Empregabilidade e Aperfeiçoamento | 28 de maio de 2018

Simpósio de Câncer de Mama destaca os avanços dos processos de tratamento da doença

Evento contou com especialistas renomados do país no assunto
Simpósio de Câncer de Mama destaca os avanços dos processos de tratamento da doença

O 2º Simpósio de Câncer de Mama reuniu renomados especialistas do país para discutir recentes avanços no diagnóstico, cirurgia, radioterapia e terapia medicamentosa. O evento, promovido pelo Centro de Tratamento do Câncer (CTCAN), ocorreu nos dias 25 e 26 de maio, no auditório Biomédico da Faculdade de Medicina da Universidade de Passo Fundo (UPF) e reuniu médicos, estudantes e demais profissionais da saúde interessados no assunto.

O câncer de mama é o mais incidente e a primeira causa de morte por câncer entre as mulheres no Brasil. São quase 60 mil novos casos por ano desse tipo de câncer e cerca de 15 mil mortes no país. Em 2016, a doença matou cerca de 1,2 mil pessoas no Rio Grande do Sul, conforme dados do DataSUS. Para o coordenador do evento, o oncologista clínico do CTCAN, Dr. Alvaro Machado, é importante discutir esse tema para a disseminação do conhecimento mais atual e para a atualização dos médicos envolvidos no cuidado do paciente com câncer. “Estamos caminhando rapidamente para uma melhor seleção dos tratamentos para cada paciente de forma individualizada, tanto na cirurgia, radioterapia e oncologia medicamentosa. Este conhecimento precisa sempre estar atualizado”, enfatizou Machado.

Reconstrução mamária

A reconstrução mamária imediata para mulheres que tiveram que retirar toda a mama em função do câncer foi um dos assuntos abordados pelo coordenador da Cirurgia Plástica do Núcleo de Mastologia do Hospital Sírio Libanês/SP, Dr. Marcelo Sampaio. A reconstrução mamária imediata é um direito previsto por lei sancionada recentemente. Mas, de acordo com o especialista, ainda assim, no Brasil, menos de 20% das mulheres submetidas a retirada da mama por diagnóstico de câncer tem acesso à reconstrução no mesmo ato da mastectomia. “No mundo ideal, entre 80% e 90% destas pacientes poderiam, do ponto de vista técnico, submeter-se ao procedimento. Existem vantagens evidentes em realizar a reconstrução imediata, além de atenuar o óbvio sofrimento da mutilação, tecnicamente a cirurgia é mais fácil e permite melhores resultados”, destacou Sampaio.

Importância do diagnóstico precoce e dos testes moleculares

A patologista do A.C. Camargo Cancer Center/SP e secretária geral da Sociedade Brasileira de Patologia, Dra. Marina De Brot, revisou em profundidade as lesões de alto risco da mama, que são lesões benignas, mas associadas a risco de evolução para câncer. “Esse risco é variável, pode ser muito baixo ou alto suficiente para indicar acompanhamento clínico e às vezes intervenção cirúrgica”, destacou a palestrante, que também abordou o carcinoma in situ de mama, o estágio mais precoce, não invasivo e localizado. Nesses casos, a taxa de cura é de 98%. “Quando o paciente é diagnosticado neste estágio, a doença é curada. O carcinoma ductal in situ de mama é diagnosticado principalmente pela mamografia, e esse e é um dos principais valores da mamografia de rastreamento: diagnosticar a doença neste estágio muito precoce”, enfatizou Marina.

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Outro tema foi “assinaturas multigenes para definição terapêutica adjuvante’, que são testes moleculares que analisam genes do tumor para estimar o risco de recorrência da doença. “Estes exames fornecem uma ‘nota’ que estima o risco de reincidência da doença após o tratamento inicial. Esse risco de recorrência pode ajudar na definição do tratamento após a cirurgia, onde risco genômico baixo exclui a necessidade de quimioterapia. “Esse é o principal valor desses testes ou assinaturas multigenes”, explicou a patologista.

Radioterapia pode reduzir significativamente o retorno do câncer de mama

A Radioterapia é parte integrante do tratamento do câncer de mama, podendo reduzir significativamente o retorno da doença na mama, nos gânglios linfáticos e mesmo à distância, contribuindo assim para as chances de cura.

De acordo com a radio-oncologista do Hospital Moinhos de Vento de Porto Alegre/RS, Dra. Daniela Barletta, a radioterapia está sempre associada à cirurgia, podendo estar indicada após a mastectomia e, praticamente sempre, após a cirurgia que conserva a mama. “Há diferentes técnicas que podem ser utilizadas e, para cada caso, há uma avaliação criteriosa pelo radio-oncologista. Técnicas complexas e contemporâneas estão à disposição no nosso meio para que possamos buscar o melhor controle da doença, minimizando os efeitos colaterais”, comentou a palestrante.

Palestrantes

Também participaram do evento o Dr. Felipe Zerwes, mastologista, professor da Faculdade de Medicina da PUC/RS e gestor do Serviço de Mastologia do Sistema de Saúde Mãe de
Deus; o Dr. Marcelo Sampaio/SP, cirurgião plástico e coordenador da Cirurgia Plástica do Núcleo de Mastologia do Hospital Sírio Libanês/SP; a Dra. Marina de Brot/SP, patologista e coordenadora de pesquisa do AC Camargo Cancer Center; a médica radiologista da Clínica Kozma, Dra. Tailize Pisoni/RS, especialista em diagnóstico por imagem da mama; e o Dr. Rudinei Linck/SP, oncologista do Hospital Sírio Libanês e Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP).

O evento contou com o apoio da UPF, UFFS, Imed, Fasurgs, Acisa, Ameplan, Unimed, Instituto de Patologia de Passo Fundo (IPPF), Liga de Combate ao Câncer de Passo Fundo, Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) e Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), e patrocínio da Pfizer Oncology, Laboratório Roche, Laboratório Libbs, Astrazeneca, Novartis Oncologia e Clínica Kozma.

Fotos: Diogo Zanatta

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