Geral | 5 de novembro de 2025

Serviço de Radioterapia da Santa Casa celebra 60 anos de pioneirismo e cuidado especializado

A Radioterapia do Hospital Santa Rita foi protagonista de marcos tecnológicos decisivos para o Rio Grande do Sul.
Serviço de Radioterapia da Santa Casa celebra 60 anos de pioneirismo e cuidado especializado

O Serviço de Radioterapia do Hospital Santa Rita, da Santa Casa de Porto Alegre, celebrou 60 anos em 2025 com uma trajetória marcada pelo pioneirismo e pela consolidação de práticas que ajudaram a moldar o tratamento do câncer no Rio Grande do Sul. Desde os seus primórdios, quando os recursos eram limitados e a radioterapia ainda dava seus primeiros passos como especialidade, até os dias atuais, com tecnologia de ponta e equipes multiprofissionais altamente qualificadas, o Serviço sempre foi guiado por um mesmo princípio: oferecer tratamento humano e de excelência aos pacientes.


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“Celebrar 60 anos de existência é, acima de tudo, um tributo à perseverança, ao conhecimento e à dedicação de gerações. O Serviço de Radioterapia do Hospital Santa Rita chega a esta marca com uma história que se confunde com a própria evolução da oncologia no Estado. São seis décadas de compromisso com a ciência, com o cuidado e, sobretudo, com a vida”, destaca o médico radioncologista Neiro Waechter da Motta, chefe do serviço há 36 anos.


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Ciência e evolução que mudaram o tratamento oncológico

A Radioterapia do Santa Rita foi protagonista de marcos tecnológicos decisivos para o Estado. Um deles ocorreu em 1973, quando a instituição instalou o primeiro acelerador linear do Sul do Brasil, permitindo a aplicação de radiações com níveis inéditos de precisão.


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Desde então, sucessivos investimentos asseguraram a incorporação de novas técnicas, como a radioterapia conformada tridimensional (3D-CRT), a modulação da intensidade do feixe (IMRT), a radioterapia guiada por imagem (IGRT) e a braquiterapia de alta taxa de dose (BATD). Elas transformaram radicalmente a experiência do paciente, reduzindo efeitos colaterais e ampliando possibilidades terapêuticas, inclusive em tumores até então pouco responsivos à radiação.

“O que vemos hoje é o resultado de uma evolução contínua. Saímos de planejamentos manuais, feitos com base em marcadores anatômicos externos, para técnicas de alta precisão capazes de moldar o feixe de radiação à forma do tumor. Isso só se constrói com persistência, investimento e conhecimento. Mantemos um compromisso permanente em trazer inovações e aplicá-las com segurança e humanidade”, frisou o chefe do serviço.

A incorporação de um tomógrafo simulador de última geração e de aceleradores lineares mais compactos e precisos sintetiza essa transição histórica. “Saímos do recurso escasso à tecnologia de fronteira, permitindo tratamentos mais curtos, personalizados e com menor toxicidade”, destacou o médico.

Referência assistencial e formadora de profissionais

A abrangência do serviço também revela sua importância social. Somente em 2024, 3.779 novos pacientes foram atendidos, sendo mais de 60% do sexo feminino, refletindo o perfil dos tumores tratados no serviço: em primeiro lugar, o câncer de mama, seguido pelo câncer de próstata e pelo câncer de colo de útero. O Serviço de Radioterapia ainda acolhe pacientes de praticamente todos os municípios do Rio Grande do Sul e de estados vizinhos, sendo responsável por cerca de 40% dos tratamentos radioterápicos realizados no SUS em todo o Estado.

Essa presença está diretamente ligada ao histórico de formação de profissionais. Desde 1981, a Santa Casa é pioneira na formação de radioncologistas no Sul do país, promovendo integração entre ensino, pesquisa e assistência. E, desde 2010, o serviço também atua como Centro de Formação da Agência Internacional de Energia Atômica para países africanos de língua portuguesa, qualificando mão de obra em regiões onde ainda há forte desigualdade de acesso ao tratamento.

“Nossa responsabilidade vai além do limites do hospital. Nós não apenas tratamos pacientes, preparamos quem vai tratar no futuro. E isso garante que o legado científico e assistencial continue crescendo e beneficiando novas populações”, afirmou o chefe do serviço.

O futuro guiado pela inovação

Como destaca Motta, os próximos anos serão marcados por tecnologias que personalizam o cuidado de forma cada vez mais integrada à biologia tumoral. A radioterapia adaptativa em tempo real, com ajustes de dose a cada sessão, considerando alterações anatômicas e respostas individuais do tumor, e o uso de inteligência artificial embarcada em aceleradores, já em implantação, devem tornar o tratamento ainda mais eficiente e preciso.

“Estamos às portas de uma nova era. Em uma década, experiências como radiocirurgia e modulação de intensidade deixarão de ser consideradas avanços e serão rotinas amplamente aprimoradas por sistemas inteligentes. A incorporação de dados genômicos e moleculares ao planejamento deve ampliar o potencial de cura de forma nunca vista”, projeta o médico.

Principais marcos do Serviço de Radioterapia em 60 anos

1965

  • Criação do Serviço de Radioterapia do Hospital Santa Rita

1967

  • Inauguração do Hospital Santa Rita, que passa a abrigar o Serviço de Radioterapia e consolida o atendimento oncológico especializado.

1973

  • Instalação do primeiro acelerador linear do Sul do Brasil, marco tecnológico que moderniza o tratamento no Estado.

Década de 1980

  • Início da formação de radioncologistas, tornando o Serviço pioneiro na qualificação de profissionais no Sul do país.

  • Expansão de equipes multiprofissionais e fortalecimento do ensino.

1990 – 2000

  • Adoção de técnicas que ampliam a precisão do tratamento e minimizam efeitos adversos.

  • Fortalecimento do papel do Hospital Santa Rita na rede do SUS para oncologia de alta complexidade.

Década de 2000

  • Avanço da radioterapia tridimensional (3D-CRT).

  • Início da Radioterapia com Modulação da Intensidade do Feixe (IMRT).

2010

  • Torna-se Centro de Formação da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) para países africanos de língua portuguesa.

  • Consolidação como referência nacional em ensino, pesquisa e capacitação técnica.

2010 –  2020

  • Incorporação plena de técnicas como IGRT (guiada por imagem), VMAT, SBRT e radiocirurgia.

  • Modernização contínua do parque tecnológico, com novos aceleradores lineares e softwares avançados de planejamento.

2024

  • Instalação de novo tomógrafo simulador — reforçando o nível de precisão e segurança nos tratamentos.

Leia a entrevista completa no site da Santa Casa.

RADIOTERAPIA SANTA CASA

Sobre a foto histórica

Registro da inauguração do Acelerador Linear Clinac 600 em dezembro de 1993. Dr. Neiro Motta, primeiro a esquerda, acompanhado do Diretor Administrativo da Santa Casa da época, Olimpio Dalmagro, do Diretor Médico do Hospital Santa Rita, Dr. Sérgio Azevedo, e do Diretor Geral da Santa Casa, Dr. João Polanczyk.

 Crédito: Arquivo CHC Santa Casa / Divulgação

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