Mundo, Tecnologia e Inovação | 24 de junho de 2015

Pesquisa faz célula tumoral regredir para tecido normal

Alteração em um gene pode reverter desenvolvimento do câncer colorretal
Pesquisa faz célula tumoral regredir para tecido normal

Estratégias para combater o câncer geralmente focam em matar as células tumorais. No entanto, um novo estudo publicado no periódico internacional Cell, mostrou que é possível fazer essas células voltarem a ser um tecido normal simplesmente reativando um único gene.

Os pesquisadores do Memorial Sloan Kettering Cancer Center, descobriram que restaurar os níveis normais de um gene do câncer colorretal humano em camundongos parou o crescimento do tumor e restabeleceu a função intestinal. Os tumores foram eliminados dentro de duas semanas. Os resultados dão prova do princípio de que o restabelecimento da função de um gene supressor tumoral pode causar a regressão do tumor. O trabalho também sugere caminhos para o desenvolvimento de futuros tratamentos.

O câncer colorretal é responsável por cerca de 700 mil mortes no mundo a cada ano. “Tratamentos para câncer colorretal avançado envolvem quimioterapias que são tóxicas e em grande parte ineficazes”, diz o autor principal do estudo, Scott Lowe.

Até 90% dos tumores colorretais contêm mutações de inativação de um gene tumoral supressor chamado polipose adenomatosa coli (APC, na sigla em inglês). Embora se pensasse que as mutações fossem o início do câncer, não está claro se a inativação do APC também desempenha um papel posterior, no crescimento do tumor e na sobrevivência do câncer. “Queríamos saber se corrigir o rompimento do APC em cânceres estabelecidos seria suficiente para parar o crescimento do tumor e induzir a regressão”, diz outro autor, Lukas Dow do Weill Cornell Medical College. Esta questão tem sido um desafio para abordar experimentalmente. Tentativas de restaurar a função de genes perdidos ou que tenham sofrido mutação em células de câncer muitas vezes, desencadeiam um excesso de atividade genética, causando outros problemas em células normais.

Para superar esse desafio, os especialistas usaram uma técnica genética (em ratos) para interromper com precisão e de forma reversível, a atividade do APC. A supressão de APC nos animais ativou a Wnt (grupo de vias de transdução de sinais formadas por proteínas que transferem os sinais exteriores da célula para o seu interior), conhecida para controlar a proliferação, migração e sobrevivência celular. Quando o APC foi reativado, a sinalização de WNT voltou aos níveis normais, as células tumorais pararam de proliferar, e as células intestinais recuperaram a função normal. Os tumores regrediram e desapareceram dentro de duas semanas, e não houve sinais de reincidência do câncer ao longo de um período de acompanhamento de seis meses. Além disso, a abordagem foi eficaz no tratamento de ratos com tumores colorretais malignos que contêm mutações dos genes p53 e Kras, que são encontrados em cerca de metade dos tumores colorretais em seres humanos.

Embora a reativação do APC provavelmente seja irrelevante para outros tipos de câncer, o experimento poderia ter diversas implicações. “O conceito de condução na identificação de mutações do tumor é um grande foco de muitos laboratórios ao redor do mundo”, diz Lukas Dow. “Se conseguirmos definir quais tipos de mutações e alterações impulsionam o crescimento do tumor, estaremos mais preparados para buscar tratamentos adequados para cânceres individuais”.

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