Mundo, Tecnologia e Inovação | 19 de junho de 2015

Pesquisa descobre anomalia na origem da doença de Parkinson

Trabalho de uma equipe franco-belga foi publicada na Nature
Pesquisa descobre anomalia na origem da doença de Parkinson

O diretor de pesquisa do Instituto de Neurociências Público Paris Saclay, do CNRS (Centro Nacional para a Pesquisa Científica, na sigla em francês), Ronald Melki, liderou uma pesquisa que descobriu a anomalia causal da doença de Parkinson. O trabalho em conjunto com uma equipe da Universidade de Louvain (Bélgica) – publicado na revista Nature – ressalta que tudo é uma questão de proteínas que, nas células, são macromoléculas que fazem múltiplas funções.

A ciência ainda não compreende o papel exato de muitas delas, incluindo a alfa-sinucleína presente nas células nervosas. Sem ela, no entanto, as sinapses (parte essencial da comunicação entre células nervosas) é bem menor.

A falta de alfa-sinucleína perturba gravemente o funcionamento de nossas células e, eventualmente, causa doenças. Uma vez que o processo de agregação começa, é impossível parar o fenômeno. Todo o processo pode levar anos ou décadas. Estas descobertas foram feitas em 2003 por pesquisadores alemães e suecos.

Agora, a equipe franco-belga descobriu que grupos do mesmo tipo de proteína podem desenvolver duas doenças completamente diferentes: Parkinson ou a atrofia de múltiplos sistemas.

O trabalho dos pesquisadores consistiu primeiro em entender as diferentes formas que podem tomar as proteínas quando estão em conjunto, quando formam sistemas em formato de massas (espaguete e linguine). Supondo que essas duas formas pudessem ter consequências diferentes. Na segunda parte do estudo os dois tipos de agregados foram injetados em ratos. No cérebro destes roedores, a proteína que estava naturalmente presente nas suas células nervosas foi atraída pelos agregados que foram injetados. Os agregados se desenvolveram e os ratos tiveram Parkinson depois de receber proteína tipo linguine e atrofia de múltiplos sistemas para o grupo que tinha recebido proteínas em forma de espaguete.

A descoberta abre caminho para um melhor atendimento aos pacientes. “É muito difícil diagnosticar essas doenças”, diz Ronald Melki. “Os sintomas são complexos e numerosos. Hoje, é só depois da morte, através do estudo do tecido nervoso, que se pode diagnosticar com certeza o Parkinson. Com esta descoberta, podemos imaginar que, em cinco ou 10 anos, um exame de sangue para detectar a doença na idade de 45 anos, seja desenvolvido”, projetou. “Sabemos agora quais são as formas de agregados de alfa-sinucleína que causam esta doença, isso também significa que podemos trabalhar em anticorpos ou moléculas que mudem as propriedades desses agregados para evitar que a doença se desenvolva”, concluiu o Dr. Ronald Melki.

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