Tecnologia e Inovação | 3 de maio de 2013

Medicamentos “ensinam” o corpo a combater o câncer

Estudos com Nivolumab e Ipilimumab têm sido inovadores
Medicamentos ensinam o corpo a combater o câncer

Os avanços gerados pelo agente Nivolumab, um anticorpo monoclonal que age na proteína PD-1, foi um dos grandes destaques durante o congresso da American Association for Cancer Research, realizado no mês de abril em Washington (EUA). Estudos clínicos em três diferentes cânceres (melanoma, renal e de pulmão do tipo não pequenas células) vêm sendo realizados com resultados animadores.

Ao contrário dos quimioterápicos, a droga não atua no tumor, mas faz o próprio organismo se reativar para combater as células que estão se desenvolvendo desordenadamente. “Um benefício dessas novas pesquisas imunológicas é a memória. Os efeitos do tratamento têm uma perpetuação por muitos anos. A célula imune aprende a combater as células tumorais, e isso continua sendo estimulado mesmo após o término do tratamento”, explicou a Biomédica Carmela Nicolini, coordenadora de pesquisa clínica do Instituto do Câncer Mãe de Deus.

O foco da ação é o que o torna diferenciado. “A PDL-1 é uma proteína da célula tumoral, enquanto a PD-1 está presente na célula do sistema imune. Quando elas se ligam, o sistema imune acaba sendo desativado. O Nivolumab criou uma barreira para não ligar PD-1 e PDL-1, o que mantém o sistema imune em funcionamento e inativa o PDL-1, combatendo a célula tumoral”, esclarece Carmela. As pesquisas com este medicamento entram agora em FASE III, que precede a fase de autorização para comercialização.

A equipe do Mãe de Deus tem trabalhado em um medicamento chamado Ipilimumab (cujo nome comercial é Yervoy), já aprovado pela Anvisa, que age de forma semelhante ao Nivolumab. É uma droga imunológica, não quimioterápica, que estimula o combate à célula anormal sem gerar efeitos agressivos, como a queda de cabelo. A pesquisa, feita com 42 pessoas, foi positiva. “O melanoma metastático é uma doença bastante agressiva. Normalmente o paciente tem uma sobrevida curta, e com essa medicação tivemos pacientes com seguimento de 22 meses”, afirma Carmela.

A coordenadora de pesquisas clínicas ressalta as vantagens em relação à quimioterapia, que é mais agressiva. “Vamos ouvir falar muito desses marcadores. Usar nosso sistema imune é muito interessante, menos tóxico, com menos efeitos adversos. Ensinamos o sistema imune a enxergar as células tumorais”.

A pesquisadora ressalta que estudos com este medicamento, que pode ser um marco na luta contra o câncer, geram grandes expectativas. “Quando atingimos quatro, cinco meses de sobrevida do paciente, já é uma conquista grande. Mesmo tendo a redução total do tumor, acompanhamos quanto tempo o paciente fica sem tratamento. Vimos nestes estudos, que a doença continua diminuindo ou fica sem aparecer novamente por anos”.

O Centro de Pesquisa em Oncologia Clínica do Instituto do Câncer Mãe de Deus atua desde 1999, e desenvolve atualmente em torno de 15 estudos clínicos, em oncologia, hematologia e reumatologia. Com uma equipe interdisciplinar, os estudos nacionais e internacionais buscam facilitar o avanço cientifico no combate ao câncer e oferecer aos pacientes opções de tratamentos de ponta em oncologia.

biomedica Carmela Nicolini SSMD

 Biomédica Carmela Nicolini, do Centro de Pesquisa em Oncologia Clínica do Instituto do Câncer Mãe de Deus

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