Estatísticas e Análises | 18 de janeiro de 2016

Pesquisa indica que Alzheimer pode ser detectado pelo odor da urina

Estudo tenta identificar um biomarcador que mostre com antecedência quem pode desenvolver a doença
Pesquisa indica que Alzheimer pode ser detectado pelo odor da urina

Muitos estudos desenvolvidos atualmente buscam um biomarcador confiável capaz de diagnosticar o Alzheimer de forma precoce, muito antes de comprometer cognitivamente o paciente. Esse marcador, segundo um estudo do Monell Chemical Senses Center, na Filadélfia (EUA) e do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), poderia estar no odor da urina.

O trabalho, publicado na revista Scientific Reports, foi liderado por Bruce Kimball. “Nossos estudos anteriores focavam mudanças de odores causados por fontes exógenas, como vírus e vacinas. Agora, temos visto que os sinais no cheiro na urina podem ser alterados por mudanças no cérebro que ocorrem geralmente com a doença”, explica o pesquisador.

Uma vez que os sinais de aroma aparecem na urina antes que os sintomas clínicos da doença se desenvolvam, é possível que possam ser utilizados para estabelecer um teste não invasivo para o diagnóstico precoce. “Esta descoberta também poderia ter implicações para outras doenças neurológicas”, destacou Bruce Kimball.

Os pesquisadores analisaram sinais odoríferos (os cheiros na urina) de três animais com Alzheimer: o chamado “rato APP”, em que os genes humanos precursores da proteína beta-amilóide são introduzidos para desenvolver uma doença neurológica equivalente ao Alzheimer.

A análise química permitiu identificar sinais odoríferos característicos para cada um dos três modelos animais, odores que foram facilmente distinguíveis daqueles produzidos por ratos sem Alzheimer. E as mudanças no cheiro estavam de acordo com o surgimento de novas substâncias, à alteração nas concentrações de substâncias presentes em qualquer urina. “Sinais odoríferos podem ser alterados por mudanças no cérebro que geralmente ocorrem em pacientes com Alzheimer”, diz o Dr. Kimball.

A partir dos resultados, os pesquisadores foram capazes de identificar se o rato tinha a doença analisando o odor na urina. Além disso, foram capazes de prever a quantidade de placas de beta-amilóide que tiveram os “ratos APP” em função dos odores da urina.

Entretanto, não se pode afirmar que foi identificado um marcador confiável da doença de Alzheimer. Como observam os autores, “nossos resultados sugerem que os sinais odoríferos característicos estão mais relacionados com a presença de um gene subjacente do que com a presença de alterações patológicas no cérebro”. No entanto, este é um primeiro passo. Além disso, os investigadores concluem que ” são necessários muitos mais estudos para identificar e caracterizar os sinais de odores associados com o Alzheimer em humanos”.

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