Rede de hospitais pode ser vendida por até R$ 10 bilhões
Amplia processo de consolidação no setor hospitalar brasileiro, com formação de redesA família do falecido Edson Bueno, ex-CEO da AMIL e da UnitedHealth no Brasil, estará reunida em Londres no feriado de 12 de outubro para discutir a venda da rede de hospitais Ímpar, segundo o jornal Valor apurou. A principal candidata a ficar com o ativo é a americana UnitedHealth que tem a preferência de compra e já é a controladora da Amil, operadora de planos de saúde fundada por Edson Bueno, que morreu em fevereiro.
Os herdeiros do falecido fundador do grupo de saúde Amil, estão em negociações com a gigante americana UnitedHealth para vender os 10% de participação remanescentes da família no grupo e pelo menos cinco hospitais da rede Ímpar, controlada pela família, de acordo com fontes qualificadas do mercado. O valor total do negócio poderia movimentar até R$ 7 bilhões.
A ex-mulher de Edson, Dulce Pugliesi e sua filha Camila moram em Londres, na Inglaterra, há cerca de três anos. Ainda segundo fontes, Dulce e Camila não têm interesse no negócio e preferem se desfazer do ativo. O segundo filho de Edson, Pedro Bueno, também vai participar do encontro. Pedro é presidente da Dasa, maior rede de laboratórios de medicina diagnóstica do país controlada pela família, mas esse ativo não estaria à venda.
Ainda de acordo com fontes, a Ímpar é avaliada entre R$ 7 bilhões e R$ 8 bilhões, mas a família Bueno deve pedir uma quantia maior – algo próximo aos múltiplos negociados pela Rede D’Or quando os fundos Caryle e GIC (fundo soberano de Cingapura) entraram no capital do grupo hospitalar concorrente. Por esse critério, a Ímpar seria avaliada em quase R$ 10 bilhões.
A Ímpar tem a seu favor ser um grupo independente de hospitais com marcas reconhecidas no mercado. A rede é formada por seis hospitais: 9 de Julho e Santa Paula (SP), São Lucas e Complexo Hospitalar Niterói (RJ), Hospital Brasília e Maternidade Brasília (DF). A Ímpar deve terminar o ano com faturamento de R$ 2,5 bilhões, o que representa uma alta de 15% em relação a 2016.
Nos últimos três anos, a Ímpar recebeu investimento de R$ 1 bilhão em reestruturação. Segundo fontes, o próprio Edson Bueno tinha planos de vender a rede hospitalar, mas sua prioridade na época era organizar o negócio e depois vender. O ativo ganhou relevância após a aprovação da lei que permite entrada de capital estrangeiro em hospitais nacionais em janeiro de 2015. Desde então, investidores de outros países vêm procurando esse tipo de ativo, mas é raro encontrar grupos já consolidados como a Ímpar.
Em 2012, Bueno e a ex-mulher, Dulce Pugliese, que mesmo separada nunca deixou de ser sócia dele nos negócios, venderam 90% do capital do grupo Amil para a UnitedHealth por US$ 4,9 bilhões, ou cerca de R$ 10 bilhões. O negócio completa cinco anos neste mês. O jornal Valor apurou que no contrato estabelecido há cinco anos foi colocada uma “escrow account”, ou conta-garantia. Pelo mecanismo utilizado em aquisições, parte do investimento, ou do ativo a ser negociado, fica retido por determinado período, sem possibilidade de ser transacionado, como garantia para possíveis passivos que poderiam surgir nos anos seguintes à concretização do negócio.
Paralelamente, um outro negócio envolvendo a família Bueno e a UnitedHealth pode estar em curso. Trata-se da venda de uma participação de 10% da Amil que ainda está nas mãos dos Bueno. O grupo americano adquiriu 90% da operadora de planos de saúde em 2012 e deixou a fatia residual com a família por um período de cinco anos em caso de surgimento de alguma contingência. Esse prazo de opção de compra começa a valer este mês, mas a United pode exercê-la até 2020, segundo fontes.
Com informações Valor.