Novo modelo inverterá relação entre atores da Saúde Suplementar
Ideia é que o usuário do sistema passe a lidar diretamente com o prestadorUm novo modelo de funcionamento e operação para a Saúde Suplementar foi apresentado na quinta-feira, 23, durante o talk show “O valor ao paciente no cenário de crise da Saúde Suplementar: em busca de soluções”, em seminário realizado pela Associação de Hospitais e Serviços de Saúde da Bahia (AHSEB) e Universidade Corporativa, na cidade de Salvador (BA).
O modelo, cujo piloto deve ser experimentado na Bahia, traz uma inversão na relação dos atores que compõem o segmento. Por isso, foi intitulado de “capitation reverso” por um grupo que estudou sobre este novo sistema, liderado pelo presidente da Federação Baiana de Saúde da Bahia (FEBASE) e vice da Confederação Nacional de Saúde (CNS), Marcelo Britto, que fez a apresentação no talk show, durante o evento.
Conforme explicou Britto, a ideia é que o usuário do sistema passe a lidar diretamente com o prestador, e o papel da operadora de saúde seja a venda de redes privadas de serviços, sem precisar ter o contato direto com o usuário – já que o pagamento pelos mesmos será feito diretamente aos estabelecimentos: hospitais, clínicas, laboratórios, que se organizariam em redes por critérios pré-estabelecidos.
Trata-se de uma mudança na prática da relação que existe hoje, em que a operadora precisa lidar com o paciente – apesar de ela não ser a responsável pelos cuidados da saúde do mesmo. Com o novo modelo, os propositores – representantes de estabelecimentos – pretendem abolir práticas que são consideradas prejudiciais para o paciente, tais como tempo de espera para autorizações de procedimentos, procedimentos negados, overuse (excesso de uso), entre outros.
Tábua de Ressarcimento
“Só existe um caixa na saúde. O usuário. E hoje, minha receita advém da medicina curativa e não, da preventiva”, explicou Marcelo Britto em sua exposição, citando alguns instrumentos que precisarão ser criados para sustentar a proposta, tais como a remuneração por valor fixo e por vida, em toda a cadeia; a criação de uma Tábua de Ressarcimento; a contratação de uma empresa gestora do grupo e para o grupo, e de um conselho partilhado.
“Esta é a espinha dorsal do que podemos construir para o nosso futuro. Todos os atores precisam aderir a este modelo para mudar o atual cenário, e construirmos, juntos, coisas novas”, disse o presidente da AHSEB, Mauro Duran Adan, que também fez parte do grupo de estudos.
A solução proposta foi elaborada como uma tentativa de contornar a tendência do setor, que é o esgotamento total em, no máximo, seis anos – se os números indicativos, também apresentados por Britto em sua exposição, seguirem a tendência atual. A diretriz principal do novo modelo é alinhar os interesses dos médicos, prestadores, operadoras e usuários, conforme destacou.
Outras informações sobre as discussões: www.ahseb.com.br