Estatísticas e Análises | 11 de julho de 2020

Pesquisa científica demonstra sintomas persistentes da Covid-19 mesmo após recuperação

Entre os pacientes observados, apenas 12,6% não apresentaram sintomas após 60 dias
Pesquisa científica demonstra sintomas persistentes da Covid-19 mesmo após recuperação

Na Itália, 71,4% dos pacientes (de 31.845 casos confirmados até 3 de junho de 2020) com Covid-19 apresentaram sintomas. Entre os sintomas comuns, estão tosse, febre, dispnéia, sintomas osteomusculares (mialgia, dor nas articulações, fadiga), sintomas gastrointestinais e perda de olfato e paladar. No entanto, informações sobre os sintomas persistentes após a recuperação são escassos. Um estudo publicado no site do Journal of the American  Medical Association (JAMA), conduzido pela Fondazione Policlinico Universitario Agostino Gemelli, Centro di Medicina dell’Invecchiamento, da Itália, avaliou os sintomas persistentes em pacientes já recuperados da doença, descobrindo algumas das principais incidências da fase pós alta hospitalar do paciente.

Participaram 143 pacientes recuperados, de 21 de abril a 29 de maio de 2020. A idade média do grupo foi de 56,5 anos (participantes entre 19 a 84 anos), com a presença de 53 (37%) mulheres; durante a internação, 72,7% dos participantes apresentaram evidências de pneumonia intersticial; o tempo médio de internação foi de 13,5 dias; do total (143), 21 pacientes (15%) receberam ventilação não invasiva e 7 pacientes (5%) receberam ventilação invasiva.

Resultados

Os pacientes foram avaliados em média 60,3 dias após o início do primeiro sintoma de Covid-19; no momento da avaliação, apenas 18 (12,6%) estavam completamente livres de qualquer sintoma relacionado ao coronavírus, enquanto 32% ainda apresentavam um ou dois sintomas, e 55% apresentavam três ou mais.

Nenhum paciente apresentou febre, sintoma típico da fase aguda. Mas a piora da qualidade de vida foi observada em 44,1% dos pacientes. Uma alta proporção de indivíduos ainda relatou fadiga (53,1%), falta de ar/dispneia (43,4%), dor nas articulações (27,3%) e dor no peito (21,7%).

O estudo constatou que em pacientes que se recuperaram da Covid-19, 87,4% relataram persistência de pelo menos um sintoma, principalmente fadiga e dispneia.

Apesar das atenções de médicos e pesquisadores estarem concentradas na fase aguda da doença, também é necessário um monitoramento contínuo após a alta dos pacientes recuperados, defendem os autores do estudo.

Os pesquisadores destacam que o estudo tem suas limitações, tais como falta de informações sobre o histórico de sintomas antes da doença aguda de Covid-19 e a falta de detalhes sobre a gravidade dos sintomas. Além disso, este é um estudo de centro único com um número relativamente pequeno de pacientes e sem um grupo controle de pacientes que recebem alta por outros motivos. Pacientes com pneumonia adquirida na comunidade também podem ter sintomas persistentes, sugerindo que esses achados podem não ser exclusivos da Covid-19.

Com informações do site do Journal of the American Medical Association (JAMA). Edição do Setor Saúde.

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