Como anunciado, os hospitais filantrópicos se mobilizaram para alertar a população, em 220 municípios do Estado e chamar atenção da comunidade sobre a situação crítica dos prestadores.

Em Porto Alegre, a Santa Casa de Misericórdia anunciou o redimensionamento da assistência prestada à população através do SUS. A instituição informou que deixará de disponibilizar 118 leitos hospitalares e de prestar serviços como 50.894 consultas eletivas, 3.318 atendimentos no pronto atendimento e 3.387 procedimentos cirúrgicos/obstétricos ao ano. Haverá ainda a diminuição de 4.312 internações.

Hospitais do interior promoveram diversas ações como distribuição de folders, adesivos, e mobilizações em torno das instituições. Alguns procedimentos eletivos foram reagendados, e o atendimento ficou restrito em alguns estabelecimentos.

Em Lajeado, o Hospital Bruno Born (HBB), fez uma mobilização em frente à entrada da casa de saúde (foto). “No HBB, por exemplo, o corte do recurso do Estado, no valor de R$ 3 milhões por ano poderá representar uma diminuição de 708 internações e 34 mil procedimentos ambulatoriais, impactando diretamente na saúde da população local e regional. Em 2014, o HBB realizou 7 mil internações e 362 mil procedimentos ambulatoriais pelo SUS”, salientou o presidente do HBB, Claudinei Fracaro.

A Secretaria da Saúde do Estado (SES/RS) reconhece a dívida, oriunda de contratos firmados na gestão anterior, em 2014. Segundo o Secretário da Saúde, João Gabbardo,  em virtude da situação financeira em que se encontra o Estado, os valores firmados e devidos na gestão anterior serão pagos assim que a Secretaria tiver disponibilidade em caixa. Segundo Gabbardo, os pagamentos dos serviços prestados em 2015 estão rigorosamente em dia. A dívida de 2014, segundo a SES/RS é de cerca de R$ 150 milhões, enquanto a Federação das Santas Casas estima débitos no valor de R$ 207 milhões.

Em audiência realizada em março, Gabbardo apresentou dados que demonstram uma evolução significativa dos valores transferidos pelo Estado para as Santas Casas e hospitais filantrópicos, que passaram de R$ 153 milhões em 2010, para R$ 1,16 bilhão em 2014, um crescimento de 658% nos recursos estaduais repassados ao setor. Em 2010, 29% do total do orçamento da Saúde do RS foi direcionado aos hospitais, enquanto que no ano passado o percentual passou para 68%. O levantamento também aponta que os valores transferidos pelo Ministério da Saúde para custear a Média e Alta Complexidade, entre 2010 a 2014, registraram um acréscimo de somente 33%, embora Gabbardo ressalte que a variação do INPC no período foi de 27%.

Gabbardo reforçou que os 12% do orçamento do Estado estão garantidos para a Saúde, e ainda, que os pagamentos deste ano aos hospitais estão em dia. “Tudo o que foi contratado em 2015, está pago”, finalizou.