Estatísticas e Análises | 10 de agosto de 2017

Substituir dieta pode proteger do câncer de pulmão

Trocar a gordura saturada pela gordura poli-insaturada previne perigosa doença
Substituir dieta pode proteger do câncer de pulmão

O estudo Dietary Fat Intake and Lung Cancer Risk: A Pooled Analysis, publicado na revista Journal of Clinical Oncology, abordou o papel da alimentação no câncer pulmonar. Ele destaca que a alta ingestão de gordura poli-insaturada diminuiu o risco da doença. “Nesta semana fomos positivamente surpreendidos com a publicação sugerindo uma inédita associação entre a ingestão de gordura saturada na dieta e a neoplasia pulmonar”, afirma o Dr. Fabiano Souza, médico oncologista do Hospital do Câncer Mãe de Deus.

Comparando as pessoas que mais consumiram gordura saturada com aquelas com a menor ingestão, os pesquisadores encontraram um aumento de 14% do risco de câncer pulmonar, entra quase 1,5 milhões de participantes. Quando são analisados somente os fumantes atuais versus não fumantes e ex-fumantes, o aumento do risco chega a 23%.

Outro resultado interessante é o fato de que a alta ingestão de gordura poli-insaturada diminuiu o risco da neoplasia pulmonar. Segundo o estudo, uma substituição de somente 5% da gordura saturada pela poli-insaturada foi associada a redução entre 16% a 17% de risco de câncer de pulmão de diferentes tipos histológicos. “Tal substituição parece algo factível de ser realizada pelas pessoas se houver orientação profissional”, comenta o Dr. Souza. “Apesar do estudo não ser a palavra final para estabelecer esta associação como definitiva, os resultados estão alinhados com outras pesquisas na área, que sugerem o malefício das gorduras saturadas e um benefício das gorduras poli-insaturadas na dieta”, completa o especialista.

O oncologista destaca que o combate ao tabagismo continua como prioridade para prevenir o câncer de pulmão. “Mas agora podemos recomendar também uma pequena substituição da gordura saturada para a poli-insaturada, principalmente para os fumantes, como mais uma estratégia preventiva”, afirma. A relação entre a ingestão alimentar de gordura e o risco de desenvolver câncer tem sido relatada nos últimos anos.

Os especialistas têm encontrado crescentes evidências de que o tipo de gordura ingerido pode ser mais importante para o excesso de risco de câncer e outras doenças crônicas do que a quantidade total de gorduras ingeridas. Já é conhecido que é preciso evitar ao máximo a ingestão de gordura trans de alimentos processados como biscoitos e salgadinhos. A substituição da gordura trans e da gordura saturada para as poli-insaturadas reduz o risco cardíaco dos indivíduos.

O Dr. Souza observa, porém, que para diminuir o risco de câncer, o papel desta substituição de gorduras saturadas para poli-insaturadas é ainda bastante controverso. Enquanto alguns estudos científicos encontraram associação entre o consumo de grandes quantidades de gordura e o risco de câncer, outros não confirmaram esses achados. No caso do câncer de pulmão, o maior fator de risco disparado ainda é o tabagismo.

As estimativas do Instituto Nacional de Câncer, para 2016/2017, são de cerca de 28.220 novos casos de câncer de pulmão (17.330 em homens e 10.890 em mulheres) no Brasil. O câncer de pulmão é a principal causa de morte por câncer entre homens e mulheres.

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