desafios da Saúde enaltecendo o interesse de toda a Secretaria em debater com representantes de hospitais, clínicas e laboratórios. “É um marco este evento. O secretário veio com toda a sua equipe e expõe de maneira clara como encontrou o Estado sem procurar culpados, mas olhando o fato, o que fazer daqui para frente. A categoria tem sido capaz de superar crises há anos, e tem tradição de ajudar os gestores que a procuram de forma aberta e cooperativa. É o que vamos fazer com a atual gestão”, finalizou o fundador da Fehosul.

A segunda parte do evento teve apresentação do presidente indicado do Ipergs, administrador José Parode, sobre os desafios da nova gestão da autarquia estadual. “Não existe salvador da pátria, mas sim trabalho, dedicação e parceria. E isso se faz com diálogo e paciência. Queremos trabalhar com essa lógica, buscando com a FEHOSUL o equilíbrio das relações, através do cálculo atuarial e financeiro adequado para as partes – Ipergs e prestadores de serviço -, buscando atendimento de qualidade aos usuários”.

Para enfrentar a crise, o novo presidente traçou cinco desafios a serem enfrentados: a falta de credibilidade junto a usuários e prestadores de serviços; a defasagem dos preços dos serviços de saúde em relação ao mercado; o modelo de financiamento deficitário; as decisões políticas em detrimento do equilíbrio atuarial de longo prazo; e o elevado desembolso financeiro por decisões judiciais baseadas em legislações permissivas aos interesses da maioria dos beneficiários.

“Em 2014, houve desembolso de R$ 1,7 bilhões voltados à saúde. Isso demonstra que o Ipergs tem um potencial gigantesco. A dimensão dos números aponta para a possibilidade de busca de soluções para problemas, mesmo os de difícil solução, mas isso passa a ideia para a sociedade de que precisamos aproveitar esse potencial”, disse Parode. “É fundamental em qualquer plano de saúde, o controle da sinistralidade. Se não houver equilíbrio em relação ao custo e a receita, compromete o fundo, o sistema”, completou.

Para solucionar as questões de gestão econômica e atuarial, sete desafios pontuais foram apresentados por Parode: foco no equilíbrio atuarial e sustentabilidade econômico-financeira nas relações contratuais com prestadores; avaliar constantemente o custo atuarial dos serviços em comparação à contribuição do beneficiário e o mercado; transparência com prestação de contas aos usuários, prestadores e conveniados; revisar legislações vigentes nocivas ao equilíbrio atuarial de longo prazo; fortalecer a receita própria desvinculada do modelo de financiamento com contribuição solidária; expandir o número de contribuintes no regime solidário com salários mais elevados e no contributivo com novos conveniados; pagar os prestadores em dia. “É preciso pensar em receita e despesa, através da atualização tecnológica e com capacitação dos recursos humanos”, asseverou Parode.

Parode ainda frisou que “existe uma parceria permanente entre IPE-Saúde, médico, hospital e prestadores. Na prática, os prestadores precisam do Ipergs e vice-versa. Quando o Ipergs não cumpre sua missão, onera outros segmentos como o SUS. Vamos estabelecer essa relação de parceria para buscar soluções de forma conjunta”.

Para modernizar as estruturas administrativas com foco em resultado, Parode apresentou outras seis metas: adequação administrativa dos processos de gestão do gasto e da receita com foco no equilíbrio fiscal; atualização tecnológica permanente com capacitação de RH; fortalecer a parametrização e utilização de protocolos em relação aos serviços de saúde, com avaliação da qualidade; fortalecer o controle social de usuários e prestadores; criar unidades administrativas buscando a agilidade, como células de negócio com foco econômico, financeiro e social; gestão pactuada para resultados com acordos firmados entre presidência e demais diretorias.

“Queremos criar um sistema novo, desenvolver uma política mais eficiente, com melhor remuneração e com perspectiva de crescimento verdadeiro. Não adianta ficar falando que falta recurso. Vamos buscar pagar direito, valorizar, trazer a cultura de valorização do serviço e entregar o bom produto”, concluiu o presidente da autarquia estadual.

Eduardo Lopes, diretor administrativo e financeiro da autarquia estadual, destacou que a resolução dos problemas dos Ipergs, que passou por diferentes diretorias e concepções distintas ao longo dos anos, deve agora, priorizar as suas reais carências, dentre elas, a modernização do modelo de gestão e relacionamento com usuários e prestadores dos serviços de saúde. Eduardo Lopes, garantiu: “os prestadores terão atenção especial por parte da nova diretoria”.

Otimista ao encerrar o evento, extremamente concorrido e participativo, com predominância do diálogo franco, Cláudio Allgayer destacou que “dentre todas as manifestações, quatro pontos são músicas para os nossos ouvidos: transparência, diálogo, parceria e sustentabilidade. Nesses quatro parâmetros, podemos dizer que estamos caminhando para construir uma nova etapa do IPE-Saúde”, resumiu.

Gabbardo e Westphalen

Gabbardo e Westphalen

Cláudio Allgayer, presidente FEHOSUL

Cláudio Allgayer, presidente FEHOSUL

José Parode, indicado para a presidência do Ipergs

José Parode, indicado para a presidência do Ipergs

Dirigentes presentes ao evento realizado em Porto Alegre

Dirigentes presentes ao evento realizado em Porto Alegre

Mesa composta por dirigentes e equipe da Secretaria Estadual da Saúde

Mesa composta por dirigentes e equipe da Secretaria Estadual da Saúde

Fernando Torelly, presidente Sindihospa

Fernando Torelly, presidente Sindihospa

"Desafios da Saúde" foi desenvolvido em parceria entre FEHOSUL e Sindihospa

“Desafios da Saúde” foi desenvolvido em parceria pela FEHOSUL e o Sindihospa

Parode apresenta metas e objetivos para enfrentar os desafios do Ipergs/Ipe-Saúde

Parode apresenta metas e objetivos para enfrentar os desafios do Ipergs/Ipe-Saúde

Eduardo Lopes garante que haverá integração

Eduardo Lopes garante que haverá integração

Ildo Betineli

Ildo Betineli

Eduardo Lopes e José Parode (Ipergs), Cláudio Allgayer e Fernando Scarpellini Pedroso (FEHOSUL)

Eduardo Lopes e José Parode (Ipergs), Cláudio Allgayer e Fernando Scarpellini Pedroso (FEHOSUL)

 

 

 

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