Empregabilidade e Aperfeiçoamento | 24 de janeiro de 2023

Pesquisa busca melhorar a capacidade do SUS de diagnosticar tuberculose em crianças

Estudo do Hospital Moinhos de Vento sobre a Prevalência Nacional de Agentes Respiratórios em Crianças e Adolescentes foi apresentado no evento Conexão Proadi
Pesquisa busca melhorar a capacidade do SUS de diagnosticar tuberculose em crianças

A incidência de doenças respiratórias em crianças e adolescentes é alta em todos os anos, mas a prevalência da tuberculose nesta população é algo que desafia a saúde no Brasil. Da estimativa de 70 mil casos anuais de infecção por Mycobacterium tuberculosis (bactéria que causa a doença) registrados pelo Ministério da Saúde, cerca de 3% ocorrem na população infantil.

Além das mais de duas mil crianças que recebem o resultado positivo, existem muitas outras que não têm acesso ao diagnóstico pela dificuldade de identificação da doença neste público. A consultora técnica do Programa Nacional de Controle da Tuberculose do Ministério da Saúde, Fernanda Dockhorn Costa, reforçou a preocupação com a importância de diagnosticar e tratar esses pacientes durante a sua participação no evento Conexão Proadi, realizado pelo Hospital Moinhos de Vento, na última quinta-feira (19). O encontro teve por objetivo explicar a importância e os objetivos do Estudo Epidemiológico sobre a Prevalência Nacional de Agentes Respiratórios em Crianças e Adolescentes (TB PED PROADI-SUS) liderado pelo Hospital Moinhos de Vento em parceria  com o Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (PROADI-SUS).


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“Sabemos a relevância da tuberculose. O levantamento da Organização Mundial da Saúde (OMS) demonstrou que mais de 10 milhões de pessoas foram acometidas pela doença em 2021. E o Brasil continua figurando entre os 30 países de maior incidência”, ressaltou a gerente médica do Hospital Moinhos de Vento, Juçara Gasparetto Maccari. A médica se diz orgulhosa por ver o hospital liderar um projeto com essa importância para a saúde pública do país.

A líder operacional do projeto TB PED, Marcia Polese Bonatto, explicou que as crianças têm poucas bactérias e isso dificulta o diagnóstico da tuberculose. “O TB PED propõe, por meio da coleta de escarro induzido, qualificar a amostra pediátrica com possível aumento de sensibilidade nos testes laboratoriais, desta forma, auxiliando no aumento do diagnóstico da tuberculose”, destacou.

O estudo conta com a participação de 22 centros recrutadores, distribuídos entre as regiões Sul, Sudeste, Norte e Nordeste do Brasil. São convidados da pesquisa menores de 15 anos. Até o momento, mais de 120 participantes foram recrutados.

Treinamento de profissionais

A especialista acrescentou que, além das grandes entregas em formato de pesquisa, com o recrutamento de participantes nos estudos, o Projeto TB PED elaborou materiais educativos com o intuito de qualificar profissionais de saúde e com impacto direto no SUS. O curso EAD “Diagnóstico, tratamento e vigilância da infecção latente pelo Mycobacterium tuberculosis (ILTB)” está disponível na plataforma eDX do Hospital Moinhos de Vento. No canal do YouTube do Hospital, também é possível conferir vídeos com as técnicas necessárias ao diagnóstico. Todo material é gratuito e quem participa recebe certificado após a conclusão.

Desafios da doença

Em torno de 25% da população mundial pode estar infectada por Mycobacterium tuberculosis com a chamada infecção latente — que significa que a doença não está ativa — e, ao longo dos anos, esses indivíduos poderão desenvolver o quadro de tuberculose ativa. Segundo a OMS, 15% dos casos devem acontecer ainda na infância. A tuberculose afeta desproporcionalmente alguns grupos sociais, estando muito relacionada à pobreza e aos pacientes imunodeprimidos, pontuou Fernanda Dockhorn Costa. “Mas as crianças são um grupo específico e vulnerável, que é desfavorecido no contexto do diagnóstico e do tratamento. Por ser uma doença tão silenciosa e de difícil acesso, acaba sendo negligenciada”, afirmou.

ILTB

Um dos principais pontos de atenção destacados pelo professor do Departamento de Pediatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Clemax Couto Sant’Anna é a diminuição progressiva da vacinação da BCG entre os nascidos vivos no país. “A vacinação é algo muito importante, porque ela previne o avanço da doença para os casos mais graves. No entanto, ao longo dos anos, a adesão tem sido menor. Chegamos ao patamar de apenas 56% vacinados”, alertou. Em relação ao diagnóstico, de acordo com o especialista, hoje ele é feito pela avaliação clínica, de forma geral. Mas o médico projetou que o estudo trará uma contribuição mundial importante para o combate à doença, e não apenas para o Brasil.

Qualificação e orientações gratuitas: confira os links para acesso

Curso EAD


Vídeo escarro induzido


Vídeo IGRA


Vídeo teste Tuberculínico


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Crédito das fotos: Renan Martins Alves

 

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