Gestão e Qualidade | 28 de novembro de 2025

Nova vacina contra a dengue reafirma a importância da área de pesquisa do HSL da PUCRS

O Hospital São Lucas da PUCRS acompanhou 850 voluntários incluídos no estudo inicial da vacina.
Hospital São Lucas da PUCRS teve participação decisiva nos estudos que resultaram na nova vacina brasileira contra a dengue

O Hospital São Lucas da PUCRS (HSL PUCRS) teve papel fundamental no desenvolvimento da recém-aprovada vacina brasileira contra a dengue. A instituição foi um dos 14 centros de pesquisa do país responsáveis por conduzir etapas essenciais do estudo clínico coordenado pelo Instituto Butantan. Para o pesquisador responsável pelo estudo no HSL PUCRS, infectologista e diretor técnico do Hospital, Dr. Fabiano Ramos (foto acima), o impacto da chegada do imunizante é enorme. “A vacina vai ter um papel muito importante para o controle da doença na população brasileira. Não só para impedir casos sintomáticos, mas para prevenir quadros graves e tentar diminuir a mortalidade que vemos todos os anos”, avalia.


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A participação do hospital universitário da PUCRS foi especialmente relevante pela característica epidemiológica da região. “Nós éramos um dos 14 centros de pesquisa do Brasil, e isso foi fundamental especialmente no recrutamento de uma população que não tinha sido exposta à dengue. Até poucos anos atrás, Porto Alegre tinha um baixo contato com a doença”, explica Isabelli Guasso (foto abaixo), gerente de Estudos Clínicos em Infectologia do HSL PUCRS.

Isabelli Guasso

Acompanhamento de 850 voluntários ao longo de oito anos 

Desde 2016, o HSL PUCRS acompanhou 850 voluntários incluídos no estudo inicial da vacina. O monitoramento envolveu consultas presenciais, avaliações médicas, exames e contatos telefônicos periódicos para vigilância de segurança. “O acompanhamento seguiu um cronograma rígido definido pelo protocolo. Esse conjunto de ações assegurou o monitoramento adequado da segurança e do bem-estar dos participantes ao longo de todo o estudo”, explica Isabelli.


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Os desafios foram proporcionais à dimensão do projeto. “Em um estudo tão extenso, a retenção dos participantes é um grande desafio. Muitas pessoas mudam de endereço ou telefone ao longo dos anos, o que pode gerar perda de contato e impactar a integridade dos dados. Manter esse vínculo exigiu um esforço contínuo da equipe”, destaca.


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O estudo no HSL PUCRS foi concluído em 2025, com a quebra do cego — denominado momento em que os voluntários descobrem se receberam a vacina ou placebo — e com a vacinação de todos aqueles que estavam no grupo placebo.

Sobre a vacina aprovada pela Anvisa 

A nova vacina do Instituto Butantan foi aprovada pela Anvisa para uso em pessoas de 12 a 59 anos, faixa etária estabelecida com base nas evidências disponíveis até o momento. O Instituto poderá expandir esse perfil no futuro conforme novos estudos avancem. A expectativa é ampliar o acesso ao imunizante para a população em 2026, acompanhando a produção nacional.

Desenvolvida integralmente no país, a vacina é o primeiro imunizante contra a dengue produzido 100% no Brasil. Outro diferencial importante é a aplicação em dose única, o que facilita a adesão e favorece maior cobertura vacinal, especialmente quando comparada a outras opções mundiais que exigem duas doses ou reforços.


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“É uma proteção extremamente alta, especialmente para os pacientes que poderiam desenvolver dengue grave e morrer pela doença. As pessoas precisam entender que as vacinas previnem doença grave é para isso que elas são desenvolvidas”, reforça o Dr. Fabiano.

Impacto para o Rio Grande do Sul e para a saúde pública 

O avanço da vacinação tem relevância particular no cenário atual do Rio Grande do Sul. “Temos de encarar a dengue como uma doença endêmica no nosso Estado. Uma doença que nunca esteve na lembrança das pessoas. Acreditar que ela existe e que as medidas de prevenção devem ser contínuas é uma mudança de cultura muito importante para o povo gaúcho”, afirma Ramos.

Para a equipe que trabalhou diretamente nos estudos, o momento é histórico. “Foi extremamente emocionante, não apenas para mim, que estou no projeto desde 2016, mas para todos que contribuíram ao longo desses anos. Ver a vacina concluída e prestes a beneficiar a população representa um marco para os brasileiros, para nossa equipe e para o HSL”, destaca Isabelli.

Trajetória do HSL PUCRS em pesquisas de vacinas

Nos últimos anos, o Hospital São Lucas consolidou-se como referência nacional em pesquisa clínica, especialmente em estudos de imunizantes. O estudo da vacina da dengue, é um entre os mais de 250 realizados no CPC. Somente entre 2016 e 2023, mais de 2.800 voluntários participaram de pesquisas conduzidas na instituição:

Dengue – Butantan (2016)


COVID-19 / Coronavac (2020)


Influenza (2021)


Dengue fase II comparativa (Butantan x MSD) (2023).

VACINA DENGUE

Compromisso com ciência e pesquisa clínica 

Além de oferecer toda a infraestrutura necessária do Centro de Pesquisa Clínica, o HSL PUCRS também atuou de forma decisiva na divulgação do estudo e no acolhimento contínuo dos voluntários. “Durante toda a condução, nossas necessidades foram plenamente acolhidas pelo hospital, o que garantiu o bom andamento do estudo”, reforça Isabelli.

PESQUISA HSL PUCRS

Para o Dr. Fabiano, o esforço conjunto das equipes reafirma o papel do HSL PUCRS como centro estratégico de pesquisa no Brasil. “Foi um trabalho enorme, que acreditamos que vai mudar para melhor a vida da população”, finaliza.

Fotos: Alice D’Almeida (PUCRS), Giordano Toldo (PUCRS) e Renato Rodrigues (Comunicação Butantan).

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