Mundo | 6 de agosto de 2015

Nos EUA, grandes empresas começam a negociar diretamente com hospitais e deixam de fora operadoras

Maior influência sobre custos e qualidade assistencial
Nos EUA, grandes empresas começam a negociar diretamente com hospitais e deixam de fora operadoras

A fabricante de aviões Boeing oferecerá aos seus funcionários, em breve, mais opções de benefícios de saúde, negociados diretamente com os sistemas de saúde locais. A empresa usou essa estratégia pela primeira vez em Seattle, no ano passado, para controlar os custos nesta área.

A Boeing tem contratos diretos com a Roper St. Francis Health Alliance em Charleston (na Carolina do Sul, uma região importante para o negócio comercial da Boeing) e com o hospital geral Mercy em St. Louis. Como um sistema abrangente de saúde, Roper St. Francis tem diferentes departamentos e serviços para cobrir as principais necessidades de saúde dos funcionários da empresa aeronáutica.

Cerca de 19 mil trabalhadores da Boeing terão a opção de escolher novos modelos de planos de saúde para 2016, desenvolvidos sob medida para os funcionários. Além dos 30 mil funcionários localizados na cidade de Puget (já contemplados), dependentes e aposentados também estão inclusos nos benefícios sob contrato da Boeing, firmados de forma semelhante junto a outros sistemas de ACO – Accountable Care Organizations, ou organizações de cuidados responsáveis, como por exemplo a Providence-Swedish Health. As ACO´s são empresas formadas por médicos de cuidados primários e de especialidades, que necessariamente devem oferecer hospital em sua estrutura.

A Boeing é um dos grandes empregadores dos EUA que negociam diretamente com hospitais e grupos médicos para fornecer benefícios de saúde e serviços exclusivos para seus funcionários. A Intel Corp. (que tem mais de 45 mil funcionários) tem contratos diretos com o Presbyterian Healthcare Services no Novo México. A Lowe Corp. e o Wal-Mart também têm contratos especiais para cirurgias ortopédicas e cardíacas com determinados sistemas e redes prestadoras de serviços de saúde dos EUA.

A empresa conhecida por construir aviões acredita que expandir o uso de contratos diretos vai exercer maior influência sobre os custos e a qualidade assistencial dos serviços, de acordo com Jeff White, diretor de estratégia de saúde da empresa, em reportagem do portal Modern Healthcare. “Queremos fornecer esse programa para a maioria dos nossos funcionários”. A Boeing também tem funcionários em regiões como Los Angeles, Salt Lake City, Philadelphia, Houston, Washington DC, entre outras.

A expansão pretendida pela empresa vai depender do número de funcionários em cada mercado; a capacidade de desenvolver redes de sistemas de saúde adequados; e da capacidade da Boeing em contratar empresas para análise de dados e comunicação. Jeff White ressalta que a Boeing tem um importante trunfo de barganha. “Eu tenho algo para oferecer, que é o volume de pacientes”. Em contrapartida, os sistemas de saúde que firmam contratos com a Boeing devem concordar em alcançar metas de custo, qualidade e satisfação do paciente. O diretor da empresa não informou quais ofertas financeiras serão definidas para os sistemas de saúde.

Outras grandes empresas estão dando mais importância à negociação com operadoras, de acordo com executivos do sistema de saúde norte-americano. “Isso gera uma grande pressão na equação da negociação”, diz Joseph Gifford, CEO do sistema de saúde Providence-Swedish Health Alliance. “Trabalhar para a Boeing, para a Intel e para esses empregadores, realmente nos dá uma boa pressão para entender que estamos em uma séria e complexa indústria de serviços”, completa.

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