Entre os dias 19 e 20 de abril o Hospital Moinhos de Vento promoveu o V Congresso de Câncer de Mama e I Encontro Sul-Brasileiro de Especialistas. O encontro, realizado em Porto Alegre,  reuniu oncologistas, mastologistas, radioterapeutas,  entre outros profissionais  convidados especialmente pela instituição, que puderam acompanhar a apresentação das atualidades no assunto e discutir o tema de forma ampla.

Além de palestras com médicos e pesquisadores que são referência nacional e internacional em câncer de mama (veja a cobertura do Setor Saúde aqui), foram colocados para debate casos de pacientes, os quais foram amplamente analisados pelos presentes, dando um panorama de quais são os melhores caminhos para o tratamento.

A pedido do Setor Saúde, o coordenador do Centro de Oncologia do Hospital Moinhos, dr. Sérgio Roithmann, um dos coordenadores do evento, fez uma apreciação dos principais pontos que foram apresentados ao longo dos dois dias de encontro.

Dr. Sergio Roithmann

Radioterapia: “Do ponto de vista da radioterapia, foram apresentados dados pelo Dr Hugo Marsiglia (Institute Gustave Roussy- Paris) que confirmam a eficácia de novas técnicas de radioterapia, como a radioterapia hipofracionada e a radioterapia parcial da mama. Estas técnicas permitem proporcionar o tratamento de forma mais curta, mais conveniente e também com menores efeitos de longo prazo para a paciente. Eles necessitam de equipamentos de ultima geração de radioterapia – incluindo a IMRT e a IGRT – que são disponíveis no centro de oncologia do Hospital Moinhos de Vento”.

Quimioterapia: “Do ponto de vista da quimioterapia, foram discutidas novas metodologias moleculares (Oncotype Dx e Mammaprint) que permitem selecionar de forma mais precisa as pacientes que, efetivamente, se beneficiam de quimioterapia. A quimioterapia complementar à cirurgia, de fato aumenta as chances de cura da doença. Mas existem mulheres que podem ser tratadas exclusivamente com terapias hormonais e serem poupadas dos efeitos tóxicos da quimioterapia. O ideal é oferecer o tratamento quimioterápico apenas para as mulheres que efetivamente seriam beneficiadas – e estamos agora em condições de selecionar estas mulheres com maior precisão. Estes exames são ainda feitos fora do país e seu custo limita o acesso à maioria das mulheres”.

Resistência ao tratamento hormonal: “Outra informação importante diz respeito aos mecanismos de resistência aos tratamentos hormonais. Muitas vezes, existe uma resposta inicial que pode ser perdida com o tempo. O conhecimento dos mecanismos de resistência ao tratamento permite superar este obstáculo. Um exemplo é o uso do Everolimus – medicação até agora utilizada para tratar tumores renais, que tem o efeito de reverter a resistência ao bloqueio hormonal em câncer de mama”.

Cirurgia: “Do ponto de vista da cirurgia, foi discutida a possibilidade de evitar a cirurgia de esvaziamento axilar, mesmo em casos de comprometimento do linfonodo sentinela. Isto se traduz em cirurgias mais conservadoras e muito menores sequelas a longo prazo da cirurgia”.