Gestão e Qualidade, Tecnologia e Inovação | 14 de agosto de 2025

Referência mundial em tecnologias exponenciais alerta CEOs de hospitais sobre o futuro da saúde

SINDIHOSPA trouxe a Porto Alegre o norte-americano Peter Diamandis, fundador executivo da Singularity University.
Referência mundial em tecnologias exponenciais alerta CEOs de hospitais sobre as mudanças no setor da saúde-

Um dos principais nomes da atualidade, Peter Diamandis, proferiu palestra para um grupo seleto de CEOs e lideranças do setor da saúde. O encontro ocorreu no Country Club de Porto Alegre nesta quarta-feira (13 de agosto) e foi promovido pelo SINDIHOSPA (Sindicato dos Hospitais de Porto Alegre). O norte-americano Peter Diamandis é fundador e presidente executivo da XPRIZE Foundation e fundador executivo da Singularity University, onde orienta líderes mundiais sobre o uso de tecnologias exponenciais. Diamandis também é autor de três best-sellers do New York Times, incluindo “Abundância” e “Ousado”, onde explora como o pensamento exponencial pode impulsionar a inovação e a criação de riqueza. O portal Setor Saúde esteve presente e conversou com o palestrante, além dos presidentes do SINDIHOSPA, Henri Chazan; FEHOSUL, Cláudio Allgayer; CNSaúde , Breno Monteiro e executivos como Mohamed Parrini (CEO do Hospital Moinhos de Vento), Leandro Firme (CEO da Unimed Porto Alegre) e Gilmar Dalla Roza (CEO da Health Meeting Brasil / Sindihospa).


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O presidente do SINDIHOSPA, Henri Chazan, falou sobre os temas trazidos por Diamandis. Ele também falou sobre o termo singularidade, o coração dos buracos negros onde as leis da natureza são quebradas. “O Peter Diamantes é o fundador da Singularity University, que é um grupo que se propõe a preparar a humanidade para os avanços exponenciais que estão acontecendo. O nome ‘singularity’ vem de um termo da física e significa o que a gente consegue enxergar mais profundamente dentro do buraco negro. Depois da singularidade ninguém tem ideia do que pode ter lá dentro. O nome é usado como paralelo do momento que a gente está enfrentando hoje, com a grande quantidade de informações que estamos recebendo. Ou seja, nós quase estamos passando a singularidade. Estamos conversando com o celular e falando  com a inteligência artificial que tem quase todo o conhecimento do mundo. Ela está à disposição para uma criança numa favela, ou para o presidente dos Estados Unidos. Isso nivela e democratiza o conhecimento. Qualquer pessoa hoje tem acesso a uma vasta base de conhecimento.”

henri chazan peter diamandis

“São coisas muito importantes que o Diamandis veio nos falar. Inovações que estão por vir na área da saúde, aspectos da longevidade e tendências que vão impactar o modelo de negócio dos hospitais e da cadeia como um todo. A gente não quer ser surpreendido como uma empresa que fabricava máquinas de escrever e que num determinado momento ninguém quis comprar mais. Os hospitais têm que repensar o seu negócio para continuarem relevantes frente a uma série de alterações que estão surgindo de forma extremamente rápida. Muitos tratamentos poderão ser feitos em casa, por exemplo. Com diagnósticos cada vez mais precisos e precoces e com o aumento do uso de wearables de monitoramento da saúde, os hospitais precisam começar a pensar na possiblidade de transitar do tratamento da doença para a preparação da sua atuação em uma sociedade que maneja melhor a sua saúde e que vive mais”, alertou Chazan.


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Hospital do Futuro, humanização e empregos

Em entrevista exclusiva ao portal Setor Saúde, Diamandis falou sobre o hospital do futuro e como a IA vai mudar as tarefas no hospital e na sociedade. “Primeiramente, muito do futuro da saúde vai se feito fora dos consultórios dos médicos e fora do hospital, com muitos tratamentos passando a ser realizados em casa. Estaremos usando cada vez mais sensores coletando dados do nosso corpo 24 horas por dia para serem processados em sistemas de inteligência artificial, ajudando a analisar o que está acontecendo com a nossa saúde. Estes mecanismos tecnológicos conseguem medir com acurácia como a nossa saúde vem se comportando. Conseguiremos detectar qualquer problema de saúde e doenças muito mais cedo. E é nesse ponto que provavelmente iremos a um hospital, se precisarmos de testes mais detalhados ou de intervenções mais complexas. O futuro dos hospitais, e não estou falando dos próximos dois ou três anos, mas, você sabe, dez anos, tudo será dirigido por sistemas com IA. As decisões clínicas serão feitas praticamente por sistemas de inteligência artificial”, explicou Diamandis.

peter diamandis porto alegre

“Já existem robôs humanoides que estão trabalhando em hospitais, ajudando a cuidar dos pacientes, suportando suas necessidades. No longo prazo os melhores cirurgiões do mundo serão robôs humanoides capazes de unir IA e machine learning, entendendo variações e gerando um histórico de cirurgias muito grande, com assertividade impressionante. Ou seja, nós vamos ver um monte de mudanças importantes. As duas maiores indústrias que serão reinventadas serão a saúde e a educação.”

peter diamandis henri chazan

Diamandis falou também sobre a questão da humanização versus  o atendimento feito por uma máquina. “Os humanos não são tão bons como os IAs em gerar decisões diagnósticas. Para a geração mais idosa, sim, o toque humano, o ser humano vai ser importante, mas eu acho que as gerações mais jovens, crianças agora, vão se adaptar a ponto de decidirem: eu não quero o humano que está cometendo erros, eu quero a IA que sabe perfeitamente manejar a situação. Já vimos isso acontecer na sociedade anteriormente. Hoje nós compramos comida do supermercado. Antigamente o usual era a pessoa produzir a sua própria comida, alimentar suas galinhas e suas hortas. Mas nós operacionalizamos isso, fizemos isso em fábricas e passamos a fazer isso de uma forma segura e muito mais barata, democratizamos”, afirmou Diamandis.

peter diamandis hospital

“Qual é o objetivo? É entregar a melhor saúde para 8 bilhões de pessoas no planeta. E certamente, você não pode fazer isso usando os sistemas existentes. Mas claramente você pode fazer isso usando IA e robótica. Vamos entrar em um mundo em que poderemos disponibilizar a melhor saúde para o mais pobre e o mais rico. Igualmente, a mesma qualidade. É como o Google. Ele é o mesmo para todos os usuários. Ou como o GPT-5 [nova versão do ChatGPT] que é o mesmo oferecido para a criança mais pobre como para a mais rica”, reforçou.


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Indagado sobre o que acontecerá com os trabalhadores e os seus empregos, Diamandis diz que há um movimento que deve ser implementado para que o trabalhador continue relevante. “Eu ainda acho que vamos ter médicos e enfermeiras cuja missão é ajudar…, mas será preciso aumentar suas habilidades. Por exemplo, uma lacuna necessária é ajudar com o estilo de vida das pessoas. Este é um caminho. Porque se você ainda come comida tipo ‘junk food’, se você ainda não se exercita, se você ainda não dorme de seis a oito horas, não se cuida; todas essas tecnologias não vão funcionar tão bem na tarefa de elevar os indicadores de uma boa saúde. Eu acho que toda a indústria precisa mudar a lógica do tratamento de saúde para a promoção da saúde, para a qualidade de vida e o bem-estar visando a longevidade com uma saúde de qualidade. Hoje, a indústria se preocupa em cuidar de você depois que você está doente, muitas vezes tarde demais. No futuro, a missão da cadeia da saúde é manter você saudável.”

sindihospa peter diamandis

“Eu sei que todos se preocupam e perguntam sobre a perda de trabalhos. Primeiro de tudo: com os avanços que estão surgindo o custo do cuidado médico vai rapidamente se tornar muito, mas muito mais barato. O custo do cuidado médico hoje é ridiculamente caro. Vamos poder entregar um cuidado médico que é efetivamente grátis ou 100 vezes mais barato do que é hoje. O destino que vislumbro é 100 vezes mais barato e 100 vezes melhor. É para lá que  estamos indo. Nós nunca vimos na história a tecnologia eliminando totalmente o número de trabalhadores. Mas vimos a tecnologia mudar o que as pessoas fazem. Nós vamos ver indivíduos que estão usando a inteligência artificial para aprender a fazer novas coisas. E você sabe, há inúmeras pessoas que fazem trabalhos que não sonhavam quando eram crianças. Eles não sonharam em limpar os banheiros, por mais digno que seja. Eles sonharam com algo diferente. Então, deixe os robôs e as IAs fazerem os trabalhos que são duros, perigosos ou sujos! E vamos usar essas tecnologias para conduzir as pessoas a fazerem o que sonharam”, defendeu Diamandis.

sindihospa peter diamandis poa

CEOs repercutem a palestra

O CEO do Hospital Moinhos de Vento, Mohamed Parrini, destacou que é necessário estar preparado para as mudanças apontadas por Diamandis. “Primeiro, é preciso parabenizar o SINDIHOSPA pela organização deste evento e por  trazer o Peter Diamandis para conversar e trocar ideias conosco. Ele é uma grande mente hoje, uma liderança que pensa o futuro. Um grande futurista, mas também um médico que vive estas transformações de perto. O que mais me chamou a atenção foi o alerta para que a gente esteja preparado para a mudança. Acredito que não adianta sofrer com a mudança. A gente tem que se preparar pra ela. E isso vai acontecer. Importa pouco acertar se a mudança vai acontecer em cinco anos, em sete, oito ou quinze anos. O que importa é que a mudança virá, e virá rápido. Nós devemos preparar nossas organizações para não se apaixonarem pelo produto que a gente vende hoje. Precisamos nos apaixonar pela causa da saúde.”

MOHAMED PARRINI PETER DIAMANDIS

O CEO da Unimed Porto Alegre, Leandro Firme, pontuou questões como longevidade, o uso da inteligência artificial e o capital humano. “É um grande privilégio ter o Peter aqui em meio a tantos executivos também, um público bastante seleto. Ouvi-lo traz à tona tudo aquilo que a gente vem discutindo no dia a dia. Mas claro que quando ele traz notícias do primeiro mundo, isso materializa todos os temas que estão na mesa como longevidade, o uso da inteligência artificial e como o capital humano pode se tornar ainda mais forte unindo a máquina e não resistindo à máquina. A longevidade é uma questão muito presente, principalmente na saúde suplementar, visto que a população vem envelhecendo e junto com esse envelhecimento, novas necessidades de saúde e novos recursos também vêm sendo investidos. Isso traz à tona uma discussão antiga, porém muito necessária, de como a gente vai se reorganizar enquanto ecossistema de saúde para realmente estar preparado, não para esse futuro, mas para esse presente que está acontecendo. A rapidez com que a IA vem sendo utilizada foi outro ponto que me chamou muito a atenção, principalmente a regenerativa que é capaz de co-criar e criar muitas coisas, principalmente o que ele apresentou hoje, influenciando em órgãos e até na captação do próprio DNA e replicando isso. De fato, foram temas bastante impressionantes que nos chamaram muita atenção e certamente vai trazer uma discussão ética bastante interessante entre as lideranças e profissionais”, falou Firme.

breno monteiro claudio allgayer henri chazan

O presidente da Federação dos Hospitais e Estabelecimentos de Saúde do Rio Grande do Sul (FEHOSUL), Cláudio Allgayer (à esquerda na foto acima) elogiou o evento. “Parabenizo o Sindihospa pelo belo evento. Diamandis é referência mundial em inovação e no uso de tecnologias exponenciais. Ele abordou temas como longevidade, inteligência artificial e o impacto das novas tecnologias no setor da saúde, principalmente na atuação dos hospitais. O Sindihospa, comandado pelo seu presidente e vice-presidente, Henri Chazan e Daniel Giaccheri, respectivamente, faz um importantíssimo trabalho de conscientização dos CEOs quanto à necessidade de preparar os seus negócios para as rápidas transformações que estão ocorrendo no mundo”, reforçou Allgayer.

breno monteiro peter diamandis

O presidente da Confederação Nacional de Saúde (CNSaúde), Breno Monteiro (parte central da foto) veio de Brasília para acompanhar o evento. “Parabenizo o [Henri] Chazan pelo belo evento. É maravilhoso entender melhor como o mundo está evoluindo. É necessário discutirmos o que presenciamos aqui hoje e nos prepararmos dentro da nossa cadeia de prestação da saúde, enxergando as novas oportunidades. Principalmente agora, nesse momento em que o Brasil discute a sua lei de inovação e inteligência artificial. Não podemos colocar nenhum limitador que possa atrasar a nossa competitividade com o mundo”, destacou Monteiro.


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O CEO da feira e congressos da HEALTH MEETING BRASIL / SINDIHOSPA, Gilmar Dalla Roza (o segundo da esquerda para a direita na foto acima) foi sincero em dizer que os temas ligaram o alerta em todos. “Após a palestra o meu sentimento, assim como o de outros que conversei aqui é que fica um misto de medo e ansiedade. Afinal, pensar em um futuro que nem é tão futuro assim, que já chegou de certa forma ou está se aproximando, mexe com qualquer um. Estou há mais de 20 anos acompanhando a medicina e a saúde, fazendo eventos nesta área. O que mais me chamou a atenção é a velocidade com que as coisas estão evoluindo. Mas confesso que eu não imaginava que isso tudo iria vir tão rápido. Todos aqui precisam repensar os seus negócios, esta é a mensagem principal”, defendeu Roza. “Esses assuntos com certeza levaremos para discussão em nosso próximo evento de outubro”, completou.

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FOTOS: Cristina Andreoli.

 

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