Novo tratamento contra forma mais prevalente de câncer de pulmão é estudado
Pesquisa norte-americana mostra benefícios no uso combinado de 2 quimioterápicos com radioterapia
Cerca de 85% dos casos de câncer de pulmão são causados pelo tipo chamado câncer de pulmão de células não-pequenas, um tipo de tumor cuja sobrevida, de cinco anos, é definida em apenas 2%. Há, portanto, a necessidade de novos tratamentos, especialmente contra o subtipo com mutações no gene ‘KRAS’, por ser resistente a terapias convencionais e personalizadas.
De acordo com um estudo realizado na Universidade Thomas Jefferson (EUA) com animais – ratos –, a solução pode estar na combinação de duas drogas anti-câncer experimentais e radioterapia. Bo Lu, diretor da pesquisa publicada na revista Clinical Cancer Research, explica que “já foi lançado um ensaio clínico para avaliar a combinação de duas drogas, trametinib e palbociclib, no tratamento de pacientes com tumores avançados e melanoma. Enquanto ainda é necessária pesquisa em seres humanos para confirmar a nova evidência, nosso estudo sugere que pode ser capaz de identificar os pacientes com câncer de pulmão de pequenas células, que poderiam se beneficiar mais com esta combinação de terapias”.
Terapia combinada
No estudo, os pesquisadores identificaram que alguns pacientes com câncer de pulmão de células não-pequenas e mutação KRAS, tinham uma taxa de mortalidade mais elevada. Especificamente, eram pacientes que também apresentavam mutação p16, o que explicou porque a administração não respondeu ao medicamento específico contra a mutação KRAS. Assim, visando alcançar uma maior suscetibilidade do tumor ao tratamento, os autores adicionaram uma segunda terapia medicamentosa, focada especificamente na mutação p16.
O estudo mostra que a combinação das duas drogas fez com que o tumor, até então resistente, ficasse mais suscetível à radioterapia. “Se você acertar apenas um alvo, o outro pode assumir o controle. Mas combater os dois, se torna uma terapia precisa”, acrescentou o especialista.
“Podemos ser capazes de identificar os pacientes com câncer de pulmão de células não-pequenas, que poderiam se beneficiar mais desta combinação de terapias”, frisou Dr. Bo Lu. Vale ressaltar que, atualmente, nenhum dos medicamentos (palbociclib e trametinib) estão aprovados para o tratamento de câncer de pulmão. Ainda há um longo caminho para a possível liberação deste tratamento para enfrentar o câncer de pulmão.