As empresas de tecnologia SISQUALIS e a NOXTEC promoveram um encontro com lideranças na quarta-feira (3) no Bistrô Vetro do Grêmio Náutico União, em Porto Alegre. O encontro HEALTH LEADERS teve um momento para discutir o tema “Como o RS pode se tornar referência em saúde na América Latina”, com a participação dos seguintes debatedores: Dr. Eduardo Neubarth Trindade (Vice-presidente do CREMERS), Luiz Carlos Pinto (Secretário de Inovação da Prefeitura de Porto Alegre) e Gilmar Dalla Roza (CEO da HEALTH MEETING BRASIL / SINDIHOSPA). O público presente foi composto por lideranças de hospitais de Porto Alegre, das cooperativas Unimed Porto Alegre e Unicred, e de entidades como SEBRAE-RS e SINDIHOSPA, entre outras. O portal Setor Saúde esteve presente e conversou com os debatedores e com as lideranças da SISQUALIS e NOXTEC.

“Muito importante o portal Setor Saúde estar aqui com a gente. O Setor Saúde é um ator importantíssimo, que faz fluir as ideias entre o ecossistema, divulgando as informações de mercado. Este evento de hoje busca confraternizar, encerrar o ano com as pessoas, com os atores, os principais atores do ecossistema de saúde do Rio Grande do Sul. A gente busca provocar essa convivência e promover novas ideias, trazer novas perspectivas para a questão de investimentos e para a desenvolver novas soluções que possam melhorar a saúde dos pacientes”, explicou Guilherme Barros (CEO da SISQUALIS).

Barros também falou sobre a parceria com a NOXTEC. “A nossa atuação, em conjunto com a NOXTEC, é muito importante, porque a NOXTEC ajuda muito a nossa empresa e os nossos projetos. Também possibilita outros negócios com mais complexidade. Atuamos muitas vezes em parceria e junto da filial da NOXTEC no Tecnopuc.”

Um dos principais projetos  da SISQUALIS, denominado “Interop Colaborativa”,  une os hospitais Ernesto Dornelles (HED), São Lucas da PUCRS (HSL), Mãe de Deus (HMD) e a operadora Unimed Porto Alegre e tem como objetivo gerar integração dos dados de saúde das emergências de Porto Alegre. “O projeto está muito bem posicionado, ele já está em operação assistida e a gente agora, a partir do dia 10, vai estar liberado para que os pacientes possam, através do seu consentimento, trazer suas informações de instituições diferentes. Estimamos que será uma crescida gradual em termos de aceitação. A gente imagina que já no primeiro mês poderemos ter em torno de 10 mil pacientes com os prontuários consolidados. Os benefícios para os pacientes são bem importantes. O principal deles é a melhora do desfecho.  Porque com mais informação, o médico consegue tomar melhores decisões, evita riscos para o paciente. De forma prática, diminui a possibilidade de radiação desnecessária em exames, alergias, eventos adversos em geral. Para os hospitais vai ter um grande ganho na questão do ecossistema, porque se é um hospital que presta serviço para o SUS, ele já evita fazer procedimentos desnecessários, conhece melhor o histórico do paciente, diminui o custo. Para os profissionais de saúde igualmente vai ser muito interessante, porque hoje um dos grandes problemas é o burnout médico, devido a essa quantidade de informações que os médicos têm que buscar em sistemas diferentes. Com essa integração, a gente entende que vai trazer mais informação qualificada e de forma mais ágil pra ele”, completou Barros (no centro, foto abaixo).

Rodrigo Silveira (Gestor Comercial da NOXTEC para a região Sul) falou sobre o evento e sobre os projetos e serviços da empresa em áreas como a telemedicina e a interoperabilidade. “Hoje a nossa matriz está localizada em Recife, mas atendemos o Brasil inteiro, temos abrangência em todos os estados. No Rio Grande do Sul, aqui em Porto Alegre, a gente tem uma parceria muito forte com a SISQUALIS, principalmente em nome do Guilherme Barros, onde participamos de vários projetos em união. Este evento também é uma confraternização entre clientes, amigos, parceiros. Praticamente todos os hospitais que estão aqui hoje possuem projetos contratados ou em vias de acordo. A NOXTEC está há três no Rio Grande do Sul. Estamos muito contentes com o crescimento avançado que estamos conquistando. Vamos ter as falas do Luiz Carlos, Secretário de Inovação, que para nós é muito importante. O Eduardo do CREMERS vai nos trazer a visão médica e o Gilmar Dalla Rosa, trará informações sobre o setor como um todo e o evento HEALTH MEETING. O evento é de confraternização e para trocarmos informações importantes sobre a área da saúde e fazer networking.”

“Falando de NOXTEC, hoje a gente tem grandes parceiros aqui em Porto Alegre, tem o Hospital São Lucas e o Hospital Moinhos de Vento, que já são clientes da nossa base. Com a SISQUALIS, a gente tem outros projetos como o Connect Saúde, que é muito importante para nós. Gostamos muito desta parceria com eles. Posso falar que a NOXTEC está no seu melhor ano. Somos uma empresa muito jovem, mas já temos abrangência no Brasil inteiro. Nós temos muitos projetos no Centro-Oeste, principalmente o Estado do Goiás e o Estado do Distrito Federal, que são muito importantes para nós. E a ideia agora é replicar.” 

“Temos um grande projeto com a Prefeitura de Caxias do Sul e a com o FUSEX [Fundo de Saúde do Exército], um projeto a nível nacional, mas com pontos de atuação aqui. Hoje só no Rio Grande do Sul a gente deve ter umas 20 unidades da FUSEX que são quartéis que atendem o plano de saúde da FUSEX, utilizando a nossa telemedicina. Então, fora isso, a gente tem vários projetos de interoperabilidade com a SISQUALIS. Uma novidade é que devemos expandir o Connect Saúde. Temos hoje quatro hospitais, mas devemos aumentar essa lista. Temos conversas avançadas com outros municípios também, olhando para a interoperabilidade. Queremos criar novos cases de sucesso em Santa Maria, Pelotas, Passo Fundo. Estivemos agora há pouco tempo em Santa Cruz e Lajeado”, informou Silveira.

“Hoje a NOXTEC atua como hub de soluções. Ela agrega a consultoria especializada para hospitais, principalmente na parte de tecnologia de sistemas. A parte de telemedicina teve um boom em 2025, e por conta desse produto a gente vai ter o nosso melhor ano de faturamento. Quanto à telemedicina, os prefeitos e as estruturas públicas têm entendido que eles conseguem terceirizar isso, para desafogar a fila de atendimento, para dar melhor atendimento à população. Então, corroborando com o que a gente está falando com o SISQUALIS aqui, com a interoperabilidade, a gente consegue fazer a integração dos prontuários eletrônicos. Ou seja, não é somente o serviço de telessaúde, mas também trazer conectividade para dentro desses projetos”, completou o responsável pela área comercial da NOXTEC para os estados de Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná.

HEALTH MEETING anuncia contratação de agente e novidades

Gilmar Dalla Roza (CEO da HEALTH MEETING BRASIL / SINDIHOSPA) falou sobre importância estratégica do evento HEALTH MEETING como um polo de inovação e conexão no setor da saúde do Rio Grande do Sul, e os planos para sua internacionalização e crescimento, impulsionados por uma recente visita à maior feira de saúde da Alemanha. Dalla Roza também elogiou o evento de confraternização da NOXTEC e SISQUALIS, que conseguiu reunir os atores da saúde gaúcha. “Eu entendo que qualquer evento que reúna as pessoas de inovação, as pessoas da área de saúde, a HEALTH MEETING tem que estar presente. Ela é o ponto de conexão de tudo isso que a gente vem construindo nesses quatro anos. Então, é muito importante para nós estarmos aqui. É em encontros como este que surgem ideias para o nosso evento. Hoje aqui em conversa com o Secretário, ele sugeriu alguma ação já pré-HEALTH MEETING que eu achei fantástica. Agora nós estávamos em outra conversa com o Hospital de Clínicas sobre o Hospital do Amanhã. Precisamos estar juntos das pessoas que decidem, porque a feira é feita de confiança. Você ter a confiança do mercado é fundamental.”

“A gente foi ver de perto na Alemanha a segunda maior feira do mundo [MEDICA]. Ela é a mais longeva do mundo e nosso intuito foi ver como eles estão se apresentando e para buscar coisas interessantes para os nossos visitantes e parceiros. Também foi importante para trazer expositores internacionais. Conversamos com alguns países, por exemplo, Israel e França, e com vários estados da Alemanha. A Alemanha vai muito em grupo, une o setor de saúde para estar presente na Feira. Esta ideia vamos trabalhar para 2026 com as unidades da federação para se fazerem presentes e vender a saúde feita em suas regiões. Mostramos para várias lideranças presentes na MEDICA o tamanho do nosso mercado, o que é o Brasil no cenário. Quando tu falas em saúde no Brasil, eles só conhecem a feira Hospitalar. Mostramos e dissemos a eles: a região Sul é o segundo polo do Brasil, tem grandes possibilidades de negócios. “

“A viagem também serviu para fazermos novas contratações para a nossa equipe. Contratamos um agente que vai trabalhar para nós. Conversamos com algumas empresas chinesas também. Os chineses têm muito interesse em vir. Resumindo, a experiência foi maravilhosa. E para a Alessandra [Dewes, Gerente Executiva do SINDIHOSPA e Gestora dos Congressos da HEALTH MEETING] foi muito boa a visita à MEDICA, porque ela não tinha ido para a Europa ainda. Ela pôde ter contato com uma cultura diferente e ver de perto a organização de um evento realizado pelos alemães, sempre muito organizados. Os pavilhões são maravilhosos. Tu desces do trem, sobe uma escada rolante, estás dentro da feira. Em termos de estrutura eles estão à frente, mas em termos de inovação acredito que estamos melhor. Por exemplo, o espaço Hospital do Amanhã nosso é bem mais disruptivo do que o similar deles, chamado de Hospital do Futuro”, contou Dalla Roza.

Inovação em Porto Alegre: Secretário diz que Fundo para ajudar startups deep techs será lançado em breve

O Secretário de Inovação de Porto Alegre, Luiz Carlos Pinto, falou do papel do HEALTH MEETING e da Prefeitura de Porto Alegre na construção de um ecossistema de inovação em saúde, enfrentando desafios e capitalizando as competências locais. Pinto também anunciou novidades para 2026, um fundo voltado para deep techs. “A área da saúde é uma competência que foi se construindo ao longo do tempo e realmente o estado do Rio Grande do Sul e a cidade de Porto Alegre, em particular, têm uma vocação para a área da saúde, com instituições muito poderosas, com reputação muito boa, com grandes escolas de formação de profissionais da saúde e com toda uma lógica inclusive de atração do que a gente chama de turismo da saúde, reflexo da realidade de atendimentos e da qualidade do ecossistema. Hoje, a maior parte das nossas estruturas de saúde tradicionais têm estruturas de inovação. A gente vê a multiplicidade de hubs de inovação em quase todos os grandes hospitais, nas universidades. Isso foi nos dando uma capacidade de articulação porque um dos grandes desafios é que a gente produz muito conhecimento em saúde, a gente produz muito talento em saúde, mas nem todo esse conhecimento e esse talento está virando em negócios. Acho que esse é o grande desafio.”

“A gente, lá no primeiro South Summit, começou a entender que o setor da saúde precisava de uma governança integrada para poder organizar um pouco o sistema de jogo. Por isso a gente cria o South Collab Health, uma maneira de conectar os vários atores. Unimos empresários, startups, universidades, poder público, hospitais, instituições de saúde e organizações da sociedade civil. Começamos a entender que a gente está numa rampa de evolução, que a gente já tem espaços de inovação, que boa parte do setor da saúde já começou a entender a importância da inovação, mas que a gente ainda tem alguns desafios. A gente primeiramente tinha que se tornar referencial nessa questão de saúde, não tanto pelos serviços de saúde, pela competência de saúde, mas pela inovação de saúde. E aí entra o HEALTH MEETING. O evento nos permitiu ter um posicionamento e agregou valor, nos permitiu jogar o jogo da inovação em um sentido global. O HEALTH MEETING é um dos principais eventos do Brasil, um dos principais da América Latina e está começando a se tornar um evento global. E é isso que a gente vem construindo, com parceiros e com os segmentos econômicos da saúde. O HEALTH MEETING para o setor da saúde tem a mesma importância que o South Summit para o setor da inovação como um todo.”

Pinto anunciou que em breve um Fundo de Investimento será lançado para ajudar a alavancar ainda mais a inovação. “A gente vem trabalhando muito em dois aspectos. O primeiro deles é trabalhar a preparação de startups para falar com grandes fundos. E o segundo é começar a pensar em fundos que tenham essa característica de serem mais adequados para as deep techs [startups que criam inovações oriundas das descobertas da ciência]. A gente vai anunciar aqui que estamos construído um grande fundo que vai ter um papel útil nessa área. Esse fundo não é voltado para a saúde somente, será variado. Mas obviamente a saúde é uma das principais competências, é um dos principais clusters que a gente tem aqui e que poderá se beneficiar deste nosso movimento.  A gente tem desafios dentro dessa pipeline de financiamento. Muitas empresas morrem num certo momento porque elas não conseguem alcançar os recursos para o seu desenvolvimento”, lembrou Pinto.

Atuação do CREMERS e a colaboração intersetorial 

O Vice-presidente do CREMERS, Eduardo Neubarth Trindade, falou sobre a importância da colaboração intersetorial na saúde, os desafios enfrentados pela classe médica (remuneração, tecnologia, gestão) e o papel do CREMERS na definição de uma agenda política robusta para o setor, especialmente no que diz respeito ao uso eficaz dos recursos. “Este evento aqui hoje está reunindo vários setores que muitas vezes não conversam, mas que estão trabalhando sobre o mesmo assunto. É muito importante eventos como esse. Os médicos da área assistencial, os profissionais que estão na área de tecnologia da informação, os executivos da área de gestão de hospitais; precisam se falar para trazer soluções, porque a gente tem que unir forças  e enxergar um denominador comum, até para não encontrar travas. Por exemplo, o TI desenvolveu um baita sistema, mas não conversou com a área assistencial, que vai lá, torce o nariz. O gestor eventualmente não quer pagar para ter acesso a alguma inovação, pois não enxerga que que depois ali adiante vai ter grandes benefícios. Então se a gente unir forças, será muito importante.”

Neubarth falou sobre os desafios atuais e os projetos para 2026 no âmbito da atuação do CREMERS. “As dores dos médicos que realmente nos afligem são em torno da questão remuneratória, que infelizmente vem caindo ano após ano. A questão do IPE também, que não parece vislumbrar soluções fáceis e nem de curto prazo. Hoje em dia tem discussões sobre a inteligência artificial, que veio pra ficar, isso tá muito claro. Será preciso cada vez mais incorporar como uma ferramenta de auxílio no dia a dia do médico e saber como incorporá-la da melhor forma. Os desafios deste ano foram bem grandes, mas é preciso entender que para o CREMERS os desafios são bons para gerarmos soluções adequadas para o profissional médico. Para o ano que vem, os principais projetos são enfrentar esses grandes temas.”

“E no ano que vem teremos eleições, tanto eleições estaduais quanto federais. Nós temos que pautar a classe política e não ser pautados por ela. Os médicos têm que definir quais serão as pautas para a medicina para os próximos quatro anos. E pautar os nossos políticos para aquilo que a gente quer. O CREMERS não tem cor partidária ou vinculação político-ideológica, mas nós temos que cobrar uma posição clara em termos de política de Estado e não de governo. Sem dúvida alguma, falta gestão em alguns momentos, mas também falta gastar recursos em saúde. Não adianta os governantes quererem fazer economia em saúde e ficar torcendo para dar certo. A gente vê que para alguns outros setores há verba. O Judiciário acabou de fazer uma reforma agora, mais dois assessores de livre nomeação para juízes, mais 30 cargos de embargador. Acho adequado, é necessário. Mas para a saúde, por que sempre há essa falta de dinheiro? É uma meia verdade essa questão da falta de recursos. Os recursos existem e têm que ser empregados. Se não for bem empregado, tem que ser cobrado”, salientou o Vice-presidente do CREMERS. 

Fotos: Sisqualis.