Gestão e Qualidade | 2 de setembro de 2025

Santa Casa de Porto Alegre lança campanha para incentivar doação de órgãos

“A negativa familiar continua sendo um dos maiores entraves para que os pacientes tenham acesso ao transplante", reforça o diretor médico do Centro de Transplantes da Santa Casa, José de Jesus Camargo.
Santa Casa de Porto Alegre lança campanha para incentivar doação de órgãos

Em um movimento permanente de conscientização sobre a importância da doação de órgãos, a Santa Casa de Porto Alegre lançou nesta segunda-feira (1º) a campanha “A vida cabe no seu sim”. O conceito da ação propõe uma reflexão a partir de duas dimensões: o sim, associado ao ato de conversar com a família e manifestar a vontade de ser doador; e a vida, que representa a esperança de uma nova oportunidade para quem aguarda por um transplante.


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“A negativa familiar continua sendo um dos maiores entraves para que os pacientes tenham acesso ao transplante. Sem a redução desse índice, temos visto uma lista que não para de crescer. Cada recusa impede que órgãos saudáveis sejam utilizados, prolongando o tempo de espera e comprometendo as chances de sucesso de centenas de transplantes”, reforça o diretor médico do Centro de Transplantes da Santa Casa, José de Jesus Camargo.

“Hoje temos ainda mais certeza de que precisamos conversar sobre doação e deixar claro para nossos familiares a nossa vontade. Esse ‘sim’ pode mudar muitas histórias”. O relato é de Simone Martins Ribeiro, que, em maio, enfrentou a despedida do pai, um momento de dor marcado por uma decisão que se transformou em conforto. “Nós já tínhamos conversado em família sobre a vontade do nosso pai em ser doador. Quando recebemos a notícia da morte encefálica, a decisão foi natural. Saber que os rins dele salvaram outras pessoas trouxe alívio e orgulho. É como se uma parte dele continuasse viva, ajudando quem tanto precisava”, disse.


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A família de Ricardo Mathias Storcker também transformou a despedida da mãe em um gesto de solidariedade, decisão que foi compartilhada entre pai e filho. “Ao sermos abordados pela equipe e pela forma cuidadosa como conduziram a conversa, não hesitamos em autorizar a doação. Saber que a vida da mãe representaria a oportunidade de recomeço para outras pessoas trouxe um novo sentido à sua partida”, relatou Ricardo.


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Histórias como as de Simone e Ricardo reforçam, antes de tudo, a importância do diálogo familiar e, a partir dele, o impacto transformador que a doação pode gerar. “Doar órgãos é sublimar o sofrimento da própria perda, para que famílias desconhecidas sejam poupadas da mesma dor que lhes vara o coração. Difícil imaginar um gesto de amor maior do que esse”, reflete Camargo.

Lista de espera chega a 80 mil 

Segundo monitoramento de 27 de agosto do Ministério da Saúde, 80.072 pessoas aguardam na lista de espera por transplantes no Brasil – 46.956 à espera de um órgão (rim, fígado, coração, pulmão e pâncreas) e 33.116 por córnea (tecido). Entre eles, mais de 1,3 mil crianças. O número cresceu 23% em 12 meses: em agosto de 2024 eram pelo menos 65 mil pacientes em lista.

Mesmo com um recorde histórico em 2024, com mais de 30,3 mil transplantes de órgãos e tecidos realizados em todo Brasil, a recusa familiar em doar órgãos continua sendo um grande desafio, e a lista de espera segue crescendo, evidenciando que muitas vidas ainda dependem de famílias dispostas a dizer “sim”.  Em 2024, 46% das famílias brasileiras recusaram a doação de órgãos de seus entes falecidos, segundo o Registro Brasileiro de Transplantes (RTB) da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO).

O cenário também preocupa no Rio Grande do Sul, onde, segundo dados de agosto de 2025, houve um crescimento de 25% em um ano, alcançando 3 mil pacientes que aguardam por um transplante. Desse total, cerca de 60% estão na lista de espera por um órgão (rim, fígado, pulmão e coração) e o restante por um transplante de córnea.

“Para cada paciente que chega até nós, existe uma contagem de tempo que não pode ser ignorada. A recusa das famílias, somada à falta de estrutura em algumas instituições para viabilizar a captação de órgãos, agrava o cenário. É fundamental que a sociedade entenda a gravidade do problema e que gestores e profissionais de saúde fortaleçam toda a rede que torna a doação possível”, acrescentou Camargo.

Centro de Transplantes da Santa Casa

Integrando o complexo hospitalar da Santa Casa de Porto Alegre, o Hospital Dom Vicente Scherer é referência internacional em transplantes e concentra 60% dos transplantes de órgãos realizados no Rio Grande do Sul – abrangendo rim, fígado, pulmão e coração. Com papel fundamental na redução da lista de espera, o Centro de Transplantes conta com estrutura e equipes altamente qualificadas, reconhecidas pela expertise em todos os tipos de transplantes, incluindo órgãos sólidos, tecidos e medula óssea.

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