Novo tratamento erradica câncer do colo do útero
ASCO aprova imunoterapia para o combate ao melanoma e câncer cervicalQuatro novos estudos, apresentados na reunião anual da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO), o maior evento mundial no campo do câncer, aprovam a imunoterapia como via para combater o melanoma e o câncer cervical. Ativar e ampliar a resposta do sistema imune para atacar o tumor se transformou em uma linha de pesquisa estratégica.
É uma pequena amostra (nove pessoas) e apenas um terço dos pacientes apresentou melhora, mas eram casos considerados terminais e não havia esperanças com outros tratamentos.
Os cientistas conhecem aspectos importantes de como os tumores se protegem. As células tumorais podem ser identificadas como estranhas pelas células do sistema imune, desencadeando assim uma resposta que as destrói. A limitação está no fato de que esse sistema nem sempre funciona, já que as células tumorais às vezes escapam deste mecanismo.
A primeira pessoa diagnosticada com câncer de colo de útero para quem o novo tratamento funcionou foi Aricca Wallace. Na época com 34 anos, mãe de dois filhos, ela utilizou DIU por três anos e, embora se queixasse de dores e sangramentos irregulares, seu médico descartava possibilidade de câncer. Ao retirar o dispositivo intrauterino, descobriu ter a doença, que já tinha metastases para peito e abdômen.
Especialistas consideravam o caso grave, com sobrevida de, no máximo, um ano. Diante disso, a paciente iniciou um tratamento experimental consistindo na imunoterapia, eliminando um de seus tumores e coletando células específicas, os linfócitos T, que o rodeavam e que desempenham um papel chave, ao atacar o vírus do papiloma humano (HPV).
Cerca de 70% dos casos de câncer de colo de útero, também conhecido como câncer cervical, são causados pelas cepas 16 e 18 do vírus do papiloma humano.
A paciente se submeteu a uma semana de quimioterapia em doses fortes para desativar o sistema imunológico. Em seguida, os cientistas fizeram uma infusão de 100 bilhões de suas próprias células T, cultivadas em laboratório com base naquelas retiradas do tumor. A paciente ainda tomou duas doses de aldesleucina (agente que ajuda a desenvolver células imunológicas), que pode causar efeitos colaterais como hemorragias, vômitos, pressão baixa, febre e infecções. Como resultado, os tumores diminuíram consideravelmente e, depois de quatro meses, desapareceram por completo.
O segundo caso também envolve uma norte-americana. Seu câncer uterino metastático foi tratado com esse procedimento e, um ano depois, não havia sinais da doença. Uma terceira respondeu da mesma forma durante um curto período, mas o câncer reapareceu posteriormente.
Atualmente a imunoterapia é o enfoque considerado mais promissor, tendo apresentado eficiência especialmente contra o melanoma, o câncer de pele mais agressivo. Um estudo de 2013 revelou que 40% das pessoas com melanoma metastático que seguiram um tratamento de imunoterapia não apresentam sinais da doença sete anos depois.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o câncer de colo de útero atinge anualmente 530 mil mulheres em todo o mundo, sendo fatal em mais de 270 mil casos, a maioria em países em desenvolvimento.