Projeto Parto Adequado: ANS alerta sobre partos agendados
Projeto já evitou 10 mil cesáreas desnecessárias no BrasilA Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) inicia uma nova campanha do Projeto Parto Adequado para sensibilizar gestantes e profissionais de saúde a evitarem o agendamento de cesarianas. O projeto, desenvolvido em parceria com o Hospital Israelita Albert Einstein e o Institute for Healthcare Improvement (IHI), visa incentivar o parto normal e conscientizar futuras mães e toda a rede de atenção obstétrica sobre a realização de cesáreas sem indicação clínica.
Como há um crescimento no número de partos cirúrgicos marcados no fim do ano, devido às férias e festas, a iniciativa traz mensagens para lembrar os riscos acarretados pela antecipação do nascimento de bebês, fora do trabalho de parto.
Os benefícios do parto normal são enfatizados pela ANS na campanha: menor risco de complicações para a mãe e o bebê decorrentes da cirurgia; indução ao aleitamento materno, devido à liberação de hormônios que facilitam o início da amamentação; contato imediato entre mãe e bebê, estimulando a interação materna; preparação do bebê para o ambiente externo, com maior amadurecimento do pulmão e contato com as bactérias benéficas da mãe, reduzindo a incidência de doenças infantis; recuperação mais rápida do útero e do corpo da mulher.
“Entre dezembro e fevereiro, constata-se o aumento do número de agendamentos desnecessários de cesáreas devido aos feriados de Natal, Ano Novo e Carnaval, por isso é importante que a ANS reforce a campanha de conscientização ao estímulo ao Parto Adequado”, explica o diretor de Desenvolvimento Setorial da ANS, Rodrigo Aguiar, lembrando que o projeto tornou possível a realização de mudanças de infraestrutura e de operação nos hospitais participantes, além de incentivar mudanças efetivas de comportamento.
De acordo com a Agência, o Projeto Parto Adequado, que iniciou em 2015, vem identificando modelos inovadores e viáveis de atenção ao parto e nascimento, reduzindo o número de cesarianas desnecessárias. O projeto está em sua Fase 2, que será concluída em maio de 2019. Nesta etapa, participam hospitais e operadoras de todo o país. Foram selecionadas 136 maternidades e 68 operadoras de planos de saúde que manifestaram interesse em atuar como apoiadoras do projeto. A Fase 1, também denominada “piloto”, contou com a adesão de 35 hospitais. “Ao longo de 18 meses, foram alcançados resultados transformacionais, pois os hospitais piloto protagonizaram a criação de um novo modelo de assistência materno-infantil para o Brasil e evitaram a realização de 10 mil cesarianas desnecessárias”, informa a ANS.
Partos normais cresceram 76%
A Agência informou que essas ações podem reverter a alarmante escalada de cesáreas no Brasil. O resultado da 1ª Fase do Projeto Parto Adequado, apresentado em novembro de 2016, “mostrou que a taxa de partos vaginais nos hospitais que fizeram parte do projeto piloto – ou seja, que participaram de todas as estratégias adotadas – cresceu em média 76%, o equivalente a 16 pontos percentuais, saindo de 21% em 2014 para 37% em 2016”.
“A mulher tem o direito de ser informada para se tornar parte ativa na decisão pelo tipo de parto. Hoje, não há evidências científicas que justifiquem o agendamento de uma cesariana, salvo algum risco claro para a saúde da mãe e do bebê. É importante buscar a opinião dos médicos, enfermeiras e demais profissionais que acompanham o pré-natal e trocar experiências com mulheres que tiveram diferentes tipos de parto”, destaca a coordenadora do projeto Parto Adequado na ANS, Jacqueline Torres.
A coordenadora do projeto analisa como está a implementação da Fase 2 do projeto, projetando as mudanças esperadas para o próximo ano. “Ao longo de 2017, preparamos os hospitais que ingressaram na Fase 2 para a realização de mudanças com vistas à maior qualidade da atenção obstétrica. Os hospitais estão inseridos em contextos diversos, muitos não possuem cultura de coleta e análise de dados e de realização de mudanças de forma sistemática, utilizando o Modelo de Melhoria. Foi necessário investir nessa formação. Após essa etapa, esperamos que em 2018 a redução do percentual de cesariana nesse grupo comece também a aparecer, mudar uma situação como a da epidemia de cesarianas do setor privado, exige paciência e persistência, é um trabalho de formiguinha”, esclarece a coordenadora do projeto.
A Fase 2 do projeto está em curso e terá seus primeiros resultados divulgados no primeiro semestre de 2018.
Com informações da Agência Nacional de Saúde. Edição do Setor Saúde.