O impacto da Internet das Coisas em estabelecimentos de saúde
O grande desafio é manter a segurança dos dadosA Internet das Coisas (termo que vem do inglês Internet of Things, ou IoT) é uma revolução tecnológica que representa o futuro da computação e da comunicação e cujo desenvolvimento depende da inovação técnica dinâmica em campos como os sensores wireless (sem fio) e a nanotecnologia. O objetivo é criar um sistema global de registro de bens usando um sistema de numeração único chamado Electronic Product Code.
A IoT é uma realidade no setor saúde, e deverá crescer nos próximos anos. Ao menos é o que aponta um artigo publicado no portal do Center for Medical Interoperability (Centro para a Interoperabilidade Médica, em tradução livre), uma organização norte-americana sem fins lucrativos, dedicada a oferecer tecnologias novas e mais inteligentes, políticas e práticas para melhorar a qualidade dos serviços de saúde e torná-los financeiramente mais acessíveis.
Em seu portal, o Center for Medical Interoperability avaliou que, em um primeiro momento, “pode ser tentador descartá-la como apenas mais uma frase de efeito em um campo repleto de jargões, mas a IoT veio para ficar no mundo dos serviços de saúde. É provável que continue a crescer em popularidade conforme as tecnologias em hospitais evoluam de várias maneiras para aumentar a eficiência”.
De várias formas, muitos hospitais dos EUA, se não a maioria, têm utilizado a IoT para fins de gestão de ativos, para controlar a temperatura e umidade em salas de operação. Para Paul Currie, vice-presidente da arquitetura corporativa do Hospital Corporation of America ( rede de hospitais e operadora de saúde norte-americana baseada em Nashville, EUA e com operação também no Reino Unido), a tecnologia nos cuidados e serviços de saúde tem ainda muito a expandir.
“A IoT gira em torno da conectividade, sobre a busca por uma informação disponível que possa desencadear uma ação, e que a ação possa acontecer”, explica. “Por exemplo, eu estou pensando em situações em que um quarto de paciente precisa estar em uma temperatura específica quando está ocupado, e se não está ocupado, a temperatura muda imediatamente. Isso é a Internet das coisas”.
Paul Currie dá outro exemplo de como a IoT pode promover a eficiência, que é um “colar sensor” para extintores de incêndio, que detecta remotamente a condição de um dispositivo e se precisa ser substituído. Os dados compartilhados substituem as verificações manuais. O termo “Internet of Things” foi criado em 1999 em resposta a um desafio da cadeia de abastecimento que foi resolvido através do uso de um microchip e um receptor de rádio que acompanhou o status de inventário de um produto cosmético popular.
Segundo o artigo, Ted Hood, vice-presidente sênior e diretor de operações da GBA, uma empresa de consultoria de tecnologia em cuidados de saúde do Tennessee, considera que um dos mais altos níveis de IoT na saúde é encontrado atualmente no Mercy Virtual Care Center (Centro de Atendimento Virtual Mercy, em tradução livre) projetado especificamente para apoiar a prestação de serviços de telessaúde, sendo o maior centro de comando para unidade de cuidados de saúde dos EUA.
Inaugurado em 2015, o centro de atendimento virtual presta serviços de áudio, vídeo e conexão de dados com suporte de pessoal clínico e de apoio, que monitora remotamente pacientes de quatro Estados norte-americanos. Ted Hood projeta um número crescente de sistemas de cuidados de saúde incorporando alguns dos benefícios oferecidos pelo centro de atendimento virtual.
Importante ressaltar que “a expansão da IoT traz desafios. Ampliação do uso do compartilhamento de dados pode prejudicar algum centro de dados. À medida que o monitoramento do paciente se expande para o lar e para a utilização de dispositivos portáteis, a prestação de serviço para condições crônicas e a incorporação de uma análise prévia dos médicos vai aumentar demandas de infra-estrutura nos protocolos dos centros de dados”.
A incapacidade de dispositivos médicos pessoais compartilharem dados entre si, exigirá o desenvolvimento de uma plataforma “plug-and-play” (ligar e usar) com uma linguagem padrão. “O Center for Medical Interoperability tomou essa questão como sua missão”, afirma o artigo.
As preocupações com a segurança provavelmente serão maiores à medida que o nível de dados partilhados aumentar com o desenvolvimento da IoT. “O volume de dados vai crescer substancialmente juntamente com a manutenção da segurança para garantir que não haja violações ou ataques cibernéticos”, diz Ted Hood.
Conforme os desafios surgem e são superados, gerando confiança em um tempo adequado, a IoT criará a promessa de melhores cuidados de saúde. “Todos esses sistemas vão ter um impacto incrível sobre a eficiência dos serviços de saúde e sem gastar muito dinheiro extra,” considera Andrew Quirk, vice-presidente sênior e diretor nacional do Skanska Healthcare Center of Excellence , em Nashville (EUA). “Nós apenas precisamos saber como integrá-la”, conclui o artigo.