Santa Casa e Hospital da PUCRS desenvolvem estudo pioneiro sobre detecção de câncer de pulmão
Primeira no mundo, pesquisa identificou incidência de tumor pulmonar em pacientes portadores de cardiopatias
O uso da tomografia computadorizada de ultra-baixa dose para identificação de câncer de pulmão em portadores de doença coronariana foi testado em pacientes da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, em estudo que também incluiu pacientes do Hospital São Lucas da PUCRS. A equipe de pesquisadores liderada pelo Dr. Bruno Hochhegger, radiologista do Pavilhão Pereira Filho da Santa Casa, detectou câncer de pulmão em pacientes sem suspeita médica e com histórico de problemas cardíacos. Primeiro estudo nesta área no mundo, a pesquisa foi recentemente publicada no periódico Lung Cancer Journal.
O método consistiu em submeter 175 pacientes a angiotomografia coronariana para investigação de doença arterial coronariana, sendo também submetidos a rastreamento de câncer de pulmão com tomografia computadorizada de ultra-baixa dose no mesmo tempo. “Foram usadas doses de radiação baixas para não haver exposição desnecessária destes pacientes à radiação. As doses empregadas no protocolo eram semelhantes as de um raio-x”, informa Hochhegger. Em três anos de estudo, foram identificados seis pacientes com câncer de pulmão, o equivalente a quase 4% dos investigados. “Trata-se de um número relativamente alto, principalmente se considerarmos a incidência de câncer de pulmão na população brasileira que, em 2016, era estimada em 28.220 novos casos”, explica o especialista.
Os pesquisadores concluíram que o câncer de pulmão pode ser detectado usando protocolos adicionais de ultra-baixa dose em exames de angiotomografia coronariana entre pacientes com suspeita de doença arterial coronariana. “Os resultados obtidos com esta pesquisa abrem uma nova linha de pesquisa e de diagnóstico, demonstrando que a interdisciplinariedade e colaboração entre as áreas é fundamental. O trabalho nos leva a seguinte pergunta: pode a doença coronariana aumentar a incidência de câncer? Esta resposta possivelmente está em um fator de risco comum que é o tabagismo, mas o estudo do sinergismo destas duas patologias merece maior estudo, ” conclui.