Para crescer de forma sustentável, Hospital Sapiranga alia busca por receitas e gestão eficiente dos custos operacionais
Em entrevista ao portal Setor Saúde, Elita Herrmann, Diretora Executiva do Hospital Sapiranga, analisa momento atual da instituição e e apresenta os planos para o futuro da organização.
Ao completar 80 anos em 2024, o Hospital Sapiranga vem adotando soluções inovadoras para manter a sua sustentabilidade financeira, item vital para atender uma população em transformação em um cenário caracterizado pelo envelhecimento e o aumento das doenças crônicas. Em entrevista ao portal Setor Saúde a Diretora Executiva do Hospital, Elita Cofferri Herrmann destaca: “Para que possamos crescer de forma sustentável, é fundamental equilibrar a busca por recursos financeiros com uma gestão eficiente dos custos operacionais.” Para a executiva, “a excelência hospitalar é um processo dinâmico, que exige monitoramento contínuo e aprimoramento constante. Indicadores de qualidade, auditorias internas e externas, certificações e feedbacks de pacientes e profissionais são ferramentas fundamentais para a melhoria dos serviços.”
Herrmann apresenta as conquistas recentes e os planos para o futuro. Segundo ela, “após uma caminhada no desenvolvimento de maturidade de gestão das principais lideranças, elaboramos o novo planejamento estratégico, pensando no Hospital Sapiranga 2030, onde os principais eixos serão a Excelência, Crescimento Sustentável e Relacionamento Humano.”. Na parte final da entrevista, Herrmann fala sobre gargalos que devem ser foco de todo o setor, principalmente em relação ao descompasso entre custos e receitas, tanto no SUS como na saúde suplementar. Confira.
Desafios e conquistas
“O ano 2024 foi de desafios e adaptações para o setor hospitalar, marcado pela busca por soluções inovadoras, sustentabilidade financeira e a necessidade de atender a uma população em transformação, como o envelhecimento e aumento das doenças crônicas. A escassez de profissionais de saúde continuou a ser um desafio crítico, exacerbado pelo esgotamento profissional e pela crescente demanda por serviços médicos. O Hospital Sapiranga assim como o todo o Estado, enfrentou desafios significativos relacionados ao aumento expressivo de casos de dengue, com necessidade de ampliação de equipes para atender a alta demanda nos primeiros meses do ano”, pontua.
“Mas o Hospital Sapiranga teve muitas conquistas nesse ano que passou, uma delas e de extrema importância foi a Certificação de Acreditação ONA 2, o que demonstra o compromisso e maturidade da Instituição com relação a segurança e qualidade nos processos”, diz Herrmann.
“A readequação da estrutura física e tecnológica segue em expansão. Em 2024, realizamos importantes entregas, incluindo um moderno centro de material de esterilização, a ampliação do centro cirúrgico com uma nova sala de cirurgia e o início da reforma e adequação de todo o setor, acompanhada da aquisição de novas tecnologias.
“Também expandimos o centro de endoscopia (fotos abaixo) e colonoscopia, dobrando sua capacidade de uma para duas salas e incorporando uma nova torre com tecnologia de ponta. Além disso, em dezembro, inauguramos o centro de parto normal, totalmente estruturado para oferecer um ambiente acolhedor e incentivar o parto humanizado, contribuindo para a redução das taxas de cesárea.”
“Também tivemos importantes investimentos na área de gestão de pessoas, com programa específico na gestão de alta performance junto as lideranças, buscando a melhoria continua e engajamento do time em busca da maturidade de gestão”, completa a Diretora Executiva.
Principais investimentos previstos para 2025
“Por exemplo: programas de melhoria de gestão/processos; investimento em práticas ESG, novas contratações; adoção de novas tecnologias; investimento voltado para a transformação digital, ampliação de estrutura; aprimoramento no relacionamento com o mercado; inaugurações previstas; novos serviços, aquisições/fusões, parcerias, entre outros”, anuncia.
“Alguns importantes serviços que haviam sido projetados, deverão ser implementados no decorrer desse ano, como por exemplo a cardiologia intervencionista, com a instalação de um serviço de hemodinâmica. A reestruturação do centro de especialidades médicas, como o ambulatório de traumatologia transformando o serviço em linha de cuidado, bem como a conclusão do centro cirúrgico, com ampliação da capacidade instalada.”
“Recentemente implementamos o setor de experiência do paciente e a aquisição de uma plataforma dedicada, visando aprimorar a comunicação com o paciente relacionado as práticas de segurança durante o atendimento. Através dessa ferramenta será possível estabelecer uma linha direta entre a equipe, pacientes e familiares permitindo uma comunicação imediata, facilitando a resolução de problemas e o aprimoramento contínuo dos serviços prestados. Ao fornecer informações e canais de comunicação, a plataforma incentiva os pacientes a se envolverem ativamente em seu próprio cuidado, aumentando a confiança e satisfação com os serviços de saúde” aprofunda Herrmann.
As principais diretrizes ou eixos estratégicos estipulados para o ciclo 2025, em termos de gestão e assistência
“Após uma caminhada no desenvolvimento de maturidade de gestão das principais lideranças, elaboramos o novo planejamento estratégico, pensando no Hospital Sapiranga 2030, onde os principais eixos serão a Excelência, Crescimento Sustentável e Relacionamento Humano.”
“A busca pela excelência no cuidado e na segurança hospitalar é um compromisso essencial para garantir a qualidade dos serviços de saúde e preservar a vida dos pacientes. Hospitais são ambientes complexos, onde a eficiência dos processos, a capacitação das equipes e a implantação de boas práticas impactam diretamente a recuperação dos pacientes e a satisfação de todos os envolvidos no atendimento. A excelência hospitalar é um processo dinâmico, que exige monitoramento contínuo e aprimoramento constante. Indicadores de qualidade, auditorias internas e externas, certificações e feedbacks de pacientes e profissionais são ferramentas fundamentais para a melhoria dos serviços”, diz a executiva do Hospital Sapiranga.
“Atualmente o Hospital Sapiranga já possui o selo ONA 2 – Acreditação Pleno e tem como objetivo estratégico, seguir investindo na qualidade do cuidado e na segurança fortalecendo a credibilidade da instituição, elevando a satisfação dos pacientes e otimização dos recursos, tornando o atendimento mais eficiente e sustentável. Assim, a busca pela excelência passa a ser uma prioridade no Hospital Sapiranga, para todos os envolvidos na gestão e na assistência.”
“O crescimento sustentável é um dos pilares essenciais para garantir a continuidade e a qualidade dos serviços de saúde. Para que possamos crescer de forma sustentável, é fundamental equilibrar a busca por recursos financeiros com uma gestão eficiente dos custos operacionais. A adoção de estratégias de captação de recursos, parcerias com o setor privado e otimização de processos internos como medidas essenciais para garantir a viabilidade econômica da instituição a longo prazo. Mas tudo isso através de práticas sustentáveis para minimizar impactos ambientais e promover um uso consciente dos recursos naturais. Medidas como a gestão eficiente de resíduos hospitalares, redução do consumo de energia e água, e a adoção de tecnologias limpas são fundamentais para garantir a sustentabilidade ambiental da organização.”
“Por fim e como base de tudo, o relacionamento humano. É através das pessoas que podemos garantir um atendimento de qualidade, promovendo conforto, segurança e bem-estar aos pacientes. Em um ambiente onde as pessoas frequentemente enfrentam momentos de vulnerabilidade, a interação empática e respeitosa entre todos os profissionais da saúde, pacientes e familiares pode fazer toda a diferença na experiência”, entende Herrmann.
“O trabalho em equipe é fundamental para garantir a eficiência e segurança no atendimento. Uma comunicação clara entre os profissionais evita erros, melhora a coordenação do cuidado e fortalece um ambiente de trabalho mais harmonioso. O respeito e a colaboração entre os membros da equipe promovem um melhor desempenho e uma assistência mais eficaz”, completa a Diretor Executiva.
Gargalos que devem ser foco de atenção dos governos e das organizações de saúde
“O Sistema Único de Saúde (SUS) segue sendo um grande desafio para as instituições filantrópicas, que enfrentam um crescente descompasso entre custos e receitas. A demanda por atendimentos aumenta continuamente, assim como os custos operacionais, ampliando o déficit financeiro e tornando cada vez mais difícil a sustentabilidade.”
Conforme Herrmann, para garantir a continuidade e a qualidade no atendimento à população, é fundamental fortalecer parcerias com os gestores estaduais e municipais. “O SUS, por ser um sistema tripartite, deve contar com o financiamento adequado das três esferas governamentais. No entanto, os hospitais filantrópicos, como prestadores de serviço, não podem absorver os custos adicionais, sob o risco de inviabilizar as suas operações e comprometer toda a estrutura.”
“Outro desafio significativo é o novo modelo de remuneração do IPE Saúde, o qual tem sido alvo de intensas negociações junto ao órgão, visto que as tabelas de remuneração que passaram a vigorar em abril de 2024, reduziram ainda mais as margens que já eram apertadas, sendo em alguns casos, negativas. Além disso, a escassez de médicos especialistas que desejam atender pelo plano agrava a situação, uma vez que os pagamentos desses profissionais acabam sob a responsabilidade do hospital. Essa realidade representa uma preocupação constante para nossa instituição, que atende um número expressivo de pacientes conveniados ao IPE Saúde.”
“O setor de saúde suplementar no Brasil enfrentará um cenário em 2025, marcado pelo aumento dos custos assistenciais, mudanças no perfil epidemiológico da população e a necessidade de maior eficiência na gestão dos recursos. As operadoras de planos de saúde, especialmente as de pequeno e médio porte, enfrentam dificuldades para se manterem sustentáveis diante de um ambiente econômico instável”, adiciona Herrmann.
“Um dos principais desafios continua sendo o crescimento acelerado das despesas médicas. O avanço tecnológico e a incorporação de novos tratamentos, embora tragam benefícios, também elevam os custos operacionais. Além disso, o envelhecimento da população o que aumenta a demanda por cuidados de longo prazo e tratamentos para doenças crônicas”, finaliza a Diretora Executiva do Hospital Sapiranga.