Médicos possuem papel fundamental na adesão de pacientes aos cuidados paliativos
Prática pode ajudar na diminuição de custos hospitalaresRotineiramente ouvimos pessoas dizendo que não querem passar os últimos dias de suas vidas em um hospital, preferindo morrer em casa com tratamentos pouco invasivos. Mas isso muitas vezes não acontece, mesmo que existam alternativas disponíveis para aqueles que enfrentam doenças terminais.
Um estudo do Hospital Brigham and Women (EUA) publicado na edição de junho da revista Health Affairs, afirma que os médicos têm forte influência sobre a decisão dos pacientes em aceitar os tratamentos paliativos, mas muitas vezes não se esforçam o suficiente para facilitar o acesso aos cuidados deste tipo.
Isso tem profundas implicações não apenas para os pacientes, mas para os cuidados médicos de forma mais ampla, já que os cuidados de fim de vida representam uma parte considerável de todos os gastos médicos.
“Para muitos pacientes, ninguém jamais se sentou com eles e falou sobre cuidados paliativos, ou ainda, ao invés de estar em um ventilador mecânico, estar em casa de repouso,” disse o investigador principal do estudo, Dr. Ziad Obermeyer, professor assistente de medicina de emergência e política de saúde na Harvard Medical School. “Como médicos, temos de ter essas conversas mais cedo.”
Liderada por Ziad Obermeyer, a equipe revisou informações sobre cerca de 199 mil pacientes (idade média de 78 anos) com câncer nos EUA que eram elegíveis para cuidados paliativos, por estarem em situação grave e na iminência de morte. As informações foram coletadas entre 2006 e 2011.
Dois terços dos pacientes optaram por cuidados paliativos, sendo que a maioria eram mulheres, brancas e com renda mais alta. Os pesquisadores descobriram que 27% dos pacientes eram mais propensos a se inscrever em cuidados paliativos se o seu médico já tivesse um considerável número de pacientes tratados desta forma.
No entanto, embora o estudo tenha encontrado uma associação entre o atendimento feito por um médico de cuidados paliativos e a escolha dos pacientes por esse tratamento, não foi possível comprovar a relação de causa e efeito. “Descobrimos que a visita ao médico é um indicador importante, mas não sabemos se esse paciente, sozinho, optaria pelo cuidado paliativo”, analisa o autor do estudo, Dr. Ziad Obermeyer. “Esta nova informação fornece um alvo de política clara para melhorar e promover a qualidade dos cuidados aos pacientes no final de suas vidas” acrescentou.
Dr. Lachlan Forrow, diretor de Ética e programas de cuidados paliativos na Beth Israel Deaconess Medical Center, disse que a maioria dos sistemas hospitalares são projetados para manter os tratamentos, tornando mais fácil para os médicos oferecerem novos testes ou medicamentos, ao invés de terem conversas – muitas vezes difíceis – sobre a morte. Igualmente, as seguradoras, observou Forrow, são mais propensas a pagar tratamentos do que indicar assistência paliativa.
Pesquisadores da Icahn School of Medicine at Mount Sinai, em Nova York, estudaram cerca de 1.000 pacientes em cinco hospitais norte-americanos e descobriram que os cuidados paliativos chegaram reduzir os custos hospitalares em cerca de 24%, em comparação com pacientes que receberam cuidados tradicionais, de acordo com matéria publicada no jornal Globe, dos EUA.
A definição de Cuidados Paliativos
Cuidados Paliativos foram definidos pela Organização Mundial de Saúde como uma abordagem ou tratamento que melhora a qualidade de vida de pacientes e familiares diante de doenças que ameacem a continuidade da vida. Para tanto, é necessário avaliar e controlar de forma impecável não somente a dor, mas, todos os sintomas de natureza física, social, emocional e espiritual.
Segundo o INCA – Instituto Nacional do Câncer, os princípios dos Cuidados Paliativos são:
-Fornecer alívio para dor e outros sintomas estressantes como astenia, anorexia, dispnéia e outras emergências oncológicas
-Reafirmar vida e a morte como processos naturais
-Integrar os aspectos psicológicos, sociais e espirituais ao aspecto clínico de cuidado do paciente
-Não apressar ou adiar a morte
-Oferecer um sistema de apoio para ajudar a família a lidar com a doença do paciente, em seu próprio ambiente
-Oferecer um sistema de suporte para ajudar os pacientes a viverem o mais ativamente possível até sua morte
-Usar uma abordagem interdisciplinar para acessar necessidades clínicas e psicossociais dos pacientes e suas famílias, incluindo aconselhamento e suporte ao luto