Estatísticas e Análises | 4 de agosto de 2016

O tratamento eficaz contra a gota é o cuidado com a saúde

Tratamentos atuais podem aliviar as crises, desde que o paciente mude hábitos como alimentação inadequada e ingestão de álcool
O tratamento eficaz contra a gota é o cuidado com a saúde

A gota é uma doença reumatológica, metabólica e inflamatória, que eleva os índices de ácido úrico do sangue (hiperucemia) que, por sua vez, faz com que cristais de sódio se depositem nos tecidos e articulações gerando crises de artrite aguda secundária e incômodos, muitas vezes severos, aos pacientes. A condição é frequentemente crônica e provoca dor muito forte, na maioria das vezes, geralmente começando na base conjunta do dedão do pé.

Analgésicos e anti-inflamatórios são capazes de reduzir o nível de ácido úrico. Ainda assim, para ser eficaz, estes medicamentos devem ser tomados com cuidado: é imperativo compreender a diferença entre o tratamento de uma crise e sua prevenção, o que inclui uma série de medidas em relação a alimentos e bebidas.

A Gota pode ser classificada como primária, quando a causa é desconhecida e tem ligação genética (responsável por 90% dos casos, segundo dados da Sociedade Brasileira de Reumatologia), ou secundária, quando se desenvolve em razão de outra doença associada como anemia, leucemia, psoríase, insuficiência renal, hipertensão arterial, hipotireoidismo, entre outras, ou também pelo uso de medicamentos como diuréticos e aspirina.

A doença é predominantemente masculina, ocorrendo na fase  adulta (95% dos casos ocorrem em homens entre 30 e 50 anos). Estima-se que uma em cada três mil pessoas tenha Gota no Brasil, e a maior parte dos casos demora para ser diagnosticada por falta de atenção do paciente.

A doença pode ocorrer de duas formas:

Produção excessiva de ácido úrico – Caso menos comum. Pode haver falha enzimática que faz com que o corpo produza uma quantidade de ácido úrico que os rins não conseguem eliminar.

Ineficiência na eliminação pelo organismo – Pode haver ausência congênita no mecanismo enzimático responsável pela eliminação do ácido úrico pelos rins, aumentando a concentração do ácido no sangue.

Na maior parte dos casos, a Gota surge como uma inflamação articular que causa um inchaço grande e dor intensa, geralmente no dedão do pé. A primeira crise dura em média uma semana, mas passa. Como a rotina volta ao normal, a pessoa pode deixar de procurar orientação médica, e uma nova crise pode demorar meses ou anos. Quando reaparece, a crise pode afetar as mesmas articulações ou se expandir. Sem tratamento, a tendência é que o intervalo entre as crises vá reduzindo, comprometendo e até deformando as articulações.

Os valores de ácido úrico considerados normais no sangue são de

HOMENS: 3,4mg/dL a 7,0mg/dL

MULHERES: 2,4mg/dL a 6,0mg/dL

Mas o simples aumento dessas taxas não significa o diagnóstico de Gota, que é feito através da identificação de cristais de ácido úrico no líquido retirado da articulação. Sem essa identificação, não é possível diagnosticar a Gota antes de descartar outras doenças. Outra técnica para a confirmação da doença é a presença de tofos (cristais de ácido úrico) em tecidos como a borda da orelha, ponta do nariz e na superfície das articulações.

Os tratamentos para a gota são muito eficazes no alívio dos sintomas de crises e na prevenção de recorrências.

O primeiro passo a tomar, como dizem os reumatologistas franceses Frédéric Lioté e Thomas Bardin, em reportagem do jornal Le Figaro, “o paciente deve fazer uma redução drástica na ingestão de álcool”, que impede a eliminação do ácido úrico. Os especialistas também sugerem “diminuir gradualmente os alimentos ricos em purinas: carnes vermelhas, peixes gordurosos (salmão, sardinha, atum), frutos do mar, peles de aves e peixes. Certifique-se que o problema não vem de medicamentos diuréticos que aumentam os níveis de ácido úrico”.

A Gota ocorre devido a falhas na produção e eliminação de ácido úrico, problemas genéticos que não possuem tratamento definitivo (apenas 20%). O recomendado é seguir orientações médicas, dietas, tratar doenças associadas e administrar remédios que diminuam as taxas de ácido úrico no sangue para evitar as crises.

“Alguns medicamentos aliviam a dor, como a colchicina (anti-inflamatório), tratamento de referência na gota. Embora muito eficaz, ela é muitas vezes mal tolerada em doses elevadas (podendo causar diarreia)”. Para esses casos, a alternativa são os anti-inflamatórios não esteróides ou injeções de cortisona. Segundo a reportagem francesa, outros medicamentos são usados ​​a longo prazo, “reduzindo produção de ácido úrico (alopurinol, febuxostat) ou para facilitar a sua remoção (probenecida)”.

Tratamentos de longo prazo só devem ser prescritos depois de se certificar que a gota não se deu devido a insuficiência renal ou diuréticos. “Eles são indicados em casos de gota grave – várias crises por ano – nódulos de ácido úrico visíveis sob a pele ou cálculos urinários. E por uma boa razão. Estes medicamentos não são triviais: o alopurinol pode resultar em síndrome cutânea muito grave, e por isso este tratamento deve ser interrompido em caso de erupção cutânea”, ressalta o Le Figaro.

3 dicas para gerenciar adequadamente a Gota, segundo o American College of Rheumatology:

1. Ter uma dieta e um estilo de vida saudável (praticar exercícios, dieta equilibrada, não beber álcool, etc.)

2. Comer alimentos saudáveis e baixos em purinas.

3. Tomar os medicamentos prescritos pelo médico.

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