Estatísticas e Análises | 28 de dezembro de 2017

Passar muito tempo sentado pode prejudicar seu coração

Níveis de troponina podem ser influenciados pela falta de atividade
Passar muito tempo sentado pode prejudicar seu coração

Passar longos períodos de tempo sentado pode prejudicar seu coração, de acordo com um novo estudo, que utilizou dados da Dallas Heart Study, dos EUA. Segundo a pesquisa, quanto mais tempo as pessoas passam sentadas, maior a probabilidade de que apresentem sinais de lesão nos músculos cardíacos.

As pessoas que permanecem sentadas por mais de nove horas por dia são propensas a desenvolver diabetes, doenças cardíacas e outros problemas, sendo a maioria desses riscos relativamente altos, mesmo que realizem exercícios em outra hora do dia.

Segundo o estudo, o ato de estar sentado excessivamente também foi associada à insuficiência cardíaca, uma condição em que o coração se torna progressivamente mais fraco e incapaz de bombear sangue suficiente para manter o resto do corpo oxigenado.

Recentemente, um grupo de cardiologistas ao redor do mundo começou a pesquisar sobre troponinas. Elas são proteínas produzidas por células do músculo cardíaco quando estão feridas ou morrendo. Um ataque cardíaco, por exemplo, libera uma onda repentina de troponinas na corrente sanguínea.

Mesmo os níveis de troponina ligeiramente elevados, inferiores aos envolvidos em ataques cardíacos, são preocupantes se persistirem por um longo período. Os níveis elevados dessa proteína indicam que algo está errado no músculo cardíaco. Se o dano não for interrompido, pode resultar em insuficiência cardíaca.

No novo estudo, os pesquisadores utilizarem dados para analisar um grande exame contínuo de saúde cardíaca entre um grupo de homens e mulheres etnicamente diversos, supervisionado pela University of Texas Southwestern Medical Center. Os participantes do estudo realizaram testes cardíacos, entregaram amostras de sangue e utilizaram rastreadores de atividade física por uma semana.

Os pesquisadores conseguiram informações sobre mais de 1.700 desses participantes, excluindo aqueles que tiveram doença cardíaca ou sintomas de insuficiência cardíaca, como dor torácica ou falta de ar.

Eles verificaram as amostras de sangue de homens e mulheres para troponinas e as leituras de seus rastreadores de atividades para ver o quanto eles tinham se movido durante os dias para fazer comparações.

Muitos dos participantes do estudo mostraram comportamento sedentário, ficando sentados por até 10 horas ou mais na maioria dos dias. Não surpreendentemente, esses homens e mulheres raramente se exercitavam.

Entretanto, alguns homens e mulheres realizavam atividade física, geralmente caminhada. Eles não estavam se exercitaram muito, mas quanto mais exercício eles realizaram, menos horas sentados ficaram.

Essa atividade física, mesmo que limitada, foi associada com níveis de troponina relativamente normais. As pessoas que se exercitavam por mais tempo apresentaram quantidades mais baixas da proteína no sangue, embora os benefícios estatisticamente fossem leves.

Por outro lado, as pessoas que ficaram sentadas durante 10 horas ou mais mostraram níveis de troponina acima da média no sangue. Esses níveis estavam bem abaixo dos indicadores de um ataque cardíaco. Mas eles eram suficientemente altos para constituir “lesão cardíaca subclínica”, de acordo com os autores do estudo.

Esta relação se manteve forte mesmo depois que os pesquisadores incluiram outros fatores que poderiam ter influenciado os níveis de troponina, como idade, gênero, índice de massa corporal e função cardíaca.

Segundo o cardiologista e professor da UT Southwestern Medical Center, Dr. James de Lemos, que supervisionou o novo estudo, o comportamento sedentário está associado à obesidade, à resistência à insulina e à deposição de gordura no coração, o que pode levar a lesões nas células do coração.

“Por outro lado, o problema pode estar no que você não está fazendo enquanto está sentado. Embora este estudo tenha encontrado pouco benefício do exercício em termos de melhoria dos níveis de troponina, esse resultado provavelmente está relacionado ao pouco movimento que as pessoas estavam fazendo enquanto sentadas”, explica.

Segundo o cardiologista, a maior parte da literatura cardiovascular sugere que tanto o exercício quanto não ser sedentário são importantes. Os pesquisadores ainda estão realizando uma série de estudos de acompanhamento para confirmar se sentar menos, exercitar mais ou os dois ao mesmo tempo afetam os níveis de troponina e o risco de insuficiência cardíaca.

Com informações de The New York Times. Edição Setor Saúde

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